Abre parêntese: Desde moleque, lá pelos treze, catorze anos, que tenho uma paixão pelo rádio. E sempre quis porque quis ser LOCUTOR. Anos 60 e mais adiante (ao que conheci), o RÁDIO AM vivia o seu período áureo, na capital. E eu “encasquetedo”, vivia pelos corredores de emissoras/AM. Conhecia locutores, diretores, sabia dos programas - uns que acompanhava e no geral, punha-me como observador. E assim delirei evasivo por tanto tempo. E só aos quarenta anos, alcancei esse objetivo na Rádio Imperatriz, onde fiquei por mais de doze anos. Além de outras ...
Minha mulher dedicou os últimos cinco anos aos cuidados e à vida de sua mãe, sendo que, nos dois últimos, a sogra ficou entre a cama e a cadeira de rodas, parte maior do tempo na cama, o que redobrou o desvelo da filha, vinte e quatro horas por dia, sem arredar o pé. Enfrentando esses e outros percalços em sua saúde, quando a mãe faleceu, a filha foi tomada de dores e lágrimas como se sua mãe tivesse falecido de mal súbito, tal o envolvimento e o sentimento da filha. Acompanhei essa trajetória.
O OLHAR DO PÁSSARO SOBRE O GALHO (... uma Constituição Federal, pela “janta”)
Sete da noite. No posto de combustíveis à beira da BR o movimento é intenso. Caminhões, carretas, bitrens, automóveis, gente. Motoristas, prostitutas, mecânicos, biscateiros, transeuntes. Uma “zueira” danada. Tem-se a sensação de um ambiente “barra pesada”. Mas não. E eu ali – o olhar do pássaro sobre o galho, questionando o social. Sou ali um passageiro do acaso.
Tem uma cachorra de mediana idade, já vi por lá outras vezes, porém ainda não havia feito a leitura. É desses animais ...
CARTA AO DR. RAIMUNDO LICIANO DE CARVALHO – EX-JUIZ EM IMPERATRIZ
Dr. LICIANO – peço que me receba (como sempre me recebeu). No plano da eternidade, onde estiver. Tomei conhecimento de sua “passagem”, através do Joãozinho, que foi seu Secretário de Audiência e pessoa de sua confiança. Foi um impacto! Precisei me restabelecer! Embora soubesse na distância, faz tempo, do seu delicado estado de saúde.
Em meados de dezembro/2010, faz sete anos e 5 meses, tive um sonho com você. Um pesadelo que publiquei nesta coluna, conforme o texto abaixo. Em seguida, por um ...
JERÔNIMO DE JOANA era um legítimo afrodescendente. Filho de “Joana de Gi”, neto de Gil de Campos e “mãe Carolina”, esta que apregoava com sua voz e sotaque afetados que ainda pegou “uma pontinha da escravatura”. Também bisneto da velha Processa, que foi escrava de sol a sol. Viviam todos numa pequena comunidade de uns quatro ou cinco casebres, nas terras que, demarcadas e vendidas pelo Estado, vieram a pertencer ao latifundiário Mundico do Sertão, que enlaçou os velhos e antigos quilombolas, sem dó nem piedade, a ponto de impedi-los ...
A LENDA DO OLHO DE BOTO Havia, naquele chão brejeiro e aos quatro ventos por aquelas bandas, uma forte e intensa lenda do olho de boto. Diziam que o homem que possuísse um olho de boto guardado ao bolso e que o levasse por onde fosse, teria fácil acesso às mulheres – fosse para dançar, para namorar, para transar. O olho de boto, enfim, era um amuleto a serviço da atração, da conquista, do sexo.
As pessoas ficavam transtornadas, exasperadas com a acentuada versão do olho de boto; contudo, não imaginavam como sequer alcançá-lo de ...
Dono de um olhar que se alterna – ora evasivo, perdido em seus próprios horizontes, como quem olha para lugar nenhum; ora circunspeto, inseguro. Assim é aquele homem, um novato desocupado, ocupante das ruas da cidade. Faz nem tanto tempo que o vejo por aí. Não tem companhia/s. Costumo vê-lo em dois pontos distintos: Na Rua Godofredo Viana, esquina com Benedito Leite, e na Rua Manoel Bandeira, esquina com a Getúlio Vargas. Soube, também, que perambula na noite em pontos populares.
Esse homem me causa fundas impressões. Múltiplas questões que confundem ...
Dr. Aureliano, rogo que me receba e, com esta, as minhas cordiais saudações...
Longe vai o tempo em que, ao silêncio e na distância, te conheci. Nenhuma palavra sequer. Você andava pela calçada do Cemitério do Gavião, rumo ao Bairro do Lira. Isso, pelos meus cálculos, agora, faz pouco mais de meio século. Incrível como certas coisas, do nada, nos marcam! A esse tempo eu era morador da UMES (Casa do Estudante, na Rua do Passeio) e, ali no Lira, eu tinha um “affair”. De sorte que aquelas pegadas ...
Viegas, Clemente Barros. (São Clemente papa e mártir). CLEMENTE vem do Almanaque de Bristol, antiga publicação do laboratório farmacêutico. Estudou as primeiras letras na escola da palmatória e dos joelhos ao chão, no sertão. Concluiu o curso primário (na terra natal), no tempo em que a escolaridade era levada a sério. Foi menino de recado e de mandado. Nos cursos Secundário e Técnico no internato da Escola Federal, onde ingressou via do “Exame de Admissão”. Cursou Direito, num tempo em que não havia celular, nem internet, nem FIES, nem as vantagens atuais. Não tinha livros, escrevia em papéis avulsos, taquigrafava as aulas ao verbo dos professores. Morou em casas de estudantes e cortiço, andava a pé, driblou o bonde, poucas roupas, curtiu a “Zona” e jamais dirá que “comeu o pão que o diabo amassou”. Trabalha desde os cinco anos, com intervalo dos onze aos vinte anos. Está na casa dos 73. Não brincou quando criança ou adolescente e na vida adulta tem três brinquedos que os leva a sério: 1 - Escreve a coluna CAMINHOS POR ONDE ANDEI; 2 - Escreve a crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, domingos, há mais de dez anos; 3 - Tem uma “rádio”, com antena de 300 mm de altura, 1.000 a 1500 mm de alcance, com dois ou três ouvintes que, como você vê, “um que pode ser você”. É o rastro e a sombra de si mesmo. É o filho que veio e os pais que se foram. Superou milhares de concorrentes para nascer. É mais um na multidão e considera-se a escrita certa por linhas tortas, na criação do CRIADOR. Cumprimenta os seus interlocutores com votos de “saúde”! E diz aos semelhantes todos os dias que “...a vida continua”. (•) Viegas questiona o social.
e-mail: viegas.adv@ig.com.br