Sempre que me dá na telha e sempre que é domingo, alegando "uma amizade escasseada", ligo para o meu amigo LIVALDO FREGONA para opinar sobre o meu texto do dia, contanto que não o perturbe em sua torcida pelo seu doentio e enlouquecedor BOTAFOGO. Por vezes LIVALDO me enche a bola, por vezes diz que não estou com nada, claro, com a leveza que lhe é peculiar. LIVALDO certamente, mais uma vez, vai dizer que "não estou com nada".

Textos que os envio na crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, Programa Clube da Saudade, Domingos, oito em ponto.

LEMBRANDO  ZÉ CUPERTINO E JORGE DA FÉ EM DEUS

Ainda me lembro daqueles finais de semana, quando Jorge Itacy fazia soar os seus tambores - atabaques e afoxés - lá no Bairro da Fé em Deus que o celebrizou em seu terreiro de orixás. Era, enfim, a "festa de Jorge da fé em Deus", no seu Terreiro de Iemanjá. Estudante e com vocação para o jornalismo, eu fazia pontas no rádio e no jornal - era um "foca" querendo entrar pelo meio. Nessa sanha fui entrevistar o carismático JORGE DA FÉ EM DEUS. Novato no ofício e sem saber das particularidades, JORGE, ao final da conversa, declarou-me que estava incorporado em seu santo, no momento da entrevista.
Pedi desculpas, mas Jorge me disse: "o santo gostou de você!!!". O jornal publicou a matéria na íntegra e Jorge um cavalheiro - independente do seu santo - registrou o agradecimento pela reportagem publicada, sobretudo pela FIDELIDADE que se deu ao tema. Foi uma matéria que falava o terreiro, a linguagem, os costumes, os rituais da umbanda, os orixás, pais de santos e filhos de santos.
De lembranças essas, também me lembro que nas noites de sábado, havia um programa de rádio, comando pelo famoso ZÉ CUPERTINO. Um pai de Santo que se tornou vereador.  Receitas, orientações, cartas, despachos, encruzilhadas essas coisas da umbanda. Eu, colegial, ficava  pelos cabelos...
Zé Cupertino pregava a fama de haver contornado um problema espiritual - "coisas do fundo do mar" - quando da construção da "comporta" da Barragem do Bacanga, onde houveram vítimas e infortúnios no local. Uma polêmica, da época. Hoje eu parei no tempo para lembrar essas duas figuras daquele tempo: ZÉ CUPERTINO E JORGE DA FÉ EM DEUS. São páginas de lembrança que a poeira do tempo, registra no meu caderno de um tempo-colegial e que eu traduzo nesta PÁGINA DE SAUDADE.

... NUM TEMPO DE RÁDIO GURUPI

Ainda me lembro daquelas românicas e saudosas tardes quando a Rádio Gurupi/AM - emissora dos Diários Associados - comandava a audiência  com o programa CASTIGADO UM FORRÓ, apresentado pelo locutor "Valter Morales". A rádio, ao seu tempo como bem assim era das demais emissoras - tinha um auditório para os programas de calouros, ao vivo, geralmente aos domingos. Por vezes, como da época, a gente ia assistir ao vivo ao Programa CASTIGANDO O FORRÓ. Hei tempão!!!
Numa dessas, falei com o diretor FERREIRA NOVAIS e fiz um teste para locutor. Gravei uns textos. E o velho NOVAIS mandou-me para estagiar (digamos estagiar), com MORALES - o rei das tardes e do forró, voando nas alturas... e ele só. Mas tudo o que Morales fez, numa oportunidade única, foi mandar-me ler um texto ao vivo, no ar. E nada mais! E fiquei  a ver navios, perdido no oceano. Só isso e nada mais.
Hoje eu olho  no tempo e recordo daquilo ali. Recordo de CASTIGANDO UM FORRÓ... recordo da Rádio Gurupi... E vejo que a vida é um eterno porvir. Recordo de Ferreira Novais... recordo do meu teste de locutor... recordo de Valter Morais.  E relembro de tudo aquilo e algo mais... Daquelas tardes, de puro forró no ar... E vejo o quanto o mundo da voltas! E faço dessa volta, de pura lembrança e sem nenhuma revolta, ao som-do-som daquele tempo, um texto que escrevo nesta PÁGINA DE SAUDADE.

QUANDO SÃO LUÍS ERA UMA PRAIA DO MERENGUE

Ainda me lembro daqueles dias - quer dizer, daquelas tardes - melhor dizendo, daquelas noites - quando a Ilha de São Luís era uma praia do merengue. Velhos tempos, belos dias, aqueles dias. A ilha de São Luís como  sempre é uma central de aceitação e convivência com todos os ritmos e sons. Está aí o bumba-boi, o tambor de crioula, o tambor de mina, o forró, o samba, o reggae e outros tantos. Com o merengue não foi diferente.
Acho que pelos meados dos anos 60, quando a Ilha de São Luís se deu conta, estava tomada e sitiada do merengue por todos os lados - por todos os cantos. No rádio, nas radiolas, nas baladas (nas "festinhas" de finais de semana), o MERENGUE era aquele ritmo latino-americano, caliente, de uma dança insinuante provocante - que mexia com a cabeça da gente. Nos bailes populares em tudo o que era gente e festa só dava o merengue. Em Fátima, no João Paulo, no Anil, no Monte Castelo, na Fabril - no Lira, Madre-Deus,  Belira,  Fé em Deus. Só dava merengue. Um som; um ritmo  com que a gente se identificava. Moças e rapazes curtiam, se amavam. E, nessa onda, nesse som, muita coisa rolava... acontecia...  marcava... mexia.
Não sei por que sim - não sei por que não, guardo em mim, uma relação entre o Merengue e o Bairro da Vila Passos, ali por trás do Estádio. Acho que lá existia um baile popular. E aquilo ali era uma central de merengue. O merengue da Vila Passos a gente podia ouvir, do Lira, da Belira, da Coreia de Cima, da Coreia de Baixo, da Av. Kennedy, da Macaúba e da FABRIL.

*Viegas questiona o social.