A menor oferta de crédito no Brasil levou o número de financiamentos de veículos leves (automóveis de passeio e utilitários) a cair mais do que o total das vendas nesse segmento em 2016, mostra levantamento da Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos). Enquanto o mercado total caiu 19,8%, para 1,98 milhão de unidades, os financiamentos tiveram queda de 26,3%, para 1,06 milhão.
Com os resultados, a participação das compras financiadas no mercado de veículos leves recuou de 58% em 2015 para 53% em 2016. As vendas à vista também cederam, mas em ritmo mais suave, uma vez que os consumidores de maior renda, que não necessitam tanto de um financiamento para adquirir um veículo, foram menos afetados pela crise econômica.
Executivos que representam as fabricantes de veículos e as concessionárias têm dito que os financiamentos para a compra de carros estão em queda porque os bancos estão mais rigorosos em conceder crédito aos consumidores, devido à percepção de que, com a recessão econômica e o aumento do desemprego, cresce o risco de os tomadores de empréstimo ficarem sem pagar as parcelas.

Venda de veículos novos cai 20,19% em 2016, revela Fenabrave
Na avaliação de Marcus Lavorato, gerente de Relações Institucionais e Inteligência de Mercado na Cetip, que compila os dados das instituições financeiras para fazer o levantamento, os brasileiros também estão menos dispostos a pedir um financiamento.
- Com o desemprego mais alto, menos renda disponível e a população endividada, o apetite ao crédito ficou mais baixo no ano passado.
Incluindo na conta de financiamentos os veículos pesados (caminhões e ônibus) e as motos, todos zero quilômetro, a queda foi semelhante em 2016, de 25,6%. No total, foram 1,74 milhão de unidades. Entre os usados, o recuo é menor, de apenas 2%, para 2 91 milhões de unidades.
O BC (Banco Central), que calcula o volume de recursos direcionados pelas instituições financeiras para financiamentos de veículos, ainda não divulgou o resultado consolidado do ano passado, mas no acumulado de janeiro a novembro, as concessões para pessoa física recuaram 10,9% em comparação com igual período de 2015.