Longe se vão os anos cinquenta e a "Escola Sertãozinho" era um celeiro de ensino ao som da palmatória - herança do antiquado e rude sistema de aprendizagem colonial. Ali sim: "escreveu não leu, pau comeu". Aprende-se a ler, a escrever um pouco e "fazer contas". O estudo começava às sete e meia da manhã e prolongava-se até às onze e meia, meio dia, avaliado pelo sol. E era - vênia em memória - como se um coaxar de sapos na lagoa. Quem passava a mais de cem metros podia ouvir a turma "estudando". Os mais diversos ...
Lugarzinho pequeno, fim do mundo, lá onde o vento faz a curva. Um povoado aqui outro acolá, casas distantes, num tempo de lamparina e pé no chão. De tempos em tempos uma festança fosse em boi de matraca; fosse em arrasta-pé desses que “atravessa noite inteira, até de manhã”, com Zé do Bule na rabeca e João Furtado na Bateria e João de Libanha no pandeiro. Pinga rolando, conhaque de alcatrão, uma “meladinha” (conhaque com mel) e por vezes cerveja quente ou um guaraná que era para “se amostrar”. O dono dessa festança, tinha porém um ...
Senhor Editor: Cumprimento-o com as minhas cordiais saudações, oportunidade em que reitero o meu apreço e satisfação pelo restabelecimento de tua saúde e faço votos de que sigamos em saúde, vida longa e paz no coração nesta caminhada sobre a face do chão: você no teu ministério jornalístico e eu nestes... CAMINHOS POR ONDE ANDEI. Pelo fato de que em duas recentes e alternadas edições, tenho faltado aos meus compromissos nestes CAMINHOS junto a esse jornal, em ato de justificação, pretendia abrir esta edição com o título "NÃO APRENDI A FALTAR". Todavia, mudando o rótulo do ...
Faz anos, escrevi nestas colunas "O Jipe de Chiquitinho e a Saga de Mãe Carolina". E o tema, como demais outros, foi-se ao vento. O mundo deu voltas e, não sei por quantas cargas d'água, o texto acabou parando nas mãos de um filho do velho Chiquitinho e daí para o resto da família. Agora mediante expediente a mim endereçado, tomo conhecimento de que o tema irá compor um livro que a família escreve, em memória, dos "CEM ANOS DE UM LUTADOR". E me pede licença para a publicação ...
Aprendi, nos embates da vida, que "nunca é tarde para ser feliz". Tive a intenção de mandar o/s textos/s abaixo, justo para o dia DIA DAS MÃES (domingo passado) mas... por um ledo equívoco, deixei de enviar. E, como "nunca é tarde para ser feliz", sai agora.
ERA DIA DAS MÃES
AMANHÃ, segunda-segunda feira de maio, completo exatos quarenta (quarenta) anos de céu, ar e chão em Imperatriz. E digo aos meus pares que viver aqui por quarenta anos, para mim, é diploma, é "caneco", é honra, é joelho ao chão ...
Ainda era manhã daquele feriado em meio de semana. A nossa eclética, promíscua e "cartão-postal" Beira Rio ainda respirava o lusco-fusco da manhã, debaixo de uma névoa que se espraiava sobre o nosso majestoso e queridíssimo rio Tocantins dando uma sensação do encontro da madrugada com o amanhecer do dia - numa presença viva do natural que se misturava com a artificial ao redor. E mais adiante, aquela restança de zoeira da noite anterior, em meio a trôpegos e notívagos que se esbaldam e vadiam em inverno e verão, ocupados e preocupados que a cerveja e ...
Na edição de domingo passado, publiquei neste espaço, a meu modo uma "ode" - qual um hino - uma declaração de amor à JOVEM GUARDA, esse movimento musical que marcou a juventude da juventude do meu tempo. Achei pouco e resolvi "remasterizar o texto", dizer mais e rasgar os meus segredos que os publiquei no programa CLUBE DA SAUDADE (Mirante/AM, oito em ponto de domingo) no espaço cativo em que assino a PÁGINA DE SAUDADE, com o "TEMA PARA A JOVEM GUARDA". E então, vamos nessa. "Hoje, mais uma vez, o instinto e a razão me ...
Lição da vida me ensina que "quem mais faz menos merece"; vejo também que "uns fazem e outros merecem". É como temos visto por aí. Digo assim para lembrar JOSÉ PEREIRA DE OLIVEIRA, o VELHO OLIVEIRA. Velho Oliveira era um Pernambucano, chegou por aqui em meados da década de 50. Teve família e fihos mas divergiu dos seus. Plantava no seu ofício de "calheiro" - de fazer calhas de zinco para os telhados desta velha cidade. Ao que se tem notícia era sozinho, na terceira idade. Exercia o seu ofício, no puro artesanato, no ferro frio, no ...
Viegas, Clemente Barros. (São Clemente papa e mártir). CLEMENTE vem do Almanaque de Bristol, antiga publicação do laboratório farmacêutico. Estudou as primeiras letras na escola da palmatória e dos joelhos ao chão, no sertão. Concluiu o curso primário (na terra natal), no tempo em que a escolaridade era levada a sério. Foi menino de recado e de mandado. Nos cursos Secundário e Técnico no internato da Escola Federal, onde ingressou via do “Exame de Admissão”. Cursou Direito, num tempo em que não havia celular, nem internet, nem FIES, nem as vantagens atuais. Não tinha livros, escrevia em papéis avulsos, taquigrafava as aulas ao verbo dos professores. Morou em casas de estudantes e cortiço, andava a pé, driblou o bonde, poucas roupas, curtiu a “Zona” e jamais dirá que “comeu o pão que o diabo amassou”. Trabalha desde os cinco anos, com intervalo dos onze aos vinte anos. Está na casa dos 73. Não brincou quando criança ou adolescente e na vida adulta tem três brinquedos que os leva a sério: 1 - Escreve a coluna CAMINHOS POR ONDE ANDEI; 2 - Escreve a crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, domingos, há mais de dez anos; 3 - Tem uma “rádio”, com antena de 300 mm de altura, 1.000 a 1500 mm de alcance, com dois ou três ouvintes que, como você vê, “um que pode ser você”. É o rastro e a sombra de si mesmo. É o filho que veio e os pais que se foram. Superou milhares de concorrentes para nascer. É mais um na multidão e considera-se a escrita certa por linhas tortas, na criação do CRIADOR. Cumprimenta os seus interlocutores com votos de “saúde”! E diz aos semelhantes todos os dias que “...a vida continua”. (•) Viegas questiona o social.
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