Crônica da Cidade

Crônica da Cidade

Elias do Boi

Texto de Edmilson Sanches,

reproduzido, em parte,

 nesta coluna.

ELIAS DO BOI, ARTISTA E INSPIRAÇÃO

Há dois anos

O boi do Elias chegou. Agora, sim, tem festa no céu...

 

Toda cidade tem seu encanto, e muito desse encanto deve-se a personagens – não necessariamente personalidades -- singulares. São pessoas com alguns graus de liberdade a mais, de despojamento a mais e, alguns diriam, de loucura a mais. Na minha cidade natal, Caxias (MA), eu ainda criança e adolescente, convivi ...

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Art. 142, CF – a lei e a ordem

Manifestantes têm desfilado por nossas mais democráticas avenidas, ostentando cartazes em que demandam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. Nessa tresloucada ânsia intervencionista, pescaram da Constituição Federal um artigo que lá se encontrava dormitando desde a sua promulgação, o art. 142, quando se deu o sepultamento definitivo do regime ditatorial civil-militar. Tudo isso contraria as grandes lutas pela restauração da democracia brasileira e o teor da mensagem – A Constituição Coragem – do deputado Ulysses Guimarães, que presidiu a Assembleia Constituinte, na qual esse grande brasileiro denomina a Carta da República de Constituição Coragem, ...

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Viver é tomar partido

Estava lendo uma crônica da excelente Fernanda Torres, atriz, roteirista e escritora (cronista), sempre engajada nas lutas pela cidadania, publicada na Folha de São Paulo, na qual estabelecia uma espécie de interlocução com a também cronista, e das boas, Tati Bernardi. Não vou dizer que Fernanda é filha de Fernanda Montenegro, um dos monstros sagrados da dramaturgia brasileira e universal, tendo o talento da mãe atravessado as fronteiras com o filme Central do Brasil, e do grande ator Fernando Torres, que tive oportunidade de vê-los em belíssima apresentação no Teatro Maison de France, no Rio, totalmente lotado, na ...

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Ode ao Morro do Chapéu

Lembra o meu avô.
Jeitão de austeridade, sábio.
Cheiinho de amor.

Assim era.

Ora por ele se passa. Ora ele teima passar por nós.
Anos... e anos a fio. Uma eternidade passageira!
(Passageiros da eternidade... Todos nós somos.)
Nele, a verdade interior está oculta. O que diz?

Espia-nos. Nos observa, à distância e tão perto.
O sol aquece, ao amanhecer. Amarelecido, em ouro puro.
Parece o altar ecológico de uma igreja medieval.
No cair das sombras, resplandece numa claridade de um luar
imensamente ...

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Filmes necessários

Sempre fui um cinéfilo. Um curtidor da velha e sempre renovada arte cênica. Dois cinemas, em São Luís, no espaço entre a infância e adolescência, me marcaram muito: o Rialto, na rua do Passeio, e o Éden, na rua Grande. O Rialto, muito mais na infância, época em que a leitura era o gibi – as tão apreciadas revistas em quadrinhos: Zorro e Tonto, Cavaleiro Negro, Fantasma, Roy Rogers, Mandrake, com o seu inseparável companheiro Lothar, Tarzan e ...

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Ainda existem juízes no Brasil?

É um tanto conhecida a história do moleiro de Sans-Souci, que foi escrita, em forma de poema, por François Andrieux, advogado, poeta e dramaturgo, que nasceu em Estrasburgo, em 1759, e morreu em Paris, em 1833. Portanto, no século XVIII, no período precedente e em todo o curso da Revolução Francesa. Em resumo, a narrativa se atém a um acontecimento ocorrido no século XVIII, na Prússia do rei Frederico II, que era conhecido como “o Grande”, o qual estava interessado em fazer uso de um terreno para expandir o seu palácio. Ele era o rei, além de tudo, ...

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Rubem Fonseca/Aldir Blanc

Dois grandes artistas que saíram de mansinho, deixando uma imediata saudade para aqueles que festejam a sua arte: a boa e criativa literatura e as inteligentes e poéticas letras registradas em músicas geniais. Além de Rubem Fonseca e Aldir, um outro personagem que marcou na arte cênica a vida de muita, também se despediu: o ator Flávio Migliaccio, que, depois de viver 85 anos, se desencantou com os desencontros desse nosso conturbado mundo. Teve tempo de deixar um bilhete de despedida, do qual destaco esta passagem: “Me desculpem, mas não deu mais. A velhice nesse país é o ...

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Um conto de Machado

Ideias de Canário. Personagem/narrador: Macedo. O autor de D. Casmurro começa a história com o relato de Macedo que diz que, indo por uma rua, livrou-se de um tílburi, que trafegava em disparada e quase o atirou ao chão. Escapou, ressalta, pois conseguiu jogar-se para dentro de uma loja de belchior (brechó). O dono do comércio não lhe deu pela presença e continuou a cochilar sentado numa cadeira, ao fundo. Andou pela loja, observando as coisas velhas, rotas, próprias dessa espécie de casa de comércio. Macedo registrou todas as suas impressões. Ao sair, viu uma gaiola pendurada na ...

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