Crônica da Cidade

Crônica da Cidade

Sessão Funerária

Aureliano Neto*


Câmara Municipal de Imperatriz. Dia 19 de fevereiro do ano de 2013. Ano da graça do Nosso Senhor Jesus Cristo. O debate entre os nossos valorosos edis desta cidade do Frei Manoel Procópio, fundada às margens do Tocantins, estava intenso e mesmo de relevante e motivado acirramento. O assunto não é era cobrança do IPTU, até porque, disse alguém entendido em tributos, é inevitável pagar-se, quer se queira ou não. O município todo ano não deixa por menos: cobra com a veemência do seu poder de força esse famigerado imposto, ...

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Felicidade

Aureliano Neto

Quando penso em felicidade, vem-me à memória um amigo que ficou lá bem atrás e só recentemente vim a encontrá-lo. Morávamos num bairro, banhado pela maré, que, de lua cheia, avançava vindo alcançar o início da rua principal, que dava acesso a outras vias laterais. Esse amigo vivia a felicidade da palafita. Não sei se ele era verdadeiramente feliz, por morar numa casa de madeira, coberta de palha e construída suspensa sobre as águas turvas da maré. Mas não o via triste. Estava sempre disposto a tudo, extravasando alegria num riso aberto, ...

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STJ: Pagamento por Cartão de Crédito

Aureliano Neto*

Não sei se já tratei deste assunto. Se o fiz, repito-o, por não ser de nada enfadonho. Ao contrário, é de alguma relevância, por conter uma situação que faz parte do nosso dia a dia, já que o uso da moeda forçada (o dinheiro) está perdendo espaço para o dinheiro plástico, e, atualmente, para o pagamento feito através do sistema virtual da internet. Pois bem. Em julgamento do Recurso Especial n.º 1.133.410-RS, a Terceira Turma do STJ, tendo como relator o Ministro Massami Uyeda, em decisão unânime, a respeito de disputa envolvendo ...

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Morreu Maria, sem Carnaval

Aureliano Neto*

Estava lá ela inerte no chão. O corpo de lado. Nem em decúbito dorsal e muito menos em ventral. Um tanto de lado, quase lateral, sobre o braço direito. Mais acima, na parte da cabeça postada sobre vastos cabelos pretos, uma padiola, dessas de alguma ambulância, que sai por aí, com sirene ligada, para prestar assistência. Um homem de luva branca fitava o corpo inerte. Em volta, algumas pessoas. Curiosos, penso, a se olharem e a conversarem entre si. Desses que querem saber o que foi e como foi, e sentem o ...

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O Poeta Zeca Tocantins

Aureliano Neto*

Imperatriz tem grandes poetas. Mas, o mais importante, Imperatriz tem um grande poeta: Zeca Tocantins. Sempre considerei a poesia de Zeca Tocantins muito forte. Porque muito lírica. Porque muita telúrica. Porque muito humana. Porque essencialmente poesia, sem o rebuscamento de uma linguagem metida a besta. Nada disso. Zeca Tocantins é um poeta que diz tudo aquilo que lhe vai nalma. Não apenas em sua alma, ao tirar de dentro de si toda a essência do seu discurso, que também é nosso. Zeca expurga da alma o que está nalma de todos nós. ...

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Televisão em Sala de Espera

Aureliano Neto*

Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, criador do Festival de Besteiras que Assola o País, FEBEABÁ, e também "As Certinhas do Lalau", cunhou a frase de que televisão é a máquina de fazer doido. Os tempos passaram. Sérgio Porto há muito nos deixou, e com ele se foi toda a alegria de acompanhar as peripécias de seus personagens, como tia Zulmira e primo Altamirando, mas, sem nenhuma dúvida, a televisão continua sendo, quem sabe em grau mais elevado, essa mesma máquina de criar malucos. Bem, o fato é que, se não fabrica ...

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Aniversário

Aureliano Neto*

Os aniversários eram assim: acordávamos ao som da música tradicional dos parabéns pra você. Muito cedo, o som alegre dessa canção atravessava toda a casa, indo até o fim do quintal, pulando a cerca de varas e estacas, e, daí em diante, se propagava pela vizinhança inteira. Todos sabiam que alguém aniversariava naquela casa. De véspera, havia o preparo dos doces, da comida para o almoço, alguma coisa especial, sem faltar a galinha assada e guisada, e o armazenamento no gelo das bebidas, refrigerantes, sucos, alguns vinhos e cervejas. Durante todo o ...

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As Coisas Continuam como Dantes

Aureliano Neto*

Quando Millôr Fernandes morreu, as revistas semanárias publicaram farto material ao seu respeito. E não deixaram de referir-se às suas perspicazes e inteligentes citações, que foram produzidas no curso de toda a sua vida. Numa delas, Millôr dizia que a morte é compulsória, a vida não, ou, ainda, a esperança é a última que mata. Como não dispensava os políticos da sua verve satírica, afirmou que o político é um gaiato que prefere a versão ao fato. E ainda: o adultério é o mercado negro do orgasmo; "meu bem" é o nome ...

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