Crônica da Cidade

Crônica da Cidade

FIDEL: "A história me absolverá"

Esta frase foi dita por Fidel Castro, segundo consta no caderno especial, publicado pela Folha de São Paulo, edição de 27 de novembro, sob o título "Fidel - Morre o último mito comunista". Com a seguinte ressalva explicativa: "A frase completa é algo mais longa: 'Podem condenar-me, não importa, a história me absolverá'." Esclarece o texto que foi pronunciada por Fidel como advogado de si mesmo, quando do julgamento, em 1953, dos militantes insurretos que tentaram ocupar o quartel de Moncada, um dos principais fortes do exército do ditador Fulgêncio Batista. Pois bem. O mundo despertou no dia ...

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PENSO, LOGO SOU

Nada a ver com o cogito ergo sum. Ou, ainda, na linha do pensamento existencialista, com o existo, logo penso, uma vez que esta concepção partia da premissa de que a "existência precede a essência". Ora, não se está aqui a fazer filosofia. Longe deste pobre escriba cometer tal veleidade (porquanto de todo analfabeto nessa área do saber), embora tenha o topete de se aventurar na leitura de alguns textos filosóficos. Mas o que aqui se quer é ter uma conversa trivial sobre o ser humano e as suas idiossincrasias. Filosofia mesmo é pra Sartre, Decartes, Heideger, Hegel ...

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Sízi

Assim se chamava a minha cachorrinha. De cor negra, pequenina. Não me lembro do doador. Sei que veio para minha convivência quando ainda era solteiro. Sízi foi o nome que a sacramentei num batismo coloquial do dia a dia. Acostumou-se. Ao ouvir o chamado, vinha aos pulos, saltitando, esbanjando uma alegria como se o mundo estivesse em festa. Sízi tinha um apego filial por mim. Depois, por minha mulher, Jacirema. Não tinha a ideia da dimensão desse sentimento. Acompanhou-me no casamento. Conviveu conosco nos primeiros anos de casados. Sempre fiel e atenta. Certa vez, engravidou. Ainda não se ...

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Criação, criador e criatura

Vinicius de Moraes, o nosso poetinha de líricos e eternos poemas e grandes canções, tem um poema que considero muito legal. É O dia da criação. Começa assim: Hoje é sábado, amanhã é domingo / A vida vem em ondas, como o mar / Os bondes andam em cima dos trilhos / E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar / Hoje é sábado, amanhã é domingo / Não há nada como o tempo para passar / Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus / Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo ...

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Recursos federais

Como diria o inesquecível Sérgio Porto, na figura do seu alter ego Stanislaw Ponte Preta: as coisas estão mais para urubu do que para colibri. Ou seja: as coisas estão pretas mesmo (aviso aos mais afoitos: sem preconceito, hem!). O povo brasileiro está vivendo o drama das grandes reformas, implicando restrições de gastos públicos e de direitos. Na prática, é a aplicação da teoria do Estado mínimo, defendido pelo neoliberalismo e derrotada em sucessivas eleições, a qual tinha como seus arautos José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Todos, repita-se, derrotados. E os agentes públicos comprometidos com essa ...

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Até quando?

As máscaras são tiradas. O rei estará nu, nesse desfile de vaidades. As caras se desnudam. Caem as máscaras. Os risos se transformam em choro. A alegria de uns poucos se transmudam em escárnio de muitos. A fantasia desaparece do palco da insensatez para dar vez à cruel realidade. Até quando? Talvez nem se tenha o quando. Mas apenas a perspectiva sombria de que o quando pode vir. Ninguém o augura. Ninguém o quer. Apesar do golpe e dos sucessivos golpes que advirão, com o apoio do conservadorismo dominante. Os velhos estarão muito velhos, ou mortos, com o ...

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Revisor

Tem uma crônica de Rubem Braga que ele inicia prazerosamente assim: "Recordo, sem nenhuma saudade, o tempo que passei redigindo anúncios. O leitor comum não pode imaginar que um pequeno anúncio é tão trabalhoso como um soneto." Daí, segue relacionando a atividade intelectual do escritor com a publicidade. Mas diz que poucos viviam disso, como foi o caso de Olavo Bilac. Cita Orígenes Lessa, que produziu uma literatura para adulto e infanto-juvenil, com sucesso e de excelente qualidade, e viveu profissionalmente como publicitário.
Essa crônica do velho e sempre atualíssimo Braga me lembrou do revisor dos jornais ...

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Mulher triste

Entrei naquela rua, onde, cedo, costumo sempre passar. A rua é estreita. Mesmo naquela hora, não há anenhuma necessidade de pressa. O carro vai aos solavancos, driblando os buracos que se sucedem, quase intermináveis. Se em velocidade, seria uma corrida de obstáculos. Rua bem estreita, ladeada por carros, que não dão a mínima bola para sinalização. Às vezes, nos deparamos com um motorista mais afoito que vem, de mansinho, a perscrutar o imponderável, na contramão. Assim, temos que vencer os buracos, tirar fino dos veículos estacionados de um lado e do outro, e ainda evitar o afoito motorista ...

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