Estimo que Vossa Excelência esteja com boa saúde. Não só a saúde física, necessária para a labuta diária, mas a saúde emocional. O Maranhão, um Estado que tem milhões de problemas, acumulados no curso de sua história política, exige que o seu governador esteja em plena forma, pronto para, como se fosse uma espécie de Pitágoras moderno, ter uma fórmula matemática para equacioná-los. Este humilde cidadão maranhense tem consciência dos esforços que Vossa Excelência está envidando, cotidianamente, com a finalidade árdua de, no laboratório do seu governo, encontrar soluções. Os problemas são muitos, e vão surgindo no difícil caminhar da sua administração.
Tenho uma certeza, e até agora não há motivo para estar enganado: o Sr. é um homem probo. Inteligente. Preparado intelectualmente para cumprir essa missão de governar o nosso povo, exercendo com mérito o Poder Executivo do nosso sofrido Estado. Por isso, o seu nome foi consagrado nas urnas. Mas há um plus que me faz admirá-lo, não só por conhecê-lo, embora não sejamos íntimos, mas por saber um pouquinho de sua história. Fomos colegas, como professores da Universidade Federal do Maranhão e da magistratura. Vossa Excelência, como juiz federal, que honrou a toga, e este escriba, já no caminho de completar setenta anos, no exercício da judicatura estadual, com exíguas possibilidades de chegar a desembargador. Em algum momento de nossas vidas, caminhamos as mesmas trilhas, repletas de desafios. Também fiz política, na época mais difícil de fazê-la: em pleno regime de repressão civil-militar, em que se cassavam mandatos às pencas, e ainda se tinha a cruel mania de meter na cadeia os insurretos, sem, como se diz na nossa rebuscada linguagem jurídica, o devido processo legal. Torturava-se e matava-se. E muitos foram vitimas desses procedimentos hediondos - entre os quais o seu pai, Sálvio Dino - hoje adorados pelo reacionarismo das redes sociais. As pessoas, Sr. Governador, tem por mania besta esquecer a história. E a história não é passado; é sempre uma lição do presente.
Voltemos, Excelência, ao plus acima referido. Esse plus se consubstancia na sua coerência. O ser humano, mesmo que seja político - essa classe que se deixa execrar, tendo em vista as estripulias praticadas por muitos desonestos -, tem que pautar a sua vida na coerência. Vossa Excelência tem sido um homem coerente, seguindo a sua consciência firmada nos postulados da justiça - a justiça aristotélica. Não assume atitudes oportunistas, conduta muito apropriada a políticos carreiristas, que conduzem o seu barco de conformidade com as circunstâncias, atendendo aos seus interesses mais mesquinhos. Vossa Excelência pratica uma ética política, assentada na coerência. Um homem coerente, Sr. Governador, deve ser respeitado, embora, algumas vezes, os fundamentos da sua coerência não seja do agrado de quem com ele não concorde. Num resumo, um tanto contaminado pelos postulados bíblicos, pode ser afirmado que Vossa Excelência não acende uma vela pra Deus e outra para o Diabo. Há muitos políticos em nossa sofrida terra - oportunistas e aproveitadores - que adotam essa postura farisaica, que, inclusive, Sr. Governador - pasme, Vossa Excelência - realizam as maiores heresias em nome de Deus. Cristo, um ser divino pacífico, o filho do Pai, ficou tão enojado desse pessoal que os chamava de raça de víboras, sepulcros caiados. Vossa Excelência tem arrostado todas as dificuldades para manter essa salutar coerência. Isso o dignifica como pessoa, espraiando, em torno de sua áurea de homem público, respeito.
Sr. Governador, essa sua coerência, que, diga-se, não é mais sua, uma vez que se publicizou como uma postura de um fazer político sério, tem sido a marca do seu governo, voltado para solução dos graves problemas que têm atormentado o povo maranhense durante todos esses anos. Foram vários governos que se sucederam em que muitos dos governantes fizeram fortuna às custas do erário público. A história é tão evidente, Excelência, que, o nosso Estado teve a desdita de ter secretários - e não me refiro a governadores - que entraram para a função com exíguo patrimônio e saíram riquíssimos. E o pior de tudo, Excelência: o Maranhão continuou a mourejar na pobreza. Não precisa a Polícia Federal investigar - há aqueles que gozam de eternas imunidades investigativas -, basta que se faça, sem isenção, uma reles pesquisa histórica.
Excelência, não o bajulo. Aliás, enfatizo com absoluta ênfase, tenho horror a bajulação. Não bajulo, e muito menos gosto de ser bajulado. Esse diálogo passageiro tem como escopo a boa notícia de que a investigação contra a sua pessoa foi arquivada, a pedido da Procurador Geral da República. O ministro do STJ, Félix Fischer, que deferiu o pedido, é um magistrado de reputação ilibada, conhecido no mundo jurídico pela sua seriedade, além do seu profundo conhecimento científico no âmbito do Direito. Sou um leitor diário do site www.brasil247.com. Essa notícia já havia sido divulgada com o destaque que a matéria merece. Parabenizo-o pela sua probidade e pela sua coerência. A probidade é um apanágio de qualquer ser humano honesto. A coerência é um plus que o dignifica e o valoriza no campo ético. Ser coerente é ser, sobretudo, ético. E a política, comoqualquer outra atividade, precisa dos éticos.
*Membro da AML e AIL.
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