(PALMAS-TO) - O vereador e candidato a deputado estadual, Lúcio Campelo (PR), fez um desabafo na tribuna da Câmara Municipal de Palmas nesta última terça-feira, 3. Segundo ele, há uma divergência, falta de comprometimento e uma terrível falha de comportamento, tanto por parte da classe política quanto da sociedade, no que diz respeito ao processo eleitoral. Divergência pelo motivo de a sociedade exigir da classe política um comportamento que essa mesma sociedade não espelha, quais sejam a retidão, dignidade e o pleno e livre exercício da cidadania através do voto. Lúcio Campelo disse ser este um assunto indigesto para muita gente, mas que precisa urgentemente ser abordado. “Quando você trata do comportamento político de uma sociedade e dos políticos, isso geralmente mexe com os brios de muita gente”, afirmou.
Segundo Campelo, ele constatou no dia a dia de sua campanha, que há uma falta de comprometimento da própria sociedade para com aquilo que ela espera do Estado e de seus representantes. “Vejo como uma situação vexatória o comportamento de alguns políticos dentro de nosso Estado, que buscam o poder pelo poder. Estão fazendo a política do aliciamento, em cima da miséria e da dificuldade que alguns setores de nossa sociedade tem vivido. Políticos que não medem as consequências para obter o voto, que querem o voto a qualquer preço, a qualquer custo, e que estão disseminando por esse Estado uma corrupção eleitoral desenfreada. E a sociedade, em função da sua necessidade extrema se propõe a entrar neste jogo. E lá na frente, depois do dia 5 de outubro, vai ficar reclamando de que o governo é corrupto, de que o governo não faz nada, de que o governo não atende suas necessidades mais básicas nas áreas da Saúde e da Educação e se esquece de que cobrou pra dar seu voto, que vendeu sua dignidade, seu comprometimento político, que negociou seu exercício pleno da cidadania, garantido gratuitamente pela constituição federal. E a sociedade tocantinense, tal qual a sociedade brasileira, está vivendo deste vício, da troca do voto pelo favor. E não há qualquer candidato ou qualquer político que tenha a coragem de vir a público alertar a sociedade sobre este equívoco, que é o de deixar de ter um representante legal para ter um representante corrupto, aquele que comprou seu voto, que lhe fez um favor em detrimento de seu voto”, declarou o vereador da tribuna da Câmara Municipal.
Campelo ainda afirmou que “nossa sociedade precisa começar, urgentemente, a mudar seu comportamento. Essa mudança deverá vir dela para, de fato, exercer seu poder de cobrança no futuro. Tenho dito isso pelos rincões do Estado do Tocantins e tenho sido aplaudido, mas depois encomendo pesquisas nesses locais e constato que irão votar em quem está lhes dando o dinheiro, e que não há nenhum efeito prático nessa infrutífera tentativa de esclarecimento da população. Esse sistema perverso de corrupção através da compra do voto faz com que o Tocantins se enfraqueça. Faz com que o Tocantins deixe de ser de fato o Estado da livre iniciativa e da justiça social, um slogan de um governo passado, mas que deveria servir para todos os governantes, por que esse é o grande desafio do país, esse é o grande desafio do Tocantins”.
O vereador ressaltou o que tem visto em suas andanças pelo Estado. “Eu poderia citar uma infinidade de candidatos a deputado estadual e federal que anda aliciando as pessoas por esse Estado, ‘tomando’ lideranças com base no poder econômico. É isso o que tenho visto por todo nosso Estado, e a sociedade se permitindo a isso, vendendo a sua dignidade em troca de uma falsa promessa de um futuro emprego. Tenho coragem de sobra para enfrentar os tubarões da política do Tocantins nesse processo de desigualdade política que nós estamos vivendo no dia a dia. É preciso que a sociedade se comprometa em exercer sua cidadania pela sua vontade, não pela compra do voto imposta pelos grupos políticos de destaque que hoje disputam essa eleição no Tocantins, isso é ruim para a sociedade. O poder pelo poder, não serve! E o resultado disso nós colheremos no futuro. Nossa sociedade não pode pagar mais esse preço, é preciso que nós possamos construir e reconstruir o Tocantins sem os vícios do passado, sem os apontamentos de dedo, mas viver um Tocantins olhando pra frente, reconstruindo as ações equivocadas do passado num processo de retidão, onde os conceitos e os princípios básicos da família e da política sejam, de fato, mantidos e preservados a bem da sociedade tocantinense e brasileira”.
Campelo finalizou dizendo que a sociedade brasileira perdeu seus conceitos éticos e os princípios básicos de moral e de família. “Estamos vivendo uma falência moral em todos os setores da sociedade. O processo eleitoral é coletivo e esse momento é de defender os interesses coletivos de uma sociedade. Infelizmente nossa sociedade está se pervertendo, ela está trocando o voto por um favor, por uma benesse qualquer e comprometendo os interesses coletivos de todo um País, de todos os Estados da nação”.
Segundo o vereador, a atual situação que precisa ser revista pela própria sociedade, “por isso que todo mundo diz e há o dito popular: a sociedade tem os políticos que merece”, salientou.
Ainda segundo o vereador, o momento de fazer a mudança é esse, “é no exercício da cidadania. E nesse momento precisa ter alguém que tenha a coragem de dizer que a sociedade está vendendo o voto, trocando o voto por um favor qualquer. É claro que não posso generalizar, pois toda regra tem sua exceção, mas, na sua maioria a sociedade hoje é refém de si mesma. É preciso repensar todo este processo, pois isto está deixando a sociedade inerte, incapaz de provocar as mudanças que só ela mesma pode fazer. Se a sociedade não mudar, o político não vai mudar, isso é um engodo. A mudança terá que vir da sociedade, do povo, e não de cima para baixo. Do jeito que está é muito confortável para a classe política”, concluiu.
Publicado em Tocantins na Edição Nº 15098
Vereador diz que político e sociedade “é uma corrupção só”
Lúcio Campelo aponta falência moral do processo eleitoral tocantinense: “Reflexo de uma sociedade moralmente falida”, diz
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