Os construtores do liberalismo e os iluministas (Locke, in: Segundo tratado sobre o governo civil; Montesquieu, in: Do espírito das leis; Rousseau, in: Do contrato social; ou, ainda, More, in: Utopia e Tocqueville, in: A democracia na América) devem estar se retorcendo em seus túmulos, pedindo ao Todo Poderoso explicação para esta distopia. E, ao mesmo tempo, sem uma resposta imediata, refletem e lamentam entre si: - Tantas lutas, tantas reflexões, tantos estudos, enfim tantos sacrifícios históricos, tudo em vão. E aí acentuam um esgar rodrigueano, buscando consolo no axioma popular: - Nadamos, nadamos e morremos na praia. ...
Ainda bem que não estamos na era vitoriana, período da história inglesa, em que ocorreram grandes transformações sociais, econômicas e culturais, e no qual o romancista Robert Louis Stevenson situou toda a narrativa da sua consagrada obra O médico e o monstro, cujos personagens principais são o ilustre e aristocrático medico Dr. Henry Jekill e o seu alter ego, o Sr. Edward Hyde. O primeiro, uma exemplar figura da sociedade: doutor, filantropo e de conduta ilibada; o segundo, um delinqüente, hedonista, que comete vilanias e crueldades. Logo no início do romance, esse personagem, Sr. Hyde, aparece na penumbra ...
Se lembra da fogueira Se lembra dos balões Se lembra dos luares dos sertões A roupa no varal, feriado nacional E as estrelas salpicadas nas canções Se lembra quando toda modinha falava de amor Pois nunca mais cantei, oh maninha Depois que ele chegou (Maninha, de Chico Buarque)
Apesar de “você”, hoje eu quero paz. E, apesar do Sísifo dos nossos tormentos, lembrando Dolores Durante, eu quero, muito mais que isso, eu quero a paz de criança dormindo/e o abandono de flores se abrindo. Quero a alegria de ...
Os primeiros momentos da disseminação do Covid-19 pelo mundo, a surpresa estava no encontro definitivo com a morte. China foi um espanto de alerta e um SOS a avisar a todos que não haveria distinção entre esquerda e direita, ou entre capitalismo neoliberal e socialismo. O mundo, na sua formação globalizada, na feliz concepção de McLuhan, reduzira-se a uma aldeia global em que todos estariam, numa certa intimidade, interligados. Bastava um só portador do coronavírus, ainda que inconsciente, para que, num mero contato, despretensioso contato, na condição de hospedeiro, o transmitisse para o novo contaminado que o passaria ...
A luz amarela está piscando incessante e perigosamente. A democracia se encontra em perigo(?!?!). Dúvida, que teima em nos atormentar. Muito se tem escrito, falado e debatido sobre a morte da democracia. Os acontecimentos, os mais insignificantes acontecimentos, têm mostrado a gravidade do momento por que passa o mundo com a insurgência de movimentos autoritários, com ressurgimento de idéias fascistas, amplamente defendidas como solução mágica para os problemas que fazem parte do cotidiano de toda sociedade. Textos e livros têm sido publicados, denunciando o perigo destrutivo que ronda esse regime de governo, que se alicerça na vontade do ...
Nesta conversa, o coronavírus entra de intrometido que é, até porque hoje é a grande vedete do noticiário, daqui e além Tejo. Mas, quem sabe: esse transmissor de um mal perigoso e, em alguns casos, fatal não venha nos dar um recado de que todos são iguais perante a sua força destrutiva. Ricos e pobres não estão imunes a tê-lo passeando mortiferamente pela corrente sanguínea desse nosso frágil corpo. Bem. Que fique claro: não quero desejar o coronavírus a ninguém. Longe, e bem longe disso, estou de joelhos rezando, e rezando muito, para que as cabeças pensantes dos ...
As ruas da cidade amanheceram banhadas. Nas poças dágua, o reflexo da luz do sol, ainda encoberto por espessas nuvens, bem como das figuras de quem nelas se projeta. Mas pareciam alegres, como se estivessem sorrindo para gente. Não aquele sorriso aberto, desprendido, porquanto ainda estremunhado pelo ar preguiçoso do sono do amanhecer. Tal como saltimbanco se ia de um lugar a outro. Poucas pessoas se davam ao desafio de circular E dessas poucas, aventureiras de um destino que não podiam libertar-se, seguiam de um ponto a outro para vencer o desafio de superar todos os obstáculos. Traziam ...
Não sei se li certo ou se li errado. Mas encontrei nos jornais, meus caros brocháveis, uma frase que foi propagada aos quatro cantos, como se fosse um novo mandamento do machismo. Antes de ir ao tema, tive a inocência, mesmo a insensatez, de pensar que se tratava de alguma disputa para ser ator principal de algum desses filmes mais liberais que têm passado nos mais variados vídeos. Logo tomei ciência de que não era bem isso. O imbrochável é desses machões que não têm medo de reeleição, por isso, ...