Crônica da Cidade

Crônica da Cidade

Eduardo Coutinho: As canções

O tempo de todos nós é construído por canções. Nascemos com a canção alegre do choro da vida e morremos com o som triste da cantiga das lágrimas do fim. Nesse trajeto entre uma ponta e outra, que, na concepção shakespeariana extraída do diálogo de Hamlet e Horácio, o tempo de vida se resume a contar "um", muitas canções sedimentam a nossa andança, como a fixar pontos referenciais para a volta. São uma espécie de fio de Ariadne, a nos possibilitar sair do labirinto da inconsciência. E são tantas as canções!... Não há como delas escapar. ...

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A Solução Está em nós Mesmos

O crime tem sido o prato que nos é servido diariamente pelos meios de comunicação de massa. Em tempo não tão distante, foi aperitivo, de divulgação acessória. Não o é mais. As notícias sobre a criminalidade passaram a ocupar espaço e horário nobres dos jornais e televisões. Não raro, a primeira página exibe as fotos dos cadáveres em situação degradante, com destaque para as poças de sangue e os pedaços de miolos espalhados pelo asfalto, com os curiosos em volta do corpo. Em época passada, não era dada tanta relevância a esses atos criminosos, a não ...

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De Rolê em Rolê, aonde Vamos?

De rolê em rolê já não se tem nenhuma dúvida, ainda que insignificante, vamos aos rolezinhos. De início, quando tomei conhecimento desse "movimento", não quis saber da história. Passava por cima da notícia. Não me despertava o mínimo interesse. Considerava uma trivialidade de grupos de desocupados. Longe de mim a conclusão de que os rolezinhos serviriam de matéria para estudo sociológico e jurídico. Mas, qual nada! Abri os sites jurídicos e lá encontrei várias manifestações a favor e contra, como se estivéssemos em pleno Maracanã num Fla X Flu, em que as torcidas ovacionam e vaiam ...

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O Crime, o Preso e a Pena

A maior vítima do crime é a sociedade. Conclusão essa que, em si mesma, não traz nada de novo, já que de obviedade palmar. Refere o fato social, considerado ilícito, a ter reflexo na fenomenologia jurídica, em razão da necessidade de ser erradicado ou amenizado pelos instrumentos de prevenção ou repressão, sociais e legais. O delito, a mais grave transgressão da ordem jurídica, quer se queira ou não, faz parte da vida social. Durkheim, em Las reglas del método sociológico, proclama o entendimento de que "o delito não só é um fenômeno social normal, como também ...

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Queimação de Palhinhas

Meu pai, Florêncio, conhecido por Fulozinho, ou Flôzinho, tinha uma profunda religiosidade, sem ser um religioso fundamentalista, desses que andam por aí se apegando a regras bíblicas com uma literalidade doentia, como se a vida se resumisse apenas a uma crença positivista, descomprometida com outros valores. Pois bem. Meu pai seguia a tradição herdada da família, pois muito da sua formação religiosa recebera do meu avô, já muitas vezes aqui lembrado por mim, porque por ele fui criado até os seis ou sete anos de idade, até quando uma certa noite se despediu dos filhos e netos, indo ...

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2014 - O que Pode Mudar?

Confesso que não sei. Refletindo sobre essa questão, lembrei-me de uma frase dita por um dos personagens do filme A Cor Púrpura, clássico do cinema universal, dirigido por Steven Spielberg, que alçou para o estrelato a atriz negra Whoopi Goldberg. A frase é: "Quanto mais as coisas mudam, mais parecem iguais." O que espero mesmo é que a onda de mudanças, processada no laboratório dos conflitos sociais de 2013, se cristalize neste ano de 2014, operando-se as transformações reivindicadas pelos segmentos ativos de nossa sociedade. O inconformismo foi, com certeza, a marca do ano de 2013, ...

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2013 - o Ano que não Termina

Aureliano Neto*

1968 foi, na feliz expressão de Zuenir Ventura, o ano que não terminou, porquanto marcado pelos movimentos contestórios de massa, especificamente no Brasil e na França, os quais serviram para promover as grandes transformações sociais e políticas que se operaram no mundo, ainda repercutindo nos dias atuais. E o ano 2013? Acaba-se ou não, no dia 31 de dezembro? Só a história o dirá. Mas, sem nenhuma dúvida, é um ano caracterizado por muitos eventos que o diferenciarão de outros que findaram antes de terminar. Neste 2013, sobrelevam-se os movimentos sociais de ...

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Elas Bebem na Boca da Garrafa!

Aureliano Neto*

Nada de inusitado. Apenas uma constatação da pós-modernidade. São os tempos. Tempos novos. Ou novos tempos. Pois é. Estou no início da leitura de um livro que me foi presenteado pelo meu confrade e amigo Tasso Assunção (A primeira e a última liberdade, de J. Krishnamurti). O autor é mestre da espiritualidade, e, lá para tantas, ao falar sobre o tempo, especificamente a respeito da dissolução instantânea do passado, diz-nos com a sapiência dos grandes pensadores que somos produto do passado. Porém, não do passado cronológico, e sim das experiências, reações, lembranças ...

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