Clemente Viegas

Clemente Viegas

CAMINHOS POR ONDE ANDEI

“QUALHIRAGEM”

Rola naquele meu chão da Baixada a lenda do “Poção” que sempre se espalhou pelas mais idiotas versões. Numa delas vem um avião lá em cima, na altura e ronca: hoooooooooonnn, mas quando é na vez de passar sobre o “pução”, que é um lago da cidade, aí o avião desmunheca: hin-hin-hin-hin-hin. Diferente não é a lancha. Vem de longe e ronca: hoooooooooonnn e quando vai chegando perto “poção”, que é a cidade, cai de quatro e hiiiiiiiiiiiiiiinnn. E as versões se multiplicam e se perpetuam, cada um conta como quer para no final arrematar: ...

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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

LENDAS RURAIS

Partindo do princípio de que existem as chamadas “lendas urbanas”, faz dias que fico retorcendo na mente a ideia de escrever um texto abordando sobre “lendas rurais”. E então, nas noites acordadas, ponho-me a “escrever” na mente qual um desenhista sobre a prancheta, mas o quanto vou desenhando, ao final não me agrada.

E eu, filho do mato e da roça, criado em um meio de crendices, “currupiro”, “labisonho”, “visagem”, “curacanga” e tantos outros e que na trajetória do tempo, ora me descabelei sob elas, ora escrevi sobre as mesmas, agora tento ...

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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

Já me disseram, entre outros adjetivos, que os meus textos têm cara de novela das sete. Não me regozijei nem me iludi – pois que disso eu já desconfiava. Então você, meu caro leitor, é quem vai avaliar se isto aqui “tem cara de novela das sete” (uma ficção) ou... se reflete a realidade.

MORTE E VIDA, OZEBINHA

Diz o ditério que “cada terra tem seu uso / cada povo tem o seu fuso”. De fato: cada povo sem seu fuso. Volto então ao lugar de onde eu venho, nos idos da minha infância. ...

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VIDA REAL: “no supermercado”

Tenho observado de soslaio e involuntariamente  que  o supermercado é um terreiro para encontros e desencontros. Ali acontecem incidentes em família, divergência,  namoro, olhares, fingimento, censura, exposição, vaidades, esquisitices e outros entrelaces e desenlaces que a vida nos reserva nas mais diversas dimensões. E aqui a gente entra num “pau de arara” no estradão da vida e lá vamos nós nessa viagem...
Encontro um ex-vizinho que recorda-se de mil e um detalhes a meu respeito. E eu: eh... eh... eh..., não me lembrava de absolutamente nada. ...

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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

A SAGA DO MEU VELHO PAI
(e a escolaridade dos filhos)

Ainda nos tempos de capina e coivara eu ouvia as declarações do meu pai: “quando me casei com a tua mãe só tinha o dia, a noite e o caminho pra andar”. Numa dessas meu pai mostrava suas vantagens na vida: agora tinha um cavalo de cangalha, um burrico, um arreio-de-sela; uma casa de taipa-e-palha, uma posse de terras; tinha uma pistola (mauser) enferrujada que era o seu fetiche e objeto de estimação, tinha um luzidio dente de ouro, um charme que não era ...

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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

Os textos abaixo são crias das minhas participações no rádio. O primeiro como um “lamento” pela despedida do PROGRAMA A NOITE É NOSSA, do amigo SITÔNIO SILVA; o segundo é uma onda nostálgica dos meus tempos de São Luís, na minha crônica PÁGINA DE SAUDADE, para o programa CLUBE DA SAUDADE, Mirante/AM, domingo, oito da manhã.

CARTA ABERTA A SITÔNIO SILVA

(PROGRAMA “A NOITE É NOSSA”)

- Meu caro Sitônio Silva, sirvo-me destas minhas cordiais saudações.
Longe se vai o tempo, em que o conheci ali na esquina do Armazém, na ...

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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

JOVEM GUARDA!

Corria o ano de 1965. O Regime Militar estava com a corda solta e a todo o vapor. Bem ali era um divisor da história e da política brasileira. A democracia no Brasil enfrentava e vivia uma nova página. Gente presa, políticos cassados e perseguidos. Mães que viviam à procura dos seus. Vivia-se um tempo de incertezas e de um céu nevoento. Era o Brasil iniciando um período que durou 20 anos e que se chamou de “Revolução de 64”.
Foi exatamente ao calor desse vapor que nasceu um programa de televisão, nas ...

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CAMINHOS POR ONDE ANDEI

“CADA QUAL PARA O QUE NASCE...”
 
A vida me ensina que “cada qual para o que nasce...”. Faz anos, ali pela Rua Godofredo Viana, conheci uma figura.  Embora conhecendo-o por tantos anos e mais anos, nem mesmo sabia do seu nome. A vida tem dessas coisas. E só recentemente vim a saber o seu nome: FERNANDO!
Fernando, a esse tempo, exercia uma declarada vocação para “guarda de trânsito”. Vestia-se regularmente, postava-se numa esquina a que escolhesse e dava as ordens no trânsito. Mandava parar, mandava passar. Interrompia. Determinava. Sempre de apito ...

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Clemente Viegas

Viegas, Clemente Barros. (São Clemente papa e mártir). CLEMENTE vem do Almanaque de Bristol, antiga publicação do laboratório farmacêutico. Estudou as primeiras letras na escola da palmatória e dos joelhos ao chão, no sertão. Concluiu o curso primário (na terra natal), no tempo em que a escolaridade era levada a sério. Foi menino de recado e de mandado. Nos cursos Secundário e Técnico no internato da Escola Federal, onde ingressou via do “Exame de Admissão”. Cursou Direito, num tempo em que não havia celular, nem internet, nem FIES, nem as vantagens atuais. Não tinha livros, escrevia em papéis avulsos, taquigrafava as aulas ao verbo dos professores. Morou em casas de estudantes e cortiço, andava a pé, driblou o bonde, poucas roupas, curtiu a “Zona” e jamais dirá que “comeu o pão que o diabo amassou”. Trabalha desde os cinco anos, com intervalo dos onze aos vinte anos. Está na casa dos 73. Não brincou quando criança ou adolescente e na vida adulta tem três brinquedos que os leva a sério: 1 - Escreve a coluna CAMINHOS POR ONDE ANDEI; 2 - Escreve a crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, domingos, há mais de dez anos; 3 - Tem uma “rádio”, com antena de 300 mm de altura, 1.000 a 1500 mm de alcance, com dois ou três ouvintes que, como você vê, “um que pode ser você”. É o rastro e a sombra de si mesmo. É o filho que veio e os pais que se foram. Superou milhares de concorrentes para nascer. É mais um na multidão e considera-se a escrita certa por linhas tortas, na criação do CRIADOR. Cumprimenta os seus interlocutores com votos de “saúde”! E diz aos semelhantes todos os dias que “...a vida continua”. (•) Viegas questiona o social. e-mail: viegas.adv@ig.com.br