Não! Hoje, não! Hoje não escrevo uma única linha. Qual um barco à deriva, desço irresponsável o banzeiro das águas do rio e sirvo-me de dois textos para esta lacuna, quer dizer, para esta coluna: o primeiro que o fiz para a minha crônica mais-que-cativa (8 anos), domingos, oito da manhã, Mirante AM, em “PÁGINA DE SAUDADE”; o segundo que, em verbo próprio, faço para NOTÍCIAS + em TEMA LIVRE, TV Band, quintas-feiras, sete e meia da manhã. Ou como diz a canção de Timóteo: “... deixe para outro dia, sim / porém hoje não”. Afinal, com duas defesas criminais na semana e na espinha, estou só o “endereço”. Ninguém é de ferro.

A VIRGINDADE ATRAVÉS DOS TEMPOS (Mirante/AM)
Havia um tempo e a virgindade era como um templo sagrado que a jovem moça guardava consigo, como um selo áureo e consagrado, destinado a selar o destino e o passaporte rumo ao casamento. Era um tempo em que a virgindade tinha significado, razão e solidez para atestar a dignidade, a honradez, a inviolabilidade da mulher a ser desposada.
Mas esse tempo já era! Hoje, a gente olha no tempo e lembra as cercas, crendices, as barreiras e o costume de um velho tempo. Um tempo que enfim é o PASSADO, ultrapassado. – qual uma névoa, pelo vento levada. Uma postura que nada mais tem a ver com a realidade do agora nosso tempo. Vejo, então, o quanto o mundo dá voltas...
E se outrora a virgindade era um tesouro, guardado a sete chaves como moedas de ouro, hoje a virgindade é uma moeda em desuso, vencida e sem valor. E se outrora a virgindade era uma honra, dignidade, atestado de castidade, que enfeitiçava mancebos e pretendentes e até seus familiares e parentes - algo com um “fetiche” - hoje ninguém mais liga pra isso, nem está mais interessado nisso – por isso agora é quase nada, pouco vale ou não vale nada. E é só isso.
Casamentos que se desmancharam porque a moça não era mais moça!!! Outros que não e realizaram, que se frustraram porque a moça não era mais moça!!! Enrustições, segredos, enganos e desenganos em “capa de moça”. Ilusões e desilusões porque sem virgindade, até parece que se abatera a maldição, a eterna perversidade. Era como se o mundo tivesse se acabado à sua porta. Portas que se fechavam, esperanças que desaguavam. E hoje quem mais liga para isso? Quem está pensando nisso?  Quem ainda cuida disso? Até porque isso nada mais representa nem significa aquela pílula dourada que se perdeu na enxurrada destes tempos em que a vulgaridade se espraia sobre a gente e a banalidade que vendem para a gente.
Aliás, que nem que teria que ser diferente, pois que um simples selo, seja no verso ou na frente, não vai alterar o estradão que é a vida em tantos anos e mais anos que um casal tem pela frente. O que importa não é a sombra, mas a realidade!!! É a conduta, a integridade, a honradez, a honestidade, a fidelidade. Isso é o que importa e toda a sobra é só um passado. É como escrevo e leio, hoje... esta página de SAUDADE...

AS COLUNAS DA JUSTIÇA (TV Band)
Passava eu, faz tempo, por um prédio da justiça (o Fórum de Justiça) e refletia no meu silêncio sobre a importância, o significado daquele casario, a serviço do judiciário, do direito e do cumprimento da lei. E logo imaginei que por entre aquelas colunas, sobre a face do chão; e entre os umbrais daquelas portas e portais estavam (e estão) a sustentação, o equilíbrio do povo; o peso da lei e a força soberana da JUSTIÇA.
Pois é ali em que tramitam as petições, os pareceres e as sentenças de PRISÃO E LIBERDADE; é ali onde se decide sobre os rumos da saúde, da vida, dos crimes e dos criminosos; onde se decidem indenizações, pensões de alimentos, paternidade, herança, divórcio. É ali onde se decide sobre a posse e a propriedade o débito e o crédito; como também se decide sobre a INOCÊNCIA, a CULPA, a ABSOLVIÇÃO e a CONDENAÇÃO.  Enfim: é nos escaninhos, isto é, nos gabinetes das repartições das CASAS DE JUSTIÇA, onde são decididos os destinos das pessoas – dos mortais sobre a face do chão. Enfim, era eu ali pensando e falando com as paredes, com o vento e com os meus botões.
Tempos depois, porém, nesse mesmo casario da JUSTIÇA, onde um dia da janela eu me apanhei pensando nela e revirando o meu juízo sobre ela, por ali eu via um cidadão (digamos um cidadão). Não era juiz... nem advogado... nem escrivão nem promotor... Mas uma espécie de “corretor”. Esse homem exercia como que um poder sobre  as coisas da justiça: interferia, manipulava, “conseguia”, comprava e vendia. Enfim, fazia suas estrepolias, na manha e na artimanha, dentro e fora e através da CASA DA JUSTIÇA.
Olhando essa quadro, imaginei então que a CASA DA JUSTIÇA (no Brasil), onde há que reinar o direito, a lei, a equidade, a razão, a serenidade, a imparcialidade e a JUSTIÇA – por entre aquelas colunas e calhamaços de papel e pessoas que dali sobrevivem à custa da burocracia e dos elos quebrados, também pode haver uma SOMBRA! Uma sombra que movimenta interesses; que manipula resultados; que consegue favores; que passa na frente dos outros; que rouba o direito alheio; que desvirtua a justiça. Que fere a dignidade do judiciário.
Estão aí os jornais, a imprensa, a televisão e, sobretudo, a VIDA REAL – OS FATOS DA VIDA REAL que volta e meia mostram as feridas, as mazelas, as rachaduras e as sombras que produzem as COLUNAS DA JUSTIÇA.