Ainda me lembro, esta estudante. Estava pela terceira ou quarta série ginasial, 15 aos de idade. Sabe aquela patota de uns quatro ou cinco que ficavam jogando conversa fora, no pátio, nos intervalos das aulas? Pois é, numa dessas "patotas", eu estava lá. Ali tinha um cara e disse que na Holanda neguinho fumava maconha no meio da rua, no meio da praça. Disse que a civilização por lá era tão avançada que maconha era permitida em plena praça pública. Fiquei horrorizado com aquilo, achava assim um tanto demais para ...
Ainda na minha infância, lá naquele meu pequeno chão das minhas lembranças e saudades, vi a distância, nas festas de terreiro, um jogo de azar, ali conhecido como JOGO DE CAIPIRA. Sob o copo rolava um dado e na mesa um pano com a marcação quadriculada de um a seis. E a designação dos números, tanto no dado quanto na mesa, eram: az, duque, terno, quadra, quina e sena. Aquela jogatina marota em noite adentro nos terreiros de festas atraía os “jogadores” e outros viciados. E a jogatina, geralmente, ...
Nove da manhã. As pessoas estão naquela grande sala daquele banco. Aquele que na mídia aparece um cara montando (instalando) uma placa de publicidade e outro a distância, acompanhando, fazendo gestos e sinais indicativos pela melhor posição do quadro (da propaganda), uma mídia que, aliás, chamou a atenção das pessoas para a noção do equilíbrio, da boa apresentação e da qualidade. Essas coisas da mídia! Não digo o nome, claro, primeiro porque o jornal pode nem publicar; depois porque neste país dos danos morais", de repente, quem sabe, estarei atentando ...
Acabo de chegar da minha Baixada de origem onde estou nos últimos retoques da conclusão do MEMORIAL DE ANTÔNIO DE INEZ, uma obra a que edificamos para homenagear o pranto do nosso velho pai. Foram até aqui 25 viagens, em três anos e oito meses - uma tarefa que, em princípio, imaginava concluir em seis meses por três viagens. A obra, de "memorial" só tem o nome, feito de dedicação e boa vontade, desprendimento e, sobretudo, originalidade. Um horto florestal com dez mil metros quadrados, cercado, beneficiado com casa, portão temático, cacimbão, "Praça da Trilogia" (em ...
Em tempos de "secundário", quando eu estava de férias na casa paterna, era uma maratona de trabalho e peleja, atrás da outra. Dava um duro danado! O meu pai "não alisava". Estávamos hibernados há uns cinco dias e cinco noites na casa-de-farinha que lá chama-se "casa do forno", no meio do mato, em terras de Seu Emidinho longe de tudo e de todos, em pleno capoeirão, com acesso para o resto do mundo por uma fechada e esticada vereda de tiririca, cipós, tocos e raízes transpassadas. De outros viventes, ali ouviam-se somente os cantos dos inhambus e ...
O Professor LUIS DACTIVO BILIO BELLO, Catedrático em Direito Comercial, da antiga Faculdade de Direito, de São Luís - que depois integrou a Universidade Federal do Maranhão, onde eu tive a honra e a oportunidade de cursar, era um professor simplista que dava aulas com o livro aberto, ditava textos. Cioso pelo seu nome com todas as letras - LUIS DACTIVO BILIO BELLO, volta e meia, quando iniciava uma aula costumava dizer: "VAMOS NOS ABEBERAR" de assunto tal. O vocábulo "abeberar" nunca fez como não faz parte do meu vocabulário e por isso soava exótico mas, ainda ...
Hoje eu não escrevo. Indolente, a veia não pede, não quer. Por isso, hoje reproduzo apenas textos que os mandei para o Programa CLUBE DA SAUDADE - Mirante/AM, DOMINGOS, oito da manhã, na minha crônica PÁGINA DE SAUDADE. Um texto que se completa com a canção, como, aliás, bem assim tem sido ao meu estilo, na crônica do rádio.
VELHOS TEMPOS - BELOS DIAS! Hoje eu acordei lembrando daquele tempo, um velho tempo. Um tempo do qual, aliás, estou sempre revivendo, relembrando, reconstruindo na mente, costurando - aquele tempo. Tempo da minha juventude, ...
Lembra-se do Cleviegas?! Cleviegas era um cara que caminhava noutra direção, mas tinha a vocação e a invocação par ser "jornalista". Conversava com bêbados, drogados, prostitutas, embacadiços, gigolôs, cafetinas, garis e outros do ramo. Depois, no rádio, resolveu interpretar, comentar e opinar sobre letras de canções (músicas). Um dia ele me disse que queria mesmo era, numa matéria, espelhar e retratar a vida sofrida do seu lugar, da sua gente, do seu povo. Mostrar os arrozais no tempo do arroz, a quebra do coco, o pilão e a mão-de-pilão e sublinhar também a crua luta pelo "dicumê". ...
Viegas, Clemente Barros. (São Clemente papa e mártir). CLEMENTE vem do Almanaque de Bristol, antiga publicação do laboratório farmacêutico. Estudou as primeiras letras na escola da palmatória e dos joelhos ao chão, no sertão. Concluiu o curso primário (na terra natal), no tempo em que a escolaridade era levada a sério. Foi menino de recado e de mandado. Nos cursos Secundário e Técnico no internato da Escola Federal, onde ingressou via do “Exame de Admissão”. Cursou Direito, num tempo em que não havia celular, nem internet, nem FIES, nem as vantagens atuais. Não tinha livros, escrevia em papéis avulsos, taquigrafava as aulas ao verbo dos professores. Morou em casas de estudantes e cortiço, andava a pé, driblou o bonde, poucas roupas, curtiu a “Zona” e jamais dirá que “comeu o pão que o diabo amassou”. Trabalha desde os cinco anos, com intervalo dos onze aos vinte anos. Está na casa dos 73. Não brincou quando criança ou adolescente e na vida adulta tem três brinquedos que os leva a sério: 1 - Escreve a coluna CAMINHOS POR ONDE ANDEI; 2 - Escreve a crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, domingos, há mais de dez anos; 3 - Tem uma “rádio”, com antena de 300 mm de altura, 1.000 a 1500 mm de alcance, com dois ou três ouvintes que, como você vê, “um que pode ser você”. É o rastro e a sombra de si mesmo. É o filho que veio e os pais que se foram. Superou milhares de concorrentes para nascer. É mais um na multidão e considera-se a escrita certa por linhas tortas, na criação do CRIADOR. Cumprimenta os seus interlocutores com votos de “saúde”! E diz aos semelhantes todos os dias que “...a vida continua”. (•) Viegas questiona o social.
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