O Professor LUIS DACTIVO BILIO BELLO, Catedrático em Direito Comercial, da antiga Faculdade de Direito, de São Luís - que depois integrou a Universidade Federal do Maranhão, onde eu tive a honra e a oportunidade de cursar, era um professor simplista que dava aulas com o livro aberto, ditava textos. Cioso pelo seu nome com todas as letras - LUIS DACTIVO BILIO BELLO, volta e meia, quando iniciava uma aula costumava dizer: "VAMOS NOS ABEBERAR" de assunto tal. O vocábulo "abeberar" nunca fez como não faz parte do meu vocabulário e por isso soava exótico mas, ainda assim, de entender que sua tradução importa em: buscar conhecimento; aprender, chegar por perto; ficar à beira; beber da fonte. E, ao som desse "abeberar", mestre Luis Dactivo Bilio Bello seguia sua aula, cigarro ao dedo, cinzas ao chão, na sua simplicidade, único autor em livro aberto. Uma obra que, aliás, não existia na praça. Reinava sozinha.
E como a palavra "abeberar" implica em buscar sabedoria, numa fonte alheia, posso ver o quanto vivemos nos "abeberando" da fonte alheia, no dia a dia. Pensadores, filósofos, autores, pesquisadores, escritores, inventores, estão sempre se "abeberando" dos ensinamentos e pensamentos alheios, cujas anotações ganham segurança e confiança quando citada a fonte. Advogados no seu ofício, vivem se "abeberando" diuturnamente da citação de autores, transcrição de textos, além de julgamentos dos mais diversos tribunais.
Os Juízes, esses então lastreiam e estaqueiam suas sentenças abeberando-se de excertos de doutrinadores do mundo jurídico, bem como dos julgamentos dos nossos pretórios. De sua vez os Tribunais Pátrios, nos seus diversos escalões, também empolam seus acórdãos, arrimados em transcrições que fazem a jurisprudência que se constitui na massa corpórea do julgamento dos tribunais. E assim todos - desde o mais elementar educador até a última das estrelas do mundo literário, jurídico, científico e tecnológico, estão sempre se "ABEBERANDO" de outras fontes, para dar sustentação e credibilidade, ao quanto praticam.
Remeti-me no tempo ao mestre LUIS DACTIVO BILIO BELLO e, de resto a estas "catilinárias", porque recebi recente do advogado e amigo Dr. MIGUEL RODRIGUES, um texto desses que pululam pela internet, que resolvi transcrevê-lo à sombra destes... CAMINHOS. Daí porque vamos nos "abeberar" do pensamento alheio que, qual um grito, faço-o dele como se fora meu. Da lavra do General Paulo Chagas, do Exército do Brasil que o transcrevo integralmente, em itálico, como manda a ética em semelhante e presente situação.
A NOSSA LIBERDADE
Liberdade para quê? Liberdade para quem? Liberdade para roubar, matar, corromper, mentir, enganar, traficar e viciar? Liberdade para ladrões, assassinos, corruptos e corruptores, para mentirosos, traficantes, viciados e hipócritas? Falam de uma "noite" que durou 21 anos, enquanto fecham os olhos para a baderna, a roubalheira e o desmando que, à luz do dia, já dura 26!!! Fala-se muito em liberdade!!! Liberdade que se vê de dentro de casa, por detrás das grades de segurança, de dentro de carros blindados e dos vidros fumê!!
Mas, afinal, o que se vê?
Vê-se tiroteios, incompetência, corrupção, quadrilhas e quadrilheiros, guerra de gangues e traficantes, Polícia Pacificadora, Exército nos morros, negociação com bandidos, violência e muita hipocrisia. Olhando mais adiante, enxergamos assaltos, estupros, pedófilos, professores desmoralizados, ameaçados e mortos, vemos "bullying", conivência e mentiras, vemos crianças que matam, crianças drogadas, crianças famintas, crianças armadas, crianças arrastadas, crianças assassinadas.
Da janela dos apartamentos e nas telas das televisões vemos arrastões, bloqueios de ruas e estradas, terras invadidas, favelas atacadas, policiais bandidos e assaltos a mão armada. Vivemos em uma terra sem lei, assistimos a massacres, chacinas e sequestros. Uma terra em que a família não é valor, onde menores são explorados e violados por pais, parentes, amigos, patrícios e estrangeiros.
Mas, afinal, onde é que nós vivemos?
Vivemos no país da impunidade onde o crime compensa e o criminoso é conhecido, reconhecido, recompensado, indenizado e transformado em herói! Onde bandidos de todos os colarinhos fazem leis para si, organizam "mensalões" e vendem sentenças! Nesta terra, a propriedade alheia, a qualquer hora e em qualquer lugar, é tomada de seus donos, os bancos são assaltados e os caixas explodidos.
É aqui, na terra da "liberdade", que encontramos a "cracolândia" e a "robauto", "dominadas" e vigiadas pela polícia! Vivemos no país da censura velada, do "micro-ondas", dos toques de recolher, da lei do silêncio e da convivência pacífica do contraventor e com o homem da lei. País onde bandidos comandam o crime e a vida de dentro das prisões, onde fazendas são invadidas, lavouras destruídas e o gado dizimado, sem contar quando destroem pesquisas cientificas de anos, irrecuperáveis!
Mas, afinal, de quem é a liberdade que se vê ?!?! Nossa, que somos prisioneiros do medo e reféns da impunidade ou da bandidagem organizada e institucionalizada que a controla? Afinal, aqueles da escuridão eram "anos de chumbo" ou anos de paz? E estes em que vivemos, são anos de liberdade ou de compensação do crime, do desmando e da desordem? Quanta falsidade, quanta mentira quanta canalhice ainda teremos que suportar, sentir e sofrer, até que a indignação nos traga de volta a vergonha, a autoestima e a própria dignidade? Quando será que nós, homens e mulheres de bem, teremos ou traremos de volta nossa liberdade?
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* Viegas é advogado e questiona o social.
Edição Nº 14765
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