Rua São Domingos, setor antigo do “Café Marivete”, no cruzamento com a Rua Tereza Cristina. Meio de semana. Duas da tarde. Sol incandescente. Estou chegando para o segundo expediente, tentando estacionar. Logo vejo e ouço um burburinho, uma zoada. E lá se vão dois sujeitos que me pareceram parceiros entre si – um à frente e outros atrás. Era um falatório, um zum-zum-zum, algo como uma reclamação. Tive a impressão de que os “parceiros” estavam insatisfeitos, com alguém, por alguma coisa. Continuo tentando estacionar.
Reprodução: “Carta à Promotora que pediu a prisão da mulher em trabalho de parto” A gente envelhece, vem a calvície e engorda, e fica passos lentos, cabeça branca, sexo tardio, esquecido, urina em chuveirinho, vista curta, diabetes, coração frágil. Acomodado! É a lei da vida. Nessa acomodação, transcrevo a carta abaixo. Registro que juntei três ou quatro parágrafos, por questões de espaço, neste espaço. E ao autor dessa carta, subscrevo-me com um abraço! Eu não conheci V. Exa., quando ainda estava na carreira do Ministério Público, onde fiquei mais de trinta anos; caso tenhamos nos conhecido ...
“O BANDIDO SEMPRE VOLTA...” Chico Anísio, naquela quadro que tinha no Fantástico, com ar de sátira, já dizia: “...O bandido sempre volta ao lugar do crime”. E volta!!! Anos setenta por aí assim e mais adiante, esta Imperosa era uma “cabarezada” que dava gosto! Da Farra Velha ao Cacau; do Mangueirão, passando pela Macaúba até às Quatro Bocas e daí girando por todos os quadrantes da cidade, com “casas de tábuas” e outras de “luz negra” por aí, caminhões madeireiros estancados, com a pistoleirada dando as cartas e forasteiros de todos os lados e o poeirão lá ...
OCRIDES era um cara bacana. Trabalhador. Homem de negócio. Bem de vida. Correto nos tratos, endinheirado, jeitão goiano. Tinha convicção de que era o senhor da verdade. E, como sempre, dono da razão. Ainda novo, trinta e poucos anos, foi motorista das antigas, ônibus interestadual. Lá ele deu um pulo na vida – que um “cabrito” daqui e outro dacolá, isso fazia parte do jogo pra lá e pra cá. E assim foi fazendo seu pé-de-meia, que era como deduziam as más línguas ao redor. E ele nem aí.
Longe vai o tempo em que você, então partícipe, adquiriu o Jornal O PROGRESSO. Àquele tempo eu era, e como sempre, um simples colaborador que veio dos tempos de SEU VIEIRA, o fundador. Naqueles dias da nova direção, a turma da "redação" e da impressão vivia apreensiva com as mudanças que adviriam. Eu era um deles. De cara apareceu o jornalista Moreira Serra para dar um novo impulso, novo rumo e uma nova feição editorial ao jornal. Enfim, mudanças! Certa manhã, o Moreira Serra estava sentado calmo e soberano ...
Os humanos agem com culpa ou voluntariamente, proposital. Os animais agem por impulso, irracionais. É mais ou menos assim que aprendemos lá na base. Nesse paralelo eu me convenço que de o ser humano, senhor de tantas virtudes, pode ser também um antro a serviço das desvirtudes. Basta olhar os presídios, as tornozeleiras eletrônicas, o Alvorada, O Jaburu, as prefeituras, as Câmaras. O Congresso. A PETROBRAS e uma cambada de tantos outros e outras. Nesse passo, hoje eu vou pela contramão. Recente, por equívoco, pus o crédito no celular alheio, o que aliás já fiz ...
Guardo comigo, perdido na mente, uma velha frustração que marcou e doeu mas que o tempo, um implacável divisor de águas, acabou por dissuadir. Era moleque, sete anos de idade, quando deixei a casa paterna para buscar a escolaridade na VILA. Na estradinha, em viagem de quase uma banda do dia, eu ficava "vendo e ouvindo" o ressentido choro de minha mãe, pelos cantos. Partida essa e outras que se tornam rotina em minha vida e fizeram de mim uma "visita" na casa dos pais.
Aliás que de partidas essas, faço um exercício de memória a ...
Quando eu fui estudar em São Luís, tendo que primeiro enfrentar o Exame de Admissão ao Ginásio, fui morar na casa de SEU MATIAS que, com sua mulher, Dona ZêZê, eram compadres dos meus pais. Seu Matias, contudo, era tão pobre quanto o meu pai, dada a numerosa prole e aderentes que tinha para sustentar. 10 filhos, mais marido e mulher, mais uns quatro aderentes, mais o cunhado – havia dia/s que tinha dezoito e até vinte pessoas na casa para o de comer. Não era fácil aquele labuta.
Viegas, Clemente Barros. (São Clemente papa e mártir). CLEMENTE vem do Almanaque de Bristol, antiga publicação do laboratório farmacêutico. Estudou as primeiras letras na escola da palmatória e dos joelhos ao chão, no sertão. Concluiu o curso primário (na terra natal), no tempo em que a escolaridade era levada a sério. Foi menino de recado e de mandado. Nos cursos Secundário e Técnico no internato da Escola Federal, onde ingressou via do “Exame de Admissão”. Cursou Direito, num tempo em que não havia celular, nem internet, nem FIES, nem as vantagens atuais. Não tinha livros, escrevia em papéis avulsos, taquigrafava as aulas ao verbo dos professores. Morou em casas de estudantes e cortiço, andava a pé, driblou o bonde, poucas roupas, curtiu a “Zona” e jamais dirá que “comeu o pão que o diabo amassou”. Trabalha desde os cinco anos, com intervalo dos onze aos vinte anos. Está na casa dos 73. Não brincou quando criança ou adolescente e na vida adulta tem três brinquedos que os leva a sério: 1 - Escreve a coluna CAMINHOS POR ONDE ANDEI; 2 - Escreve a crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, domingos, há mais de dez anos; 3 - Tem uma “rádio”, com antena de 300 mm de altura, 1.000 a 1500 mm de alcance, com dois ou três ouvintes que, como você vê, “um que pode ser você”. É o rastro e a sombra de si mesmo. É o filho que veio e os pais que se foram. Superou milhares de concorrentes para nascer. É mais um na multidão e considera-se a escrita certa por linhas tortas, na criação do CRIADOR. Cumprimenta os seus interlocutores com votos de “saúde”! E diz aos semelhantes todos os dias que “...a vida continua”. (•) Viegas questiona o social.
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