Atravesso o túnel do tempo, em mais de sessenta anos e vou parar no antro de todas as perdições; de todas as promiscuidades. Mas nem só de perdições e promiscuidades vivia o Bairro do JOÃO PAULO, na ilha-capital. Havia por ali uma empáfia, quando se dizia que “O João Paulo é um bairro independente”. E era! Lá havia de tudo senão quase tudo. Tinha a Rua da Vala (em céu aberto), o Buraco do Tatu, um gueto de centenas de prostitutas na mais crua pobreza, muitas que viviam de rosto latanhado em brigas ...
DIRIA que foi por volta dos anos 1980 que conheci o Doutor ANTÔNIO LEITE ANDRADE, quando então frequentávamos a mesma turma no YAZIGI – Instituto de Idiomas, então localizado nas imediações da Praça de Fátima, sob a batuta da incansável e dedicada Professora FÁTIMA MEIRELES. Antônio Leite, como sempre, uma figura pacata, simples, discreto e manso. Cordial. Senhor dos melhores predicados. Não se arrogava, nem se irrogava. E assim como os demais, tornamos brevemente amistosos. Colegas.
Por conta dessa aproximação, em TRÊS oportunidades, ao longo ...
(...de quando a gente não tem o que escrever mas tem o dever (moral) de mandar o texto. Logo eu que falo às paredes e aos ventos).
A CULPA É DO BOLSONARO
Era uma manhã de sol. Uma quarentona senhora, caminhava tranqüila pela ruas, com seus papéis debaixo do braço, quando dirigia-se à Caixa para receber a terceira parcela do seu Benefício Social. Na oportunidade foi surpreendida pelos latidos e avanços de um vira-lata que seguia ao lado, preso por um peitoral e uma corrrentezinha, segurado por sua dona. Com o avanço do cão, ...
Numa tarde dessas por aí, quando dei por mim, eu viajava no tempo! No tempo em que a gente podia se juntar e se misturar, na maior aproximação, sem proibição e sem preocupação com essa tal de aglomeração. Sem culpa e sem pecado. Um tempo em que a gente era feliz e nãos sabia. Desde a nossa criancice que multidões e aglomerações fizeram e fazem parte da nossa vida. Fosse na hora de pegar a criança, carregar a criança. “Dorme neném que mamãe tem o que ...
(O texto que segue abaixo, é o retorno pós-PANDEMIA, da minha crônica PÁGINA DE SAUDADE, que faz treze (13) anos, escrevo papara o Programa CLUBE DA SAUDADE, Rádio Mirante/AM., (São Luís-Ma.), manhãs de domingo, em cadeia com mais de 30 emissora em todo o Estado. Ao fim da leitura/apresentação do texto, toca sempre uma canção que se adéqua ao tema. “Ouça” ao final).
EU QUERIA TANTO CONVERSAR COM DEUS
Sabe você aquela tarefa que você não sabe por onde começa? Ou melhor: não sabe por onde recomeça ? E mais ainda: Não sabe nem ...
Desde os meus primeiros passos nos corredores da imprensa, ainda colegial, que a “questão do lixo” me desperta particular atenção e mexe com o meu ego. Comecei escrevendo “artigos de protesto” no Jornal Pequeno, na capital, primeiro lugar disparado! Gostei da idéia, e nunca mais parei. E então lá se vão cinquenta e três anos da minha vida, metido no ofício de “escriba” amador e voluntário.
O Jornal do velho Bogéa, de longe o primeiro da preferência popular “se espremesse saía sangue”, era uma porteira escancarada. Mandava-se o ...
Nas capembas daqueles capoeirões onde o vento fazia a curva, de uma rara escola da palmatória, em que não havia luz elétrica e predominava o analfabetismo, o forte mesmo era o peixe seco ainda que vindo de distante, água do pote, a foice o machado, o facão e a roça. E haja labuta em sol a sol. Naquele chão predominavam os ditérios dos mais velhos – espécie de cultura daquela gente. Assim como desapareceram os mais velhos, também desapareceram aqueles ditérios que compunham a “cultura” daquela gente.
“ME ENGANA QUE EU GOSTO” (Um folhetim de ficção. Será? Será.)
“Qualquer semelhança é mera coincidência”, advertem os folhetins. Aqui não é diferente. Gonguey é um cara que sabe das coisas. Sabe de tudo e muito mais! Conta o Gonguey, assim um tanto “desaconçoado” que certa noite ele teve um sonho – um sonho de um sonhador. Até que ele não foi assim tão original, pois que a frase foi cunhada de uma música de um tal “Maluco Beleza”. Lembra?
Conta Gonguey que lá em cima, na Corte do além-mar, descobriram que lá ...
Viegas, Clemente Barros. (São Clemente papa e mártir). CLEMENTE vem do Almanaque de Bristol, antiga publicação do laboratório farmacêutico. Estudou as primeiras letras na escola da palmatória e dos joelhos ao chão, no sertão. Concluiu o curso primário (na terra natal), no tempo em que a escolaridade era levada a sério. Foi menino de recado e de mandado. Nos cursos Secundário e Técnico no internato da Escola Federal, onde ingressou via do “Exame de Admissão”. Cursou Direito, num tempo em que não havia celular, nem internet, nem FIES, nem as vantagens atuais. Não tinha livros, escrevia em papéis avulsos, taquigrafava as aulas ao verbo dos professores. Morou em casas de estudantes e cortiço, andava a pé, driblou o bonde, poucas roupas, curtiu a “Zona” e jamais dirá que “comeu o pão que o diabo amassou”. Trabalha desde os cinco anos, com intervalo dos onze aos vinte anos. Está na casa dos 73. Não brincou quando criança ou adolescente e na vida adulta tem três brinquedos que os leva a sério: 1 - Escreve a coluna CAMINHOS POR ONDE ANDEI; 2 - Escreve a crônica PÁGINA DE SAUDADE, Rádio Mirante/AM, domingos, há mais de dez anos; 3 - Tem uma “rádio”, com antena de 300 mm de altura, 1.000 a 1500 mm de alcance, com dois ou três ouvintes que, como você vê, “um que pode ser você”. É o rastro e a sombra de si mesmo. É o filho que veio e os pais que se foram. Superou milhares de concorrentes para nascer. É mais um na multidão e considera-se a escrita certa por linhas tortas, na criação do CRIADOR. Cumprimenta os seus interlocutores com votos de “saúde”! E diz aos semelhantes todos os dias que “...a vida continua”. (•) Viegas questiona o social.
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