É sábado. É manhã. É dia e hora de mandar o texto par o jornal. Bem que eu poderia ter escrito no domingo à tarde, como às vezes o faço. Carambas, estou meio perdidão. Escrever um texto em duas páginas - como é o caso - por vezes é algo como o ofício do ferreiro: tem que suar na beira do fogo: tem que malhar (com o malho sobre) o ferro em brasa. É esforço mesmo! E gora José? Lembrei-me então que há muito gostaria de escrever LENDAS & CRENDICES para dar vazão à minha veia-de-escriba. E ...
Sempre que me dá na telha e sempre que é domingo, alegando "uma amizade escasseada", ligo para o meu amigo LIVALDO FREGONA para opinar sobre o meu texto do dia, contanto que não o perturbe em sua torcida pelo seu doentio e enlouquecedor BOTAFOGO. Por vezes LIVALDO me enche a bola, por vezes diz que não estou com nada, claro, com a leveza que lhe é peculiar. LIVALDO certamente, mais uma vez, vai dizer que "não estou com nada".
Textos que os envio na crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, Programa Clube da Saudade, ...
No chão de onde eu venho, os roceiros que somos todos nós ali costumam rever, catar, reaproveitar as eventuais sobras do seu plantio. A isso chamam de "catação". O texto, hoje, é uma "reescrita", uma "catação" de um velho tema publicado aqui. Faz quatro anos.
PESADELO
Noite dessas, o sono se foi e eu fiquei rolando na cama. E quando procuro a companheira, cadê? Tal como o sono que se foi, ela também não estava comigo. Mas logo fiquei quieto; imaginei que a consorte estaria na casa de sua mãe, ali ...
Durante muitas vezes, ouvi por estas bandas uma expressão que dizia: "Fulano é um rico SEM bondade; Sicrano é um rico SEM bondade". A frase era no sentido do elogio; do referencial de reconhecimento que a pessoa, figurante da prosa, é(ra) gente virtuosa, de boas qualidades; de "bom coração". Todavia, para mim, a frase tinha sentido exatamente ao contrário mas... como a linguagem popular tinha por objetivo o aplauso, a homenagem, fiquei na minha. Embora sem entender. Comigo, por nove anos trabalhou uma moça de qualidades impagáveis e incomparáveis. Chama-se JACIELMA, uma pessoa ímpar, neste planeta ...
Mariano era filho de Mundico. Mundico do Sertão era um homem cético, firme, radical, intransigente, inquebrantável. Dono de léguas de terras que enlaçou quilombolas e outros posseiros de uma vida em ocupação. Mundico não era de fazer concessões. Ao primeiro que tentou turbá-lo em suas terras, Mundico puxou as armas. Contornou-se a situação e Mundico reinou impávido em sua sesmaria, ainda que com inevitáveis e calejados moradores aqui e ali. Mundico, afora o senhorio às suas terras, era um lavrador convicto; homem voltado para o seu tempo, ao seu alcance. Com maestria e aptidão, sabia ler, ...
Já escrevi várias publicações sobre Zé Bicudo - um sujeito que "virava labisonho". Nunca recorri nem plagiei qualquer dos textos. É que Zé Bicudo, desde a minha mais tenra infância, sempre despertou os meus medos, os meus caminhos e o meu imaginário. Moleque, eu ouvia contar histórias mirabolantes e aterradoras de Zé Bicudo; histórias que se renovaram e se repetiram por tantos anos e mais anos. Até que o sujeito, finalmente, morreu, algo com cento e poucos anos. Zé de Fosta ou Zé da Gorda eram codinomes aceitáveis por ele. Seu Zé era como ele gostava ...
A arte deste escriba, por vezes, é uma fonte de surpresas; cheio de inesperadas situações onde não há, em princípio, uma direção a seguir. A primeira parte do texto abaixo, foi uma experiência vivida há uns doze anos, mas que escrevi e publiquei faz só uns dois anos. A segunda parte do presente texto que jamais sequer fora cogitada, de repente, compôs esta "cabeceira de mesa". Enfim, um trabalho do subconsciente que aflora neste texto.
"CABECEIRA DE MESA"
Era final de ano. Festão da entronização dos novatos em clube fechado. Somava-se ...
Para escrever este tema, eu fui buscar os idos da minha infância - dez, onze anos de idade. Em semelhante situação, muitos diriam que "comeu o pão que o diabo amassou". Eu, de minha parte, posso dizer que aquele tempo foi um "piquenique" uma SORTE que a vida me deu - como, de SORTE, sobrevivem os gametas, que afinal somos todos nós. Ou como diria o meu pai: "Hoje tu chora, amanhã tu sorri". Num período da minha infância, entre os sete e onze anos de idade, numa OPORTUNIDADE DA VIDA, mandada pelo Senhor da Criação e ...
Viegas, Clemente Barros. (São Clemente papa e mártir). CLEMENTE vem do Almanaque de Bristol, antiga publicação do laboratório farmacêutico. Estudou as primeiras letras na escola da palmatória e dos joelhos ao chão, no sertão. Concluiu o curso primário (na terra natal), no tempo em que a escolaridade era levada a sério. Foi menino de recado e de mandado. Nos cursos Secundário e Técnico no internato da Escola Federal, onde ingressou via do “Exame de Admissão”. Cursou Direito, num tempo em que não havia celular, nem internet, nem FIES, nem as vantagens atuais. Não tinha livros, escrevia em papéis avulsos, taquigrafava as aulas ao verbo dos professores. Morou em casas de estudantes e cortiço, andava a pé, driblou o bonde, poucas roupas, curtiu a “Zona” e jamais dirá que “comeu o pão que o diabo amassou”. Trabalha desde os cinco anos, com intervalo dos onze aos vinte anos. Está na casa dos 73. Não brincou quando criança ou adolescente e na vida adulta tem três brinquedos que os leva a sério: 1 - Escreve a coluna CAMINHOS POR ONDE ANDEI; 2 - Escreve a crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, domingos, há mais de dez anos; 3 - Tem uma “rádio”, com antena de 300 mm de altura, 1.000 a 1500 mm de alcance, com dois ou três ouvintes que, como você vê, “um que pode ser você”. É o rastro e a sombra de si mesmo. É o filho que veio e os pais que se foram. Superou milhares de concorrentes para nascer. É mais um na multidão e considera-se a escrita certa por linhas tortas, na criação do CRIADOR. Cumprimenta os seus interlocutores com votos de “saúde”! E diz aos semelhantes todos os dias que “...a vida continua”. (•) Viegas questiona o social.
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