CARTA AO RIO DE DOCA Meu velho e querido “ Rio Grande” - Dizer que te amo é muito pouco. Então eu digo que te amo, te amo, te amo. Longe se vai o tempo, eu menino, moleque, rapaz e você sobranceiro, altaneiro correndo livre e leve qual um cavalo bravo, vindo das banda do “Poleiro” para enfim desaguar nas águas do Rio Pericumã. E quando o inverno acabava e o verão chegava, eu via que você diminuía, murchava, até que enfim, suas águas secavam. Cultivo um princípio de vida que me ensina que tudo ...
O MEU VELHO DICIONÁRIO “CAPA PRETA” Tenho um hábito saudosista de conservar e homenagear as minhas coisas velhas ou... as minhas velhas coisas. Coisas, enfim, de um cara que tem a minha cara. Uma delas foi a minha velha CARTEIRA DE IDENTIDADE. Dela me servi inafastado durante 45 anos! Recente prestei-lhe uma homenagem de gratidão pela companhia, pelos serviços a mim prestados com aquele retratinho feito para a ocasião em camisa listrada, com a minha cara de rapaz, aos 21 anos de idade. Depois foi a vez de uma velha beca de advogado que a usei ...
(COISAS.... QUE ESCREVI) Quando cheguei nesta cidade, este chão tinha um aura de garimpo, tal o movimento desordenado, a dinheirama que se espelhava e o poeirão que cobria os ares. Grileiros, pistoleiros, devedores, madeireiros, falsários, trambiqueiros, foragidos, aventureiros, casa de mulheres e música dor de cotovelo pelos bares da cidade a qualquer hora, à luz do dia, inclusive. Milionário e José Rico, Maurício Reis e Waldick Soriano davam a cartas. Predominava por aqui, em meio à periferia, desse “garimpo”, as CASAS DE TÁBUA. Mas nem só de “casas de tábua” vivia o lupanar da cidade. MANGUEIRÃO, CACAU, ...
LANDRUÁ Feche a mão direita. Algo como se estivesse segurando um lápis, por exemplo. Fechou? Com essa onda da LAVA JATO, cercando, varrendo e lavando como nunca se viu neste país, tem neguinho de sobra ainda fora do “landruá”, retrancado nas últimas, apavorado, e enlouquecido com a tarrafa da LAVA JATO que pode lhe enlaçar a qualquer momento. Afinal, ainda falta um milheiro deles para compor formalmente a corja. Taí no que está dando o “sonho de poder do PT & Companhia”. “Landruá: Artefato em tarrafa artesanal. Espécie de tarrafa secundária para enlaçar peixes dos alagadiços” (conceito ...
Textos que enviei para o programa CLUBE DA SAUDADE, Mirante/AM, em cadeia com 19 emissoras no Estado, manhãs de domingo, oito em ponto. E lá se vão oito anos, cativos em... PÁGINA DE SAUDADE.
PRECE AO VENTO
Era outono e eu nem sabia! Os mangais ali por perto ainda estavam nas primeiras mangas. Ainda era cedo da manhã, e lá se vão três, quatro, quilômetros de pé no chão. Então a gente saía de casa, 3, 4, 5 moleques da vizinhança, cada qual com o seu cofo e íamos rumo ao mangal. Íamos “juntar ...
Dia desses, tamanha 11 do dia, temperatura a 40 graus e lá se vai um casal de fedelhos afro-descendentes. Pequeninos os dois, desses que pelo se seu biótipo vão ficar miúdos para sempre; ambos impúberes, treze, catorze anos no máximo, caminhavam pelas ruas braços dados e enrolados entre si, tal o “amor” que os envolve. Sem vocação para “futurologista”, sem bola de cristal e sem tarô mas, olhando a cena e a entrega explícita e recíproca dos dois, pude ver o futuro que os espera. Fosse no meu tempo de Rádio Imperatriz, ...
Dona AGA-E era uma viúva bem comportada, discreta, decente. Ficou viúva ainda em boa idade. Sozinha, tocava uma pensão e dormitório populares naquela cidade e naquele rua que veio a ser o metro quadrado mais caros do planeta. Nessa batalha diária, pensão, dormitório, gente que chega, gente que sai, atendimentos noturnos e ao amanhecer, dona AGA-E foi-se cansando do ofício. Mas eis que lhe aparece um hóspede “diferente”. Um olhar atravessado daqui, uma meiguice dacolá, despedida em “adeus e até a próxima”. Nada não, era SEU OSVALDO. Seu Osvaldo era ...
Ainda era moleque e ouvi do meu pai, como assim de tantos outros mais velhos que diziam: “Casa de pai escola de filho”. Outros que seguiam mais adiante e diziam: “... casa de mãe escola de filha”. O ditame por si só é “autoexplicativo” mas... àquela minha criancice e juventude, a “escola de filho” soava para mim como um resgaste, um rebenque, uma correção proposital. Sim mas... e daí?
E daí que diariamente, nas manhãs, quase sempre a hora em que saía para o trabalho, eu costumava ver ...
Viegas, Clemente Barros. (São Clemente papa e mártir). CLEMENTE vem do Almanaque de Bristol, antiga publicação do laboratório farmacêutico. Estudou as primeiras letras na escola da palmatória e dos joelhos ao chão, no sertão. Concluiu o curso primário (na terra natal), no tempo em que a escolaridade era levada a sério. Foi menino de recado e de mandado. Nos cursos Secundário e Técnico no internato da Escola Federal, onde ingressou via do “Exame de Admissão”. Cursou Direito, num tempo em que não havia celular, nem internet, nem FIES, nem as vantagens atuais. Não tinha livros, escrevia em papéis avulsos, taquigrafava as aulas ao verbo dos professores. Morou em casas de estudantes e cortiço, andava a pé, driblou o bonde, poucas roupas, curtiu a “Zona” e jamais dirá que “comeu o pão que o diabo amassou”. Trabalha desde os cinco anos, com intervalo dos onze aos vinte anos. Está na casa dos 73. Não brincou quando criança ou adolescente e na vida adulta tem três brinquedos que os leva a sério: 1 - Escreve a coluna CAMINHOS POR ONDE ANDEI; 2 - Escreve a crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, domingos, há mais de dez anos; 3 - Tem uma “rádio”, com antena de 300 mm de altura, 1.000 a 1500 mm de alcance, com dois ou três ouvintes que, como você vê, “um que pode ser você”. É o rastro e a sombra de si mesmo. É o filho que veio e os pais que se foram. Superou milhares de concorrentes para nascer. É mais um na multidão e considera-se a escrita certa por linhas tortas, na criação do CRIADOR. Cumprimenta os seus interlocutores com votos de “saúde”! E diz aos semelhantes todos os dias que “...a vida continua”. (•) Viegas questiona o social.
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