Clemente Viegas

Clemente Viegas

CAMINHOS POR ONDE ANDEI

TANTA LARANJA MADURA...
(e o estrago dos votos eleitorais)
 
Ainda era um garoto daquele meu consagrado Grupo Escolar Primário, nove, dez anos de idade, quando ouvia admirado as moçoilas, também colegiais, em azul e branco, à hora do recreio, cantando “cantigas de rodas”. Um delas dizia: “Se essa rua, se essa rua fosse minha / eu mandava, eu manda ladrilhar...”. Mas tinha outra que me marcava: “...tanta laranja madura / tanto limão pelo chão”.
Eu ouvia aquelas cantigas e, do fundo da minha inocência, ficava a me perguntar sobre ...

leia mais +

CAMINHOS POR ONDE ANDEI

Gente que faz

Não abro nem posso abrir mão do meu projeto GENTE QUE FAZ para homenagear, nesta coluna – eles e elas que fizeram e fazem a argamassa da construção desta cidade – com trabalho, honestidade e dignidade. E, sobretudo, com “as mãos e suor dos justos”. Que Deus abençoe esse meu projeto!
“Vontade política”
Odeio essa tal “vontade política”, como igualmente odeio um tal de “... faz a diferença”, verbos surrados que pululam por aí. Mas o que é, se diz: Moro na esquina da Manoel Bandeira com Benedito  Leite e tornei-me, ...

leia mais +

CAMINHOS POR ONDE ANDEI

ESSA “COISA ELEITOREIRA”

Hoje é domingo. Domingo à tarde.
Domingo à tarde é o dia em que costumo escrever os meus textos para a próxima edição, no jornal em... CAMINHOS POR ONDE ANDEI. Já havia decidido que não iria escrever nada para este domingo. Não por nada é que, nas noites acordadas da semana que passou, por mais que eu tentasse, por mais que me esmerasse, por mais que me esfregasse, não conseguia conjecturar uma ideia que resultasse num texto para estes... CAMINHOS.
Então decidi: não vou escrever nada, para domingo que vem. Ih ...

leia mais +

CAMINHOS POR ONDE ANDEI

GERMANA – MINHA IRMÃ DE LEITE

Germana é minha irmã-de-leite. Filha da falecida Mãe-MARCOLINA. Marcolina de Lorenço Estrela. Essa irmandade vem de um tempo em que crianças ao choro mamavam na primeira mãe que estivesse amamentando. Era costume e solidariedade  entre mães de um velho tempo, naquele meu velho lugar.

A partir daí, o respeito, a obediência e a consideração eram trajetórias que se faziam obrigatória a vida inteira para com a mãe de leite. E, dessa mesma cepa, para com o irmão ou irmã de leite. Tomar a bênção e dispensar atenção e ...

leia mais +

CAMINHOS POR ONDE ANDEI

A JANELA DO TEMPO 

Diria que a JANELA DO TEMPO na nossa vida começa aos quatro... cinco anos e com ela as primeiras noções do mundo ao redor. E então a nossa janela vai-se abrindo, deixando entrar os primeiros raios de luz.
Lá em cima, janela aberta, cá embaixo a vida segue na certa! O tempo passa. Agora já estamos com 14, 15, 16 anos - é como se o sol da nossa vida já bata à nossa janela com mais definição. E então  começamos a ter mais consciência do mundo ao redor. E segue ...

leia mais +

CAMINHOS POR ONDE ANDEI

A RESPOSTA DA NATUREZA

Final de ano. Tava de férias escolares na casa paterna, nas encostas do meio do mato ao deserto, naquele casebre de caminho único, sem um vizinho por perto. Os viventes que apareciam por lá ou era um eventual trabalhador a serviço, ou um cavalo fugido ou um “desaconçoado” dono à procura do seu animal.

A esse tempo, o serviço diário era com um lago que a gente não enxergava a outra margem e que a profundidade “encobria um homem de mãos pra cima”,  uma expressão que significava o superlativo de qualquer coisa. Ainda assim, naquela vidinha ...

leia mais +

CAMINHOS POR ONDE ANDEI

O HOMEM DOS CACHOS DE TUCUM

Era domingo, lá pelas bandas do quase meio-dia. Papo vai, papo vem com o meu filho RENNÉ – um cara inteirado, verbo seguro e firme que me deixa impressionado - de repente o assunto foi “os sósias, no mundo” e... até, com mais frequência, nos dias atuais. Nesse blá-blá-blá, o meu filho acaba por se referir a uma pessoa que tem a minha cara! E sublinhava nos detalhes!
Imagine um pai ouvindo isso do seu próprio filho! Também, não deixei por menos: disse que conheço um jovem rapaz, com ...

leia mais +

CAMINHOS POR ONDE ANDEI

GENTE QUE FAZ

Lá vai ele com a sua bicicleta-cargueira. Daí a pouco, noutro lugar, lá está ele com a sua inseparável bicicleta-cargueira de sempre. Parece onipresente. Está em todos os lugares, diariamente. Suas idas e vindas sobre a sua cargueira é a costura do seu serviço. É a saga diária pelo seu ganha-pão. Seu nome é TRABALHO!
De janeiro a dezembro; inverno e verão sempre com a mesma simplicidade, com a mesma disposição; a mesma cara-de-sempre; com a humildade que Deus lhe deu, com a tolerância que lhe é peculiar. Assim é WALLACE BERNARDINO ...

leia mais +

Clemente Viegas

Viegas, Clemente Barros. (São Clemente papa e mártir). CLEMENTE vem do Almanaque de Bristol, antiga publicação do laboratório farmacêutico. Estudou as primeiras letras na escola da palmatória e dos joelhos ao chão, no sertão. Concluiu o curso primário (na terra natal), no tempo em que a escolaridade era levada a sério. Foi menino de recado e de mandado. Nos cursos Secundário e Técnico no internato da Escola Federal, onde ingressou via do “Exame de Admissão”. Cursou Direito, num tempo em que não havia celular, nem internet, nem FIES, nem as vantagens atuais. Não tinha livros, escrevia em papéis avulsos, taquigrafava as aulas ao verbo dos professores. Morou em casas de estudantes e cortiço, andava a pé, driblou o bonde, poucas roupas, curtiu a “Zona” e jamais dirá que “comeu o pão que o diabo amassou”. Trabalha desde os cinco anos, com intervalo dos onze aos vinte anos. Está na casa dos 73. Não brincou quando criança ou adolescente e na vida adulta tem três brinquedos que os leva a sério: 1 - Escreve a coluna CAMINHOS POR ONDE ANDEI; 2 - Escreve a crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, domingos, há mais de dez anos; 3 - Tem uma “rádio”, com antena de 300 mm de altura, 1.000 a 1500 mm de alcance, com dois ou três ouvintes que, como você vê, “um que pode ser você”. É o rastro e a sombra de si mesmo. É o filho que veio e os pais que se foram. Superou milhares de concorrentes para nascer. É mais um na multidão e considera-se a escrita certa por linhas tortas, na criação do CRIADOR. Cumprimenta os seus interlocutores com votos de “saúde”! E diz aos semelhantes todos os dias que “...a vida continua”. (•) Viegas questiona o social. e-mail: viegas.adv@ig.com.br