Amor de carnaval desaparece na fumaça/Saudade é coisa que dá e passa. Mas isso sempre foi coisa de Zé Keti, o sambista do morro que desceu para o asfalto e, ao lado de Nara Leão e João do Vale, esse nosso conterrâneo de Pedreiras, fez um estrondoso sucesso com o show Opinião. E ainda é coisa de Zé Keti a sua mania de cantar o carnaval, como fez com a marcha-rancho Máscara negra: Tanto riso,/Oh! quanta alegria,/Mais de mil palhaços no salão/O Arlequim está chorando/Pelo amor da Colombina/No meio da multidão! E tudo isso no carnaval que passou ...
Parece tautologia repeti o tempo, para falar sobre o tempo. Mas dizem que boa parte do funcionamento da massa cefálica se dá de modo inconsciente. É que a consciência é uma parte bastante limitada da nossa mente. Daí a importância do tempo, haja vista que o nosso inconsciente é o depositário de todo um passado, que, aqui e acolá, vem à tona. Com razão o adágio popular: Deus nos concedeu a memória, mas também o esquecimento. Ocorre que o esquecimento não existe. Nunca esquecemos nem o que nos acontece de bom nem o de desagradável. O nosso inconsciente ...
O nosso mestre Jesus Cristo tinha uma certa implicância com o rico, embora não o condenasse. Mas, pelas várias passagens dos seus ensinamentos, considerava bem difícil o desapego aos bens materiais, ao afirmar que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que um rico entrar no Reino dos céus. A “agulha”, a que se refere Cristo, era uma porta estreita, no muro que cercava as cidades daqeles tempos, a qual era difícil dar passagens aos camelos que chegavaram carregados de mercadorias dos comerciantes que vinham realizar seus negócios. Razão pela qual essa imagem foi ...
Onde andará Mariazinha? Onde andará Seu Oscar? Onde andará a mulata assanhada, que passa com graça fazendo pirraça fingindo inocente e tirando sossego da gente? Onde andará Amélia, aquela que era mulher de verdade? Onde andará o imenso sambista Ataulfo Alves? Ainda lembram? Alguns afirmam, com inteira convicção, que Ataulfo se encontra na última morada do esquecimento. Será? Atire a primeira pedra aquele que tem certeza de que está certo. .Pois é, falam tanto. Dizem tudo o que querem sobre esse inesquecível ícone da música brasileira. Como disseram Ataulfo e parceria: Sei que vou morrer não sei o ...
Frase esta emblemática que atravessou a história e foi absorvida pela história, mas não foi absolvida. Continua sendo lembrada como um frasesco equívoco, proferido no período dos mais de vinte anos da ditadura militar. Lembram do autor da frase e por que foi dita e retumbantemente propagada pela nossa mídia? Não se lembram? Não acredito! Até porque, dadas as excentricidades dos nossos homens públicos, e em boa parte mais privados do que públicos, insistimos em perguntar: - Que país é este?, sem sermos apaziguados em nossa angústia por uma resposta que nos conforte. Anda não direi quem foi ...
Louco e lúcido. Criador da sociedade alternativa. Assim, e muito mais, foi Raul Seixas. Baiano de nascimento e, desde menino, dedicou a sua arte musical ao rock. Foi um autor revolucionário, ao lado de Paulo Coelho, o letrista de suas canções. Tive oportunidade de assistir o documentário a respeito da sua vida artística. Sempre rebelde, em todos os sentidos. A droga o consumiu e ele consumiu grande quantidade de drogas. Faleceu no dia 21 de agosto de 1989. Foi encontrado morto pela sua amiga e empregada Dalva Borges. Dizia com muita ênfase: - Ninguém me descobriu ainda. Sou ...
Entrei o ano de 2020 com a alma tiritando e o coração batucando. Alegria. Tristeza. Angústia. Dúvida. Não sei. É mais um ano, com muitos votos de sucesso, felicidade, realizações, e o escambao. Veio-me Cartola, o nosso grande poeta da música popular da nossa pátria amada, como uma espécie de tábua de salvação. Socorre-me este mestre da canção e da poesia com o magnífico poema de As rosas não falam: Bate outra vez / Com esperança o meu coração / Pois já vai terminando o verão, enfim / Volto ao jardim / Com a certeza que devo chorar ...
A grande polêmica, no mundo literário, se ateve na perspectiva da escolha do nome a ser homenageado na FLIP, a Festa Literária Internacional de Paraty. Ainda está sendo cogitada, para próxima edição desse evento, a poeta norte-americana Elizabeth Bishop. Ao ser sugerido o seu nome, a grita foi geral, com vozes contrárias à escolha e se manifestando favoravelmente. O escritor e cronista Antonio Prata assim resumiu a sua aprovação: “Bishop comemorou o golpe militar. Foi abertamente gay numa época em que isso era heresia. Lúcida como poucos. Bêbada como poucos. O ser humano é complexo. É disso que ...