Crônica da Cidade

Crônica da Cidade

O Poder Judiciário e seus tormentos II

Foi assim: já se vão mais de vinte anos; pra ser preciso, vinte e oito anos. No início da noite, saí de Imperatriz. Peguei o ônibus na rodoviária, com a minha mulher Jacirema e meus três filhos, ainda pequenos, o mais velho Aureliano, hoje juiz de Direito. Viajamos a noite toda. Descemos em Santa Maria, no Pará, e pegamos outro ônibus para Vizeu. Chegamos por volta das dez para as onze horas da manhã. Retiramos as bagagens: malas, caixa de livros, máquina de datilografia, ainda encaixotada, e um farnel, contendo de tudo um pouco, que a minha precavida ...

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Ai que saudade de mim!

Quintana, o poeta da simplicidade contraditória, é quem nos diz esse verso no poema Bola de cristal, publicado em A cor do invisível: A praça, o coreto, o quiosque, / as primeiras leituras, os primeiros / versos / e aquelas paixões sem fim... / Todo um mundo submerso, / com suas vozes, seus passos, seus silêncios / - ai que saudade de mim! Nesta primeira parte, o poeta busca e clama por um sentimento oniricamente contido "em todo um mundo submerso". Na segunda parte, Quintana, reverberando certa melancolia do que ficou, como que se afasta daquele momento: Deixo-te ...

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O Poder Judiciário e seus tormentos

A função jurisdicional é exercida constitucionalmente pelo Poder Judiciário, razão pela qual toda a sua atividade se assenta na credibilidade das suas decisões. O magistrado, ao solucionar o conflito de interesses, o faz tendo como centralidade da ação que julga valores fundamentais que integram o patrimônio material e da personalidade de todos aqueles que buscam a sua manifestação, com a finalidade específica de ter uma solução ditada pelo direito e sopesada axiologicamente pela justiça. Direito e justiça, dois institutos impositivos na reflexão de quem julga. Julgar é sempre um desafio, não sendo bastante para alcançar o seu escopo ...

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Fantasias de carnaval

Houve um tempo, que já se vai bem longe, que passei o carnaval espiando pela janela. Passavam os fofões, os caruás (blocos de sujo) e outras brincadeiras, e eu: daqui não saio, daqui ninguém me tira. Não precisaria dizer: estava de castigo. Cometi uma dessas traquinagens imperdoáveis. Não podia ir para praça do Cemitério, palco do desfile popular: corso, blocos, escolas de samba (não tão escolas como as de hoje), o homem que se fantasiava de caveira, a turma que se vestia de mulher, e a sempre esperada Casinha da Roça. Quem não a visse, com o soar ...

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Carnaval, mulheres e amores

Foi num carnaval que o Pierrô se apaixonou por uma Colombina e acabou chorando, chorando. E é no carnaval que o amor desaparece na fumaça, já que saudade é coisa que dá e passa. Mas o carnavalesco não deve desanimar, porque carnaval é carnaval. A experiência de muitos carnavais nos recomenda a seguir o que fez a Colombina: entrar num "butiquim", beber, beber e sair assim, assim. O Pierrô apaixonado que vá tomar sorvete com o Arlequim. Saudade é coisa que dá e passa. Para não se amofinar e vencer os três ou mais dias, o melhor da ...

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O amor não acaba!

Afirmara ela com a veemência de quem nunca deixou de amar. Um só minuto, nem um só dia. Conversávamos. Uma conversa longa em que mais ouvia do que falava. A dor da saudade transcendia em cada frase. Passados mais de vinte anos, o amor ao falecido marido não acabara. Atiçava a sua consciência com a saudade da ausência. A longa ausência, sem a perspectiva do retorno. Acentuava o seu sentimento de solidão. Não estava infeliz. Apenas continuava a amar. Daí ter exclamado com inteira convicção: - O amor não acaba! Está vivo dentro de mim, imorrível.

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Vamos com calma, minha gente

Começo este texto no finalzinho da tarde de terça-feira, dia 23, às vésperas do julgamento do presidente Lula. Não sei ainda qual o resultado. Ouso dizer que da cabeça do juiz Moro tinha eu a certeza do que sairia: a sentença condenatória, cuja fundamentação precisou de 238 páginas, tendo sido muito comentada por juristas da direita e da esquerda, como ocorreu com análise feita na Conjur pelo advogado criminalista Fábio Tofic Simantob, que sublinhou o seu estudo com o seguinte título: "Como o réu é culpado, não é preciso provar a culpa". E conclui pela atipicidade das condutas ...

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Assediar ou paquerar? Ou liberdade de importunar?

Sem o mínimo pejo, responderia o assediador, paquerador ou importunador: - Depende de quem! Ou seja, vai depender do outro ou da outra, como esse outro ou essa outra irão receber a "cantada", ou o leve roçar da mão ou da perna. Bolsonaro, por exemplo, seria mais direto na resposta - até porque tá na moda como presidenciável - e usaria seus recursos de importunador para comer gente. Pelo menos, foi o que ele disse numa entrevista que deu à Folha de São Paulo. Deve ser um exímio paquerador, embora fazendo o indevido uso do auxílio-moradia da Câmara ...

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