Sandero e Logan finalmente entraram para o grupo cada vez mais numeroso dos carros 1.0 com motor de três cilindros. Agora que a dupla da Renault aderiu ao clube, entre os hatches apenas Fiat Palio e Chevrolet Onix (curiosamente, o mais vendido do País) permanecem fiéis aos quatro cilindros. 
Avaliamos tanto Sandero e Logan com o novo propulsor, e o balanço é positivo, com ressalvas. A aceleração é boa e o motor sobe de giro com facilidade. Mesmo no Logan, um sedã espaçoso - e que portanto tem bastante lataria -, as respostas são convincentes para um modelo 1.0.
A nova motorização está disponível nas versões Authentique e Expression de ambos os modelos. Dirigimos a Expression, que custa R$ 44.950 no Sandero e R$ 48.200 no Logan.
A primeira ressalva apareceu quando os dois carros  enfrentaram um leve aclive. Embora não fosse uma subida muito aguda, a rotação do motor 1.0 SCe (iniciais de Smart Control efficiency, ou controle inteligente da eficiência) caiu, e com isso,  a velocidade diminuiu. Na prática, nada que uma redução de marchas não resolva, mas mostra que o carro tem limites.
A segunda ressalva é quase comum para motores de três cilindros. Como nos modelos da Volkswagen (Up!, Gol e Fox), o propulsor  emite o peculiar ruído em falsete durante as acelerações, resultado do número ímpar de cilindros.
A terceira ressalva é que a Renault trouxe vários avanços técnicos (caso do comando duplo variável, tanto na admissão quanto  no escape)   e até "importou" por dois anos o engenheiro da Fórmula 1 Clement Gerbaud para ajudar no desenvolvimento. Porém,  manteve o tanquinho de gasolina para partida auxiliar. Praticamente todos os motores flexíveis mais modernos adotaram sistemas de aquecimento de combustível, e dispensaram tanque extra.
A avaliação, porém, mostrou qualidades. No trânsito de Curitiba, tanto o hatch quanto  o sedã deram  conta do recado e acompanharam o fluxo sem problemas. Na estrada, o motor de 82 cv  com etanol (79 cv com gasolina) também apresentou disposição. A 120 km/h, trabalha a 4.000 rpm, rotação levemente elevada, mas dentro do aceitável.
A maior vantagem, segundo a Renault, é que o Sandero ficou até 19% mais econômico que o modelo 1.0 anterior (no caso do Logan, a economia chega a 16%, também de acordo com a  montadora). A empresa informa que o hatch  faz média urbana de 8,1 km/l com etanol e 11,9 km/l com gasolina. Na estrada, o consumo é de respectivamente 9,5 km/l e 14,2 km/l.
Espaço continua sendo o ponto forte de ambos os modelos da marca francesa. Há boa acomodação para pessoas e carga. Já o  acabamento ainda utiliza muito plástico rígido no  painel e nas laterais.
A direção hidráulica foi substituída por um sistema eletroidráulico. Falando nisso, algo que incomoda é o ajuste da coluna de direção. Quando se solta a alavanca, ela  despenca de uma vez. Não há movimentação no sentido de profundidade.

FAMÍLIA
Além do motor 1.0 de 12 válvulas, que tem bloco de alumínio e pesa 20 quilos a menos que o anterior, a nova família SCe é composta também pelo 1.6 de quatro cilindros e 16V, disponível no Sandero, Logan, Duster e Oroch.
Os dois primeiros já estão à venda. Duster e Oroch têm previsão de chegada na segunda quinzena do mês.
A Renault afirma que este é apenas o primeiro passo da nova família de motores, que está sendo produzida em São José dos Pinhais, no  Paraná. A expectativa é de que ela seja adotada por outros modelos da marca  e da Nissan, que pertence ao mesmo grupo automotivo.