Estimo que Vossa Excelência esteja com boa saúde. Não só a saúde física, necessária para a labuta diária, mas a saúde emocional. O Maranhão, um Estado que tem milhões de problemas, acumulados no curso de sua história política, exige que o seu governador esteja em plena forma, pronto para, como se fosse uma espécie de Pitágoras moderno, ter uma fórmula matemática para equacioná-los. Este humilde cidadão maranhense tem consciência dos esforços que Vossa Excelência está envidando, cotidianamente, com a finalidade árdua de, no laboratório do seu governo, encontrar soluções. Os problemas são muitos, e vão surgindo no difícil ...
As máscaras são tiradas. O rei estará nu, nesse desfile de vaidades. As caras se desnudam. Caem as máscaras. Os risos se transformam em choro. A alegria de uns poucos se transmudam em escárnio de muitos. A fantasia desaparece do palco da insensatez para dar vez à cruel realidade. Até quando? Talvez nem se tenha o quando. Mas apenas a perspectiva sombria de que o quando pode vir. Ninguém o augura. Ninguém o quer. Apesar do golpe e dos sucessivos golpes que advirão, com o apoio do conservadorismo dominante. Os velhos estarão muito velhos, ou mortos, com o ...
O dia seguinte?, perguntam-me. É mais ou menos quando, em tempos ainda recentes, se namorava, noivava e casava, e aí vinha o dia seguinte. O dia da nova vida. A vida que, em algumas famílias, nem sempre se iniciava a dois, mas numa mistura fraterna do novo e dos velhos, com os novos sendo aconchegadas num dos quartos da casa de um dos pais. E começava a dia seguinte. Hoje, para muitos felizardos, os tempos são outros. Casam-se, e saem os dois em viagem de lua de mel. O dia seguinte vem depois. E começa na arrumação dos ...
Amar depende de quem ama e de quem se ama. Pode-se amar a pessoa amada. E não ser amado pela pessoa que se ama. A vida é encontro, com muitos desencontros. No ato de amar, tantos são fetichistas: adoram os pés da pessoa amada, ou o nariz um tanto afilado, ou a suavidade da voz, ou ainda inteligência e mesmo até a burrice, como marca pueril de quem não quer saber. À exceção dos sádicos, ninguém ama a grossura, a indelicadeza, o mau humor, a falta de afetividade, o desrespeito. Muito menos o silêncio, como desvalor da pouca atenção dada ...
Recebo a visita de um amigo e de uma velha conhecida. Queriam conversar. Tanto que queriam conversar que vieram desprovidos dos celulares. Disseram-me, com a ênfase, que merecia tal fato, isso para os dias de hoje, que haviam deixado propositalmente os aparelhinhos em casa. Que bom, suspirei levemente. Encontraram-me na porta. Fato incomum, estava olhando o tempo e perscrutando o céu. Já era início da noite. Nesses momentos, não costumo ter a companhia do moderno e incômodo interlocutor. Gosto de ver o tempo. Que passa, roçando-nos como a brisa que vem do mar. E tenho essa mania besta ...
Você tinha alguma dúvida? Ainda que uma reles e insignificante dúvida? Confesso: eu nunca tive qualquer dúvida, embora não tenha o dom de praticar o ilusionismo, com a virtude de prever o futuro. Não. E não. De vez em quando jogo em loterias, mas passo bem longe do resultado. Se for para acertar cinco, no máximo consigo o acerto de um ou dois números, ou mesmo fico no zero. Sou um fenômeno negativo em previsão. A depender disso, continuarei escravo dos meus parcos ganhos de magistrado e professor. E vou levando a vida, já que nem posso fazer um ...
Refiro-me ao ministro do Supremo Tribunal Federal. Sim, a Ricardo Lewandowski. No dia 15 de maio deste ano, publicou um texto na Folha, na página Opinião e no espaço Tendências/Debates, sob o título Fora da Constituição não há salvação. E inicia fazendo a citação do célebre poema Intertexto, de Bertolt Brecht, que nos convida a pensar sobre nós mesmos, como animal político que fazemos parte de uma sociedade caracterizada por contradições e desigualdades, a nos impor o desafio de questioná-la, a todo instante, a toda hora e a todo minuto. Esse desafio decorre da responsabilidade que todos devemos ...
Os últimos acontecimentos nos colocam nessa tormentosa dúvida. Após o golpe do impeachment, que contribuiu para desnudar a máscara da corrupção da direita, Temer, o seu articulador, num dos trechos do seu discurso de usurpação, perante os seus embevecidos correligionários, verberou essa passagem, referindo-se a si mesmo: "Quando menos fosse, sê-lo-ia pela minha formação democrática e pela minha formação jurídica." Tanto uma formação como a outra, paira a dúvida cruel: sê-lo-ia ou sê-lo-á? A história é tão atual. E assim, aproveitando esses dilacerantes sentimentos de incertezas sobre a sua probidade, no afã do momento, escreve um colunista da ...