Crônica da Cidade

Crônica da Cidade

Pão Quentinho

Aureliano Neto*

No Livro do Desassossego, Fernando Pessoa - e, reafirme-se, é sempre bom evocar esse poeta da metafísica -, ao falar sobre o tempo, diz que sente o tempo como uma dor enorme. Esse sentimento é reforçado quando afirma que as coisas boas da vida quando as abandona e pensa, com intensa sensibilidade, que nunca mais as verá e as terá, doem-lhe metafisicamente. Faz, em seguida, esta pungente exortação: "- O tempo! O passado! Aí algo, uma voz, um canto, um perfume ocasional levanta em minha alma o pano de boca das minhas ...

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Os Juros e os Formadores de Opinião

Aureliano Neto*

Juro por todos os santos do mundo que não pretendia falar sobre juros. Ia contentar-me com as palavras, diga-se, esclarecedoras, da presidenta (em que pese a mídia insistir em chamá-la equivocadamente de "presidente") Dilma Rousseff, que, num arroubo da sua ira contra a agiotagem bancária, fez essa veemente afirmação, nunca antes dita: "É um roubo o que esses bancos cobram para administrar os fundos de rendimento." No meio de todo essa veemência verbal, Míriam Leitão, a eterna descontente com tudo que é proposto ou feito pelo governo, ficou num silêncio ensurdecedor. Falou ...

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A CPI do Cachoeira - II

Aureliano Neto*

A Praça do Camelódromo, antiga Tiradentes, dispõe de projeto moderno, mas aguarda a liberação de recursos para o início das obras
Volto ao tema. Estarrecido, tenho acompanhado a divulgação, na mídia nacional, do início dos trabalhos referentes à CPI do Cachoeira, que tem como finalidade específica e determinada apurar a relação entre o senador Demóstenes Torres, eleito pelo DEM e atualmente sem partido político, e o contraventor Carlinhos Cachoeira, com envolvimento ainda de outros políticos, além de segmentos da imprensa brasileira, neste caso, deve ser ressaltado, de forma esclarecedora, a revista ...

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A CPI do Cachoeira

Aureliano Neto*

Tudo se poderia esperar. Até mesmo que o sol perdesse o brilho, a terra esfriasse, ou mesmo que israelenses e palestinos fizessem um acordo de convivência pacífica e deixassem, de um momento para o outro, de se matarem. Mas ninguém, ninguém mesmo, poderia sequer esboçar uma mera e equidistante conjectura de que o "ético" (há necessidade das aspas) senador Demóstenes Torres, eleito e cria do DEM, de Goiás, estivesse a serviço de um dos maiores, senão o maior, contraventor que se tem notícia nas páginas policiais de nossa mídia, da grande a ...

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Socialização da Saúde

Tenho pensado nestes últimos dias numa das questões que atormentam o brasileiro: a privatização da saúde. Infelizmente, uma opção equivocada nossa. Nós, digo todos nós, num determinado momento, optamos em desprezar o serviço de saúde, prestado pelos médicos e hospitais públicos, para, aos poucos, até chegar ao estágio em que chegou, aderirmos à privatização de um serviço essencial, que se constitui num direito de todos e dever do Estado.
Os jornais estão dizendo, com destaque, que, no dia 25 deste mês, os usuários de planos de saúde vão ficar sem atendimento, já que os médicos de ...

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Manhã do Cronista

Aureliano Neto*

O cronista tem por hábito levantar cedo. Bem cedo. Vai para janela. Abre-a, de lado a lado. O sol, reverberando luminosidade ainda amarelada, filtrada pelas densas nuvens, sem o calor que só se fará sentir pelas onze horas. Fica, quieto, um tanto sisudo, preguiçoso, debruçado no parapeito, perscrutando o mundo. As pessoas passam. Apressadas algumas, outras nem tanto. Tenta penetrar no pensamento dos que transitam pela rua. Uns bocejando, a transmitirem a certeza de que o sono da noite finda não foi suficiente para aplacar o cansaço do dia anterior. Cada uma ...

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O Humanismo da ASSIM

 

A noite estava esplêndida. Mesmo sem a luminosidade, ainda que escassa, da lua, e sem as gotículas de estrelas a pontilharem os céus. Era festa. O tempo retirava a sisudez do momento. Fustigava um vento suave, que, por sua força persuasiva e aconchegante, expulsara o causticante calor que fizera durante a tarde. As mesas se espalhavam pela quadra, circundada pelos convidados, ora em conversa amena, ora ouvindo os discursos. O ambiente não impunha austeridade, mas um ar de reciprocidade fraternal. Tudo isso estava a ocorrer no dia 11 de abril deste ano na ...

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Táxi: um Tormento nosso de Todos os Dias

Saí caminhando pela Bernardo Sayão, no sentido das Quatro Bocas, até alcançar a rua Piauí e chegar ao cruzamento com a Santa Teresa. Não andava às tontas. Pelo contrário, queria chegar à loja do meu amigo Osvaldo, para conseguir dele algumas informações a respeito do conserto da antena parabólica da minha casa, que fica localizada na rua Fortuna Bandeira. É! Não se espantem. Ainda sou daqueles que faço uso de antena parabólica. Acho gostoso e até econômico. Mas não é esse bem assunto de que quero tratar. É sobre o nosso conturbado tráfego de veículo de aluguel: ...

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