Clemente Viegas

Clemente Viegas

caminhos por onde andei

“OLHAR FOTOGRÁFICO”
Tantas vezes andei pelas ruas da vida com um olhar fotográfico. Queria ver alguma coisa, fatos, pessoas. E, no pretexto, fazer um texto. Uns que se faziam, outros que se perdiam. No meu tempo de rádio isso era terrível em mim. Tinha, além da produção regular, que escrever diariamente até três textos: um para a crônica O DRAMA NOSSO DE CADA DIA (cativo); outro para A VIDA COMO ELA É. E outro ou outros que se alternavam. Deixei o rádio, mas a ideia do “olhar fotográfico” permanece em mim.

Tudo começou quando, certo ...

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Hoje eu vou pela contramão. Tô nem aí. Multa por multa, tô vendo a hora de entregar a minha carteira. Não tem lugar pra estacionar, não tem lugar para mais nada. E até o CONTRAN “descobriu” agora em 2017, depois de longo estudo, que os carros só obedecem a velocidade nas passagens das barreiras eletrônicas. Depois aumentam a velocidade. Em tudo enquanto é porta, ainda que o sujeito não tenha uma bicicleta, bota uma placa: “Proibido estacionar. Nem por um minuto. Sujeito a guincho”. Outros botam caixa de papelão, outros põem cones, tijolos, pedras e o raio que ...

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“O PAPEL  AGUENTA  TUDO”
A gente ainda era moleque e os mais velhos na revolta e na bronca diziam:  “o papel aguenta tudo”. Eu ouvia aquilo sem entender. Mas o tempo foi passando e o mundo foi girando e um dia eu disse: “o papel aguenta tudo e muito mais”. E então vamos por aqui  rever o papel desse papel:
E enquanto todos os mortais apinhavam-se no corredor, uns sentados e outros de pé, já com o horário marcado, após a marca, aparecia o advogado da parte  contrária. Este, sem dizer palavra, passava por todos, seguia ...

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VELHO ARlSTIDES - o guardião do sítio

(Este é um velho texto “remasterizado”)

Conheci, na infância, em São Luís, um antigo e grande sítio, encravado no João Paulo - um bairro de periferia em meio a residências e ao comércio, dentro da cidade que restou estrategicamente situado, naquele São Luís antigo. Quase uma mata de grandes árvores frutíferas. Os donos? Esses nunca apareciam por lá. Mas no local morava e dele tomava conta o VELHO ARISTIDES - um homem só, sozinho - sem mulher, sem filhos. ...

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O CHÃO DOS MEUS ANCESTRAIS
Deixei a casa paterna, aos sete anos de idade, numa manhã fria, com a minha mãe chorando pelos cantos e o meu pai determinado - para morar em casa alheia e continuar o primário, na VILA. A partir daí, e pelo resto dos tempos, voltava à minha casa, como visita, nas férias escolares mas sempre no trabalho da roça, como os demais. E, depois do emprego público, aos 21, por vezes, nas férias do trabalho.
O mundo deu tantas voltas, as águas correram por debaixo da ...

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... UNS COM TANTO, OUTROS COM NADA

Tenho o hábito incorrigível de realinhar, de redesenhar os meus textos. Faço isso quais certas donas de casas e em certas ocasiões que dão nova roupagem do almoço para servir ao jantar. Ou que muda os móveis de lugar, só para mudar. Qual aquele vendedor com suas laranjas e limões ressecados, punha-os dentro d’água para reidratá-los. Começa que o vertente texto teve no passado o título de “O DIA EM QE A TERRA PAROU”. Mas hoje, mudou. Assim é este texto.

Tenho particular respeito e atenção pelos “lixões” ...

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A SAGA DE PAULO DE ZÉ DE COTA
Paulo era filho de Zé de Cota. Paulo era um roceiro como qualquer outro, vírgula, trabalhando na roça mas de olho na cidade, na capital. A roça estava em Paulo, mas Paulo não estava na roça. Paulo via que aquela vida de sol a sol, de toco a toco, de capina em pé de mato por pé de mato, “limpação de coivara”, arrancação de mandioca, “fazição de farinha” na beira do forno era uma labuta que ele não queria para si. E então, na lidas de roceiro, tocava na marra ...

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“ANCURETA” – 2ª Edição
Tenho o indomável hábito de reescrever e dar nova dimensão aos meus velhos textos. É como dar banho, tosar e acariciar a minha cria. É podar e rejuvenescer o meu plantio. É como se numa lavoura eu me reencontre comigo mesmo ali, numa espiga de milho, num pé de mandioca ou num veio do curso de um velho caminho. Ou ainda ao recavar uma velha cacimba de água. Sou assim! E este texto é isso aí.

A ancoreta é um objeto de que tenho notícia, mas não tenho qualquer intimidade. Trata-se ...

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Clemente Viegas

Viegas, Clemente Barros. (São Clemente papa e mártir). CLEMENTE vem do Almanaque de Bristol, antiga publicação do laboratório farmacêutico. Estudou as primeiras letras na escola da palmatória e dos joelhos ao chão, no sertão. Concluiu o curso primário (na terra natal), no tempo em que a escolaridade era levada a sério. Foi menino de recado e de mandado. Nos cursos Secundário e Técnico no internato da Escola Federal, onde ingressou via do “Exame de Admissão”. Cursou Direito, num tempo em que não havia celular, nem internet, nem FIES, nem as vantagens atuais. Não tinha livros, escrevia em papéis avulsos, taquigrafava as aulas ao verbo dos professores. Morou em casas de estudantes e cortiço, andava a pé, driblou o bonde, poucas roupas, curtiu a “Zona” e jamais dirá que “comeu o pão que o diabo amassou”. Trabalha desde os cinco anos, com intervalo dos onze aos vinte anos. Está na casa dos 73. Não brincou quando criança ou adolescente e na vida adulta tem três brinquedos que os leva a sério: 1 - Escreve a coluna CAMINHOS POR ONDE ANDEI; 2 - Escreve a crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, domingos, há mais de dez anos; 3 - Tem uma “rádio”, com antena de 300 mm de altura, 1.000 a 1500 mm de alcance, com dois ou três ouvintes que, como você vê, “um que pode ser você”. É o rastro e a sombra de si mesmo. É o filho que veio e os pais que se foram. Superou milhares de concorrentes para nascer. É mais um na multidão e considera-se a escrita certa por linhas tortas, na criação do CRIADOR. Cumprimenta os seus interlocutores com votos de “saúde”! E diz aos semelhantes todos os dias que “...a vida continua”. (•) Viegas questiona o social. e-mail: viegas.adv@ig.com.br