Ela chegou assim. Como assim?! Arrastando os pés, com ar de cansada. Ainda não sei se da longa viagem que fez para vir até aqui. Entrou por aquela porta. Pude perceber a imensidão do tempo que se passou. Na sua fisionomia, marcada pelos inúmeros vincos e rugas do tempo, estava cinzelado o mais profundo sentimento de vida: o amor. Veio como César, mas vestida na simplicidade de uma rainha, normalmente denominada de rainha do lar. Direi, evitando o lugar-comum: simplesmente rainha do amor. E muito mais que isso, em que pese o termo ...
Temos por hábito esquecer esse determinismo. Quem vive, sucumbirá, partindo desta para outra dimensão. Não se sabe se para melhor ou pior. É inevitável. Um dia será só saudade. Alguém já disse que só em duas situações somos iguais: perante a lei (com o que ouso não concordar, porque nem sempre a igualdade se efetiva por ela) e a morte, que é o destino de todos nós, alcançando sem distinção homens ou mulheres, ricos ou pobres, negros ou brancos, bandidos ou honestos, honrados ou desonrados. Deus teve o cuidado de dizer, ao flagrar Adão na desobediência: ...
Esse adjetivo “fideístas”, acima usado no título, se origina da palavra fideísmo, doutrina que se fundamenta numa fé irracional, que prega verdades absolutas e indiscutíveis. Ou seja: a ideia do fideísmo é que as questões religiosas não podem ser justificadas por meio de argumentos ou provas, mas apenas pela fé. Para o fideísta, não há argumento para justificar a fé, que se sustenta na absoluta irracionalidade. O fideísta é aquele mesmo que, perante Pilatos (que teve o cuidado de lavar as mãos), condenou Cristo, acreditando em seus argumentos irracionais e, ainda, na vingança para preservar o ...
Ah!, Leminski, esse poeta que me encanta e canta nos versos os meus sonhos e devaneios. Que vontade insana de ser Leminski. Impossível! Não posso, embora queira encarná-lo. Fica apenas a vontade. Em um pequeno poema, esse imenso poeta expressa todos os sentimentos do mundo atual: “Vazio agudo / ando meio / cheio de tudo.” O futuro, quem sabe, continua sendo futuro. Só nos resta escrever. E esse poeta curitibano que canta o sentido da escrita adverte: “Escrevo. E pronto. / Escrevo porque preciso, / preciso porque estou tonto. / Ninguém tem nada com isso. / Escrevo porque ...
A revista semanal registrou, numa página apropriada para esse tipo de assunto, caracterizado por gafe, que alguém, preocupado com o momento econômico, fez essa hilariante afirmação: “Com essa crise financeira, os preços estão gastronômicos.” Pensei, logo ao ler essa rotunda contradição: de fato, não apenas os preços estão gastronômicos, como as pessoas estão gastronômicas. Estou, por esses dias, em São Paulo, a capital dos “coxinhas”, ou melhor falando, dessa turma do faz-de-conta, com muito tempo para o lazer e muito dinheiro para continuar no ócio destrutivo e, indo, por necessidade, aos shoppings, percebo, a olhos vistos, ...
Acordei com esse questionamento. Sei. E como sei. Quem, por acaso, me lê, nada tem a ver com as minhas atrozes dúvidas. Mas soube – e esse fato político foi divulgado ufanisticamente pela mídia – que o PMDB, velho companheiro de guerra do PT, e o partido da coalizão que mais usufruiu das benesses do governo Dilma, abandonou o barco, que, dizem, com toda a ênfase do Bonner, porta-voz das lamúrias do Moro, está à deriva, no caminho quase sem volta para o impedimento da presidenta Dilma. E aí me veio a dúvida cruel, como consequência ...
O título é o que está acima, ainda com a exclamação. Mas poderia estar sem o sinal exclamativo. Apenas o titulo. Secamente o título. Não que eu tenha ficado surpreso, ou escandalizado com o fato em si. Não. Não foi bem isso. Muito menos com o desrespeito pelo uso da palavra desprezível contra uma pessoa que tem relevantes serviços para o povo brasileiro. Não os aquinhoados. Os menos. Pode ser que para alguns, ou muitos, não tenha.Respeito essa posição, muitas vezes contaminada pelo ódio preconceituoso. Mas, para alguns, ou muitos, tenha. Os fatos têm demonstrado essa ...
Antes de entramos em algumas histórias que remontam a um passado bem distante, ou a um passado não tão remoto assim, ressalvo a Lei Maria da Penha criada em homenagem a uma mulher que foi cruelmente trucidada pelo marido. Dirão os mais enfáticos: mas a sociedade mudou. Quem sabe seja esta uma verdade relativa. Os homens continuam a amar as suas mulheres, como se fossem proprietários delas. Brigam. Todo amor, para ser amor verdadeiro, recebe o tempero de uma briguinha sem maiores consequências. Nem sempre o amor acaba. Pode arrefecer, que ninguém é de ferro. Mas ...