A Nissan confirmou oficialmente a aquisição de 34% das ações da Mitsubishi Motors, o que lhe dá o controle acionário da montadora japonesa. O negócio foi aprovado pelo governo nipônico e está calculado em US$ 2,3 bilhões.
Com essa aquisição, a Renault-Nissan passará a ter um novo membro na aliança, que deve ser chamada de Renault-Nissan-Mitsubishi. O novo grupo terá 10 milhões de veículos vendidos ao ano e disputará a liderança global com Toyota e Volkswagen.
De acordo com Carlos Ghosn, "a combinação de Nissan, Mitsubishi Motors e Renault irá criar uma nova força no mercado automotivo global. Ele será um dos três maiores grupos automotivos do mundo, com as economias de escala, tecnologias inovadoras e capacidades de fabricação para produzir veículos para atender a demanda dos clientes em todos os segmentos de mercado e em todos os mercados geográficos em todo o mundo. "
Ghosn ainda reforçou a importância da nova parceira: " Estamos comprometidos a ajudar Mitsubishi Motors na reconstrução da confiança do cliente. Esta é uma prioridade, tal como nós levamos a cabo as sinergias e crescimento potencial da nossa relação ampliada. "Com operação feita através da Nissan, o grupo franco-nipônico nomeou quatro executivos para o conselho de administração da Mitsubishi, indicando Carlos Ghosn para presidência da companhia.
Ghosn trabalhará diretamente com Osamu Masuko, atual CEO da Mitsubishi nesse período de transição. Várias mudanças na gestão da montadora serão efetuadas a partir de 01 de novembro.
Com essa mudança na constituição do grupo, Ghosn quer ampliar as sinergias e ampliar os horizontes comerciais como um todo. O CEO franco-brasileiro dá a entender que a sinergia será maior entre Nissan e Mitsubishi, uma vez que ambas já trabalham juntas em alguns projetos, mas prevê que Renault e Mitsubishi poderão se entender também.
O foco de Ghosn em termos de mercado são os EUA. O chefão dos franco-nipônicos quer abocanhar uma fatia maior do bolo americano com o reforço da Mitsubishi, que no momento luta para manter-se naquele país. Já a Nissan não tem avançado como o desejado e uma apoiará a outra nessa busca por mais espaço.
Hoje a Mitsubishi tem um interessante lineup de kei cars no Japão, mas a nível global, somente a gama de utilitários esportivos e picapes parece coesa, com Triton e Pajero como seus principais jogadores. Mas, a marca teve de abandonar alguns segmentos, entre eles os de sedãs grandes, picapes grandes e esportivos (cupês e em breve o famoso Lancer Evolution).
A Mitsubishi não ofereceu um sucessor para o Galant e nem mesmo para o Lancer, que em breve ganhará um facelift na China e Taiwan, mas sem grandes promessas em termos comerciais. A aposta da empresa é no segmento de utilitários esportivos, onde os modelos ASX (RVR/Outlander Sport), Outlander e Pajero tem boas vendas.
A promessa é até de um novo Evolution, mas baseado em um crossover. O foco em carros híbridos plug-in também é outra aposta da Mitsubishi para o futuro. Já os compactos Mirage e Mirage G4 são vendidos nos EUA, mas seu foco está mais para os mercados do Sudeste Asiático ao invés de uma ação mais globalizada.
O Colt, retirado da Europa, hoje é um carro quase que exclusivamente de Taiwan. No segmento de elétricos, a marca ainda mantém seu iMiEV, que já não se destaca como no passado, especialmente diante de rivais dos futuros sócios.
Publicado em Veículos na Edição Nº 15745
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