Crônica da Cidade

Crônica da Cidade

Tive Fome, e me Destes de Comer

Aureliano Neto*

De família abastada, com vínculo com o poder religioso e econômico, era um jovem irrequieto e cheio de sonhos. Estudara e formara-se médico. Lia os textos que registravam as palavras e lições dos profetas, a que só os iniciados tinham acesso. Certo dia, ao se defrontar com uma dessas mensagens, concluiu que o nascimento do rei estaria próximo. Uma estrela indicaria onde encontrá-lo. Esse homem, ainda jovem, se desfez de todo o seu patrimônio para, juntamente com outras pessoas, ir ao encontro do rei, que dizia ser o Messias, na iminência de ...

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Fragmentos de Vida

A vida é feita de fragmentos. E de frases, que vão sendo construídas no decurso de toda uma existência. São reflexões que dizem muito e servem de roteiro para a imensa caminhada que temos que percorrer até o termo final. Victor Hugo nos deixou um pensamento lapidar sobre a construção do futuro. Diz ele: "O futuro é um edifício misterioso que levantamos na terra com as próprias mãos e que mais tarde deverá servir-nos a todos de moradia." Oscar Niemeyer, em frase de simplicidade vocabular, porquanto curta em tamanho, mas de profunda riqueza conotativa, sem se preocupar ...

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Um Homem, uma Mulher

 

Faz tempo. O que me chamou atenção foi o nome do filme: Um Homem, uma Mulher. E, tendo visto o filme, no velho e falecido Cine Éden, ficaram-me encravadas no meu inconsciente algumas cenas, que até os dias de hoje teimam em me provocar lembranças, ainda que turvas. Mas também recordo que fazia parte da trilha sonora uma música brasileira, de autoria Vinícius ("Quem pagará o enterro e as flores se eu me morrer de amores?") e Baden Powell. Foi um filme muito premiado, figurando como protagonistas a atriz Anouk Aimmé e o ...

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Andando de Táxi em Imperatriz

Aureliano Neto*

É lugar-comum dizer-se, para que o mundo inteiro ouça e tome conhecimento, exluindo qualquer dúvida que ainda houver, que Imperatriz foi construída pela força do trabalho dos seus homens e mulheres, isso desde quando frei Manoel Procópio aqui aportou e plantou a semente dessa árvore que nasceu, cresceu e, com os seus majestosos galhos, deu sombra para os seus filhos nativos ou para aqueles que vieram para estas terras com a intenção de adotá-las como sua pátria. Eu, por exemplo, cheguei a Imperatriz no início do mês de fevereiro de 1975, em ...

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Os Beija-flores

Aureliano Neto*

O dia amanhecera nublado, com incessantes respingos de chuva, que tomaram toda a noite, lembrando-me passagem da narrativa de A Bagaceira, de José Américo de Almeida, que nos mostra o aguaceiro torrencial a banhar as terras brutas do sertão. Mas, o sol dá início, ainda de forma tímida, à limpeza de uma parte do céu, rompendo com os seus raios - tíbios pela força do tempo - as nuvens mais carregadas. O dia se anunciava, não com a certeza se chuvoso ou de sol. O tempo nebuloso me impunha essa dúvida. Pus-me ...

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Chatices e Novidades

Aureliano Neto*

Passado o período carnavalesco, fui provocado por um amigo, desses que nos acompanham nas horas certas e incertas, e pus-me a meditar sobre algumas chatices que já estão se enraizando em nossa vida, de tal modo que, em alguns momentos, assumem a proporção da insuportabilidade e mesmo da perturbação, que extravasam as fronteiras da individualidade para alcançar e contaminar o meio social. Também, a par disso, há as novidades, que são ora amenas, agradáveis, ora trágicas.
Esse meu amigo, pensativo e num sestro de passar o dedo indicador nos lábios, me ...

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Wando: Fogo e Paixão

Aureliano Neto*

AWanderley Alves Reis, nascido em Cajuri, Minas Gerais, em 2 de outubro de 1945. Assim foi batizado e registrado. No dia 8 de fevereiro de 2012, o seu coração parou do cansaço de todas as emoções nele acumuladas durante mais de quarenta anos de paixão musical . Enfim, sucumbiu, embora eterno enquanto dure a sua arte de cantar e dos poemas que transformou em canções. Wando, conhecido e celebrizado em todo o Brasil, pelo doce apelido que lhe foi alcunhado pela avó, deixou para imortalizar-se vastíssimo repertório de puro e ensandecido amor: ...

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As Canções que não se Esquecem

Aureliano Neto*

Nesse exato momento estou a ouvir o excelente CD de Carlinhos Vergueiro, que juntamente com Cristina Buarque, Wilson das Neves, Marcelinho Moreira e Chico Buarque, interpreta as inesquecíveis músicas de Nelson Cavaquinho, que as construiu, durante toda a sua vida de boêmia, com vários parceiros, entre os quais Guilherme de Brito, espécie de alter ego poético, e Zé Ketti, com o qual fez O meu Pecado, um dos sambas mais bonitos do cancioneiro popular brasileiro, em que os autores desse preciosidade (Nelson e Zé Ketti) confessam seus pecados, como se a pedirem ...

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