Clemente Viegas

Clemente Viegas

CAMINHOS POR ONDE ANDEI

CAMBISTAS...
Era 1.973. Isto aqui era um “garimpo” e tanto. Um poeirão nos ares; explosão de crescimento e progresso. Serrarias, usinas, arroz do Trecho Seco, da Cida, de tudo enquanto é canto. Toras de madeira misturadas com gente sobre o caminhão madeireiro. Dinheiro rolando, gente chegando e todo mundo ganhando. A pistoleirada tinha nome, sobrenome, CPF e endereço. Uns que vestiam-se de negro e usavam botas, cinto e chapéu de caubói. Trezoitão? Era só apalpar.
A esse tempo Loterias Estadual e Federal, carnê do Baú e o Jogo do Bicho, assim como taxistas, faziam a festa. ...

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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

Não! Hoje, não! Hoje não escrevo uma única linha. Qual um barco à deriva, desço irresponsável o banzeiro das águas do rio e sirvo-me de dois textos para esta lacuna, quer dizer, para esta coluna: o primeiro que o fiz para a minha crônica mais-que-cativa (8 anos), domingos, oito da manhã, Mirante AM, em “PÁGINA DE SAUDADE”; o segundo que, em verbo próprio, faço para NOTÍCIAS + em TEMA LIVRE, TV Band, quintas-feiras, sete e meia da manhã. Ou como diz a canção de Timóteo: “... deixe para outro dia, sim / porém hoje não”. Afinal, com duas ...

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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

FESTA NO INTERIOR

O meu pai era um garanhão terrível e incorrigível. Nessa postura, cedo “dava corda” aos filhos para que... também... entrassem na dança. Sempre que eu chegava de férias na casa paterna tinha uma festa de arraial: baile, bumba-boi, festa de santo, novena. Naquelas férias, havia uma “boiada” na casa de Generosa, uma “fazendeira de boi”, no lugar chamado Conserva, distante uns seis quilômetros. E lá vou eu, ainda na tarde, em pé no chão.
Sabia, no entanto, que naquele lugar existia um homem chamado BUBUTE. Bubute era “o cão pendurado numa vara”, ...

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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

IMPERATRIZ: UM CHÃO DE TODOS NÓS
Maio de 1.973. Manhã de uma segunda-feira. O Dia das Mães “foi ontem”. Foi quando, quase do nada, cheguei a esta cidade. Faz quarenta e dois anos. Isto aqui, naquela época, tinha uma aura de garimpo. Gente chegada e chegando de vários cantos do Brasil e do mundo. Gringos, carcamanos e outros estrangeiros – todo o mundo buscando e tentando esse “garimpo” e oásis chamado Imperatriz. Ônibus, ao que me lembro, chegaram depois uns dois ou três, precários, que faziam a linha Entroncamento/Beira Rio e vice-versa.
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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

Ouço, com muita insistência, queixumes das pessoas sobre a "criação" dos filhos, hoje em dia. A gritaria é geral. Reclamam que não pode castigar, que moleque faz o que quer, que os fedelhos trazem "namoradas e namorados" para dentro do quarto junto a pai e mãe e que filho não obedece aos pais. E chiam barbaridade contra a lei que vem a ser o Estatuto da Criança e do Adolescente. "Não pode, tá errado, tá tudo errado e o resultado é isso que se vê: moleques matando, roubando, assaltando. E quando vai preso ainda ganha um refresco, um ...

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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

MERCADINHO, “PÉ INCHADO” E PESADELO

Era ainda cedo da manhã de um dia de sol quando fui ao Mercadinho - porque levantar cedo e cuidar cedo dos deveres é uma rotina que carrego de criança até aqui, de segunda a domingo; de domingo a segunda. Afinal como diz um velha lição de que faço princípio de vida: “cada qual para o que nasce, cada qual para o que nasceu”. Esse mesmo “levantar cedo” que me guiou a ter MÃOS LIMPAS.
Fui ao Mercadinho, jungido pelos ossos do ofício, à procura de testemunhas, em face de ...

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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

A arte de escrever  é um ofício acre-doce. Opinião  pessoal. Tantas vezes uma   inspiração, uma espontaneidade, uma fonte que brota; por vezes remar contra a correnteza, tirar leite das pedras, dar murro em ponta de faca. Eu, aos 70, então, vivo essa “bipolaridade”. Dia desses eu no Mercadinho e, de repente, quando dei por mim estava juntando cacos, recolhendo farrapos e enchendo o bisaco com nuances do social. O social excluído, jogado ao chão, cachaça na cabeça e na mão. 
E eu que “escrevo na mente”, um exercício que pratico diariamente, já saí “escrevendo”. Mas... na ...

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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

“ASSIM COMO SÃO AS PESSOAS SÃO AS CRIATURAS”
 
Havia um tempo e nos para-choques dos caminhões jaziam frases que despertavam a nossa curiosidade, o nosso imaginário, a nossa reflexão. O polêmico Flávio Cavalcante com o seu homônimo programa de TV chegou a convidar, no ar, no seu programa “Boa Noite Brasil”,  um caminhoneiro  por conta de uma dessas frases encontradas por acaso no para-choque de um carro que seguia à sua frente. Hoje não se faz nem caminhões, nem para-choque nem frases como antigamente. Sim, porque como aqui tenho dito: “Para tudo na ...

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Clemente Viegas

Viegas, Clemente Barros. (São Clemente papa e mártir). CLEMENTE vem do Almanaque de Bristol, antiga publicação do laboratório farmacêutico. Estudou as primeiras letras na escola da palmatória e dos joelhos ao chão, no sertão. Concluiu o curso primário (na terra natal), no tempo em que a escolaridade era levada a sério. Foi menino de recado e de mandado. Nos cursos Secundário e Técnico no internato da Escola Federal, onde ingressou via do “Exame de Admissão”. Cursou Direito, num tempo em que não havia celular, nem internet, nem FIES, nem as vantagens atuais. Não tinha livros, escrevia em papéis avulsos, taquigrafava as aulas ao verbo dos professores. Morou em casas de estudantes e cortiço, andava a pé, driblou o bonde, poucas roupas, curtiu a “Zona” e jamais dirá que “comeu o pão que o diabo amassou”. Trabalha desde os cinco anos, com intervalo dos onze aos vinte anos. Está na casa dos 73. Não brincou quando criança ou adolescente e na vida adulta tem três brinquedos que os leva a sério: 1 - Escreve a coluna CAMINHOS POR ONDE ANDEI; 2 - Escreve a crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, domingos, há mais de dez anos; 3 - Tem uma “rádio”, com antena de 300 mm de altura, 1.000 a 1500 mm de alcance, com dois ou três ouvintes que, como você vê, “um que pode ser você”. É o rastro e a sombra de si mesmo. É o filho que veio e os pais que se foram. Superou milhares de concorrentes para nascer. É mais um na multidão e considera-se a escrita certa por linhas tortas, na criação do CRIADOR. Cumprimenta os seus interlocutores com votos de “saúde”! E diz aos semelhantes todos os dias que “...a vida continua”. (•) Viegas questiona o social. e-mail: viegas.adv@ig.com.br