Era uma tarde de céu azul, de verão. Era por volta de 1977. Isso faz só uns 23 anos. Na época eu um ex-exilado morador destas barrancas do Rio Tocantins, tinha sempre um bom motivo para refrigerar as lembranças e as saudades daquele chão daquela outrora toda minha ilha-capital. Saudade danada! E eu fazia de tudo e tinha sempre um pretexto para rever a cidade dos azulejos. E assim matar aquelas saudades tantas, daquela ilha de meus tantos encantos.
Parecia que era uma “sina”, numa crise existencial. A ...
A CAMINHO DA VILA – Parte-II (3ª. edição revista e ampliada)
Nove e meia do dia ... estamos entrando nas terras da CONCEIÇÃO. Agora sim, novos tempos! Uma estrada melhor. A VILA está perto, ainda falta só “hora e pouca” de estirão, mas o grotões e os atoleiros ficaram para trás. Daqui para frente só tem mesmo é uns trechos de areal. Os cavaleiros agora já viajam em comboio. Uns perto dos outros e conversam animadamente. Agora já se respira mais feliz, tem umas casas um pouco mais próximas das outras à beira da estrada. ...
A CAMINHO DA VILA – Parte-I, 6ª edição (rastros de memória, da vida e da realidade)
Transcorriam os anos cinqüenta - eu tinha sete, oito, nove anos de idade. A gente morava numa sofrida recosta de mato a dentro e fim de picada - distante de tudo e de todos denominada “Centrinho”. Só ia lá quem procurava um cavalo, um porco fugido, um animal perdido, para um dia de serviço na roça de meu pai ou... tinha algum assunto a tratar. Por ali e mais adiante e tudo enfim feitos de pequenos lugarejos todos sobreviventes de ...
Estou aqui em casa, sem sair de casa, neste tempos em que tornou-se errado sair de casa. Minha mulher enlouquece, desgrenha seus cabelos se eu ao menos falar que vou sair ou tentar sair de casa. Doutrina-me das seis da manhã às dez da noite: lava as mãos, troca de roupa, usa o álcool-gel, usas máscara, não passa as mão nos olhos, nem na boca nem no nariz, E ainda por cima, assim como tantos outros, ela me manda tudo enquanto é vídeo e áudio e “fakes” sobre a pandemia. Virou uma pandemia por aqui ...
Hoje é domingo. Domingo à tarde. Domingo de céu azul, límpido, contrastando com a seqüência de dias outros idos em que a chuva tem caído torrencial e persistente na cidade. Manhãs, tardes e noites. É bem aí que o Riacho Capivara se enche; o Cacau se dana e o Bacuri corre solto lá em cima com suas águas barrentas, que vão deslizando ladeados pelas casas que jogam seus esgotos pra dentro deles. E o que durante o verão é uma poluição e um mau cheiro só – agora é uma enchente! Uma correnteza! Um ...
É noite, alta noite. Tô na esfrega e na refrega da mente. Perdido em meus pensamentos, à procura de um tema que me ocupe a mente. E o sono se foi e o tema não vem. Foi assim que, de cara e forçando a mente, lembrei-me do meu velho avô, meu velho Doca Barros, hoje “imortalizado” no “memorial” que lhe edifiquei à beira beira do caminho onde foi sua tapera. Sabia ler, relia seus velhos e surrados livretos de cordel. Nunca vi escrever uma única linha. Ele que deixou lições que eu ...
Tava querendo mesmo era escrever um texto que logo denominei ALTO LÁ! E o desfecho era para me referir que enquanto nas igrejas de outras denominações os fiéis comportam-se ao silêncio da atenção e das meditações e do ambiente solene em paletó e gravata e decentemente trajados. Já, na minha IGREJA CATÓLICA, o liberalismo, quer dizer o libertário vai ganhando terreno. Certas pessoas dão-se ao desplante da “conversa fiada”. E ficam num falatório, num zum zum zum, blá-blá-blá, e ao DESRESPEITO. Outras que vão desnudadas como se fossem para a nossa Beira-Rio. ...
Era Terça-Feira de Carnaval. Tava num vazio total. Não estive no “corredor da folia”, nem na Praça da Folia, nem na Beira Rio da Folia. E, de resto a lugar nenhum. Aliás, que isso não é d’agora, faz tempo. Sou assim, fazer o quê, né?! Foi aí que, buscando preencher o espaço vazio, sem corredor da folia e sem outros pontos do fuá, bateu-me uma vontade de escrever um texto que de logo daria o título: A OITAVA MARAVILHA DO MUNDO.
A OITAVA MARAVILHA DO MUNDO, nessa minha hipótese imaginária partiria de ...
Viegas, Clemente Barros. (São Clemente papa e mártir). CLEMENTE vem do Almanaque de Bristol, antiga publicação do laboratório farmacêutico. Estudou as primeiras letras na escola da palmatória e dos joelhos ao chão, no sertão. Concluiu o curso primário (na terra natal), no tempo em que a escolaridade era levada a sério. Foi menino de recado e de mandado. Nos cursos Secundário e Técnico no internato da Escola Federal, onde ingressou via do “Exame de Admissão”. Cursou Direito, num tempo em que não havia celular, nem internet, nem FIES, nem as vantagens atuais. Não tinha livros, escrevia em papéis avulsos, taquigrafava as aulas ao verbo dos professores. Morou em casas de estudantes e cortiço, andava a pé, driblou o bonde, poucas roupas, curtiu a “Zona” e jamais dirá que “comeu o pão que o diabo amassou”. Trabalha desde os cinco anos, com intervalo dos onze aos vinte anos. Está na casa dos 73. Não brincou quando criança ou adolescente e na vida adulta tem três brinquedos que os leva a sério: 1 - Escreve a coluna CAMINHOS POR ONDE ANDEI; 2 - Escreve a crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, domingos, há mais de dez anos; 3 - Tem uma “rádio”, com antena de 300 mm de altura, 1.000 a 1500 mm de alcance, com dois ou três ouvintes que, como você vê, “um que pode ser você”. É o rastro e a sombra de si mesmo. É o filho que veio e os pais que se foram. Superou milhares de concorrentes para nascer. É mais um na multidão e considera-se a escrita certa por linhas tortas, na criação do CRIADOR. Cumprimenta os seus interlocutores com votos de “saúde”! E diz aos semelhantes todos os dias que “...a vida continua”. (•) Viegas questiona o social.
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