Importado de Craiova, Romênia, o motor EcoBoost 1.0 chega para iniciar uma mudança na filosofia de produto da Ford no Brasil. O propulsor de três cilindros com turbo e injeção direta de combustível é reconhecido e premiado no exterior e agora pode ser experimentado pelo consumidor.
Custando R$ 71.990, o Ford New Fiesta EcoBoost em sua única versão, a Titanium Plus, não sai barato e quem quer provar da tecnologia, terá que pagar um preço alto. Apesar do bom recheio, o compacto premium ainda sente falta de alguns itens, necessários em um carro que já invadiu o segmento médio.
Parte da linha 2017, que agora parte de R$ 51.990, incluindo aí as versões SE, SEL e Titanium Plus, o New Fiesta EcoBoost tem a companhia do motor Sigma 1.6 Flex de até 128 cv, já que o 1.5 saiu das opções para pessoa física. Pouco mais caro que o 1.6 (R$ 70.690), o Titanium Plus “turbinado” vem com a transmissão de dupla embreagem, a chamada Powershift.
Além da força da nova opção turbo, que pode futuramente chegar à versão SEL, o New Fiesta 2017 vem com novo plano de manutenção com três revisões em três anos, totalizando R$ 1.540. Mas, mais do que isso, a Ford introduziu dois pacotes de revisão e garantia.
O que custa R$ 2.500 inclui uma revisão e um ano a mais de garantia. Já o pacote de R$ 3.000 é composto por cinco revisões, ou seja, até os 50.000 km. O valor pode ser pago à vista, parcelado ou financiado junto com o veículo.
Bem equipado, o New Fiesta Titanium Plus com motor EcoBoost 1.0 vem com visual discreto em relação ao topo de linha que todos já conhecem. A única diferença visível é o logotipo “EcoBoost” junto ao nome na traseira. No mais, só o ronco vai denunciar a força extra do modelo.
Entre os itens de destaque, sete airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, assistente de emergência (ligação automática para o SAMU 192), SYNC com AppLink e comandos de voz, entradas USB e Auxiliar, Bluetooth, rodas aro 16, sensor de estacionamento, sensores de chuva e crepuscular, retrovisor eletrocrômico, trio elétrico, faróis e lanterna de neblina, direção elétrica, entrada/partida sem chave, ar-condicionado automático, bancos em couro, piloto automático e computador de bordo.
O que o New Fiesta EcoBoost tem a mostrar está no cofre do motor. Logo ao dar a partida, o ronco do propulsor já se mostra muito diferente daquele que os proprietários do modelo já estão acostumados.
O ronco grave e forte aumenta rapidamente ao se introduzir o pé no acelerador com mais vigor. O ponteiro atinge quase 5.000 rpm antes de cortar e manter. Pouco antes, um “soco” é sentido por todos no veículo. O New Fiesta EcoBoost já mostra muito sem mesmo sair do lugar. Dá para notar também o corte da turbina aos 1.500 rpm.
Durante realização de test drive, pode-se observar bem como se comporta o New Fiesta EcoBoost. A aceleração é a esperada, vigorosa e progressiva, sem vacilos. O ponteiro sobe rapidamente ao se acelerar e a força inicial empurra muito bem o compacto da Ford.
Mesmo em baixa rotação, basta uma pequena acelerada para que os 17,3 kgfm a partir de 1.400 rpm sejam suficientes para que o carro ande com agilidade, sem exigir muito do motor. Com 125 cv, esse 1.0 surpreende pela performance. Retomadas e ultrapassagens não exigem muito do conjunto motriz, que permite uma condução agradável e segura.
O câmbio de dupla embreagem – o Powershift – não sofreu alterações. A Ford nem precisou adaptá-lo para que o casamento com o EcoBoost fosse perfeito. As trocas de marchas suaves e “no ponto” permitem uma condução muito prazerosa, mesmo sem o uso do modo Sport.
A ênfase, no entanto, não é a esportividade e sim a eficiência energética. Para quem quer explorar as marchas, existe a opção de trocas manuais em um botão na alavanca, pouco ergonômico, por sinal. Aliás, nesse modo, o câmbio interfere bastante nas escolhas, especialmente nas reduções.
Por isso, após algum tempo, percebe-se que o propulsor trabalha solto, sem picos exagerados de rotação. Mesmo no modo Sport, que aproveita mais os giros altos, o EcoBoost parece estar sempre com folga e pronto para fazer uma boa média com gasolina, seu único combustível. A Ford fala em 12,2 km/litro na cidade e 15,3 km/litro na estrada. Bons números, que resultaram em nota “A”.
Rodando a 110 km/h, o ponteiro em “D” marca 2.500 rpm. Com isso, o New Fiesta EcoBoost oferece mais conforto ao dirigir e mantém a frugalidade em dia. Como não é um esportivo, o compacto apresenta direção com boas respostas e leveza em manobras, mas sem ser muito direta.
Freios e suspensão também não sofreram alterações, por isso a percepção é a mesma da versão 1.6. O nível de ruído é bom e se o giro alto do 1.6 incomoda alguém, o giro alto do EcoBoost soa como música, especialmente com os vidros abertos, quando o silvo da turbina e a válvula de alivio são perfeitamente audíveis.
No geral, o comportamento do New Fiesta EcoBoost é muito bom. Potência e torque oferecidos estão mais do que de acordo com a tendência downsizing e a performance oferecida reúne sim, o melhor de dois mundos.
O hatch da Ford agora se diferencia dos demais do segmento em busca daqueles que querem tecnologia, performance e economia num pacote único.
Publicado em Veículos na Edição Nº 15647
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