(PALMAS) - “Bendita hora, bendita decisão”, afirmou o governador Siqueira Campos durante a inauguração da primeira Usina de Açúcar e Bionergia do Estado, resultado do investimento da empresa global Bunge, em Pedro Afonso, no final da manhã de quinta-feira, 21. A empresa apostou na abertura da nova fronteira de produção da cana-de-açúcar do país. O Governador afirmou que a implantação da usina é uma resposta da iniciativa privada ao Governo do Estado que, por sua decisão, avalisou a implantação do Projeto Prodecer III em 1997 em Pedro Afonso através de parceria com a Agência Internacional de Cooperação (Jaica) do Japão. Durante o evento, foi assinado um protocolo de intenções entre a Bunge, o Governo do Estado através da Agência Tocantinense de Saneamento, e as prefeituras de Pedro Afonso, Tupirama e Bom Jesus do Tocantins, em que a empresa se propõe a investir em saneamento básico para aquelas comunidades.
Assinaram o documento, o Governador Siqueira Campos, o presidente da Bunge Brasil, Pedro Parente, os prefeitos José Júlio Eduardo Chagas, de Pedro Afonso, Orlei Brito Alves, de Tupirama e Jairton Castro, de Bom Jesus do Tocantins e o presidente da Agência Tocantinense de Saneamento, Edmundo Galdino. Pedro Parente afirmou que a Bunge é uma empresa parceira do poder público para o desenvolvimento da região.
A inauguração da usina da Bunge, trouxe ao Tocantins toda a cúpula da empresa e reuniu o governador Siqueira Campos, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, o embaixador do Japão no Brasil, Akira Miwa, além do presidente mundial da empresa, o brasileiro Alberto Weisser, o presidente no Brasil, Pedro Parente, além de diretores e funcionários que ocupam cargos diretivos e gerência. Para o governador, a inauguração representou um enorme passo para a consolidação do polo de agronegócios em que se tornou a região de Pedro Afonso.
Dirigentes do grupo japonês Itochu, que investe 20% do capital na usina através de joint venture, e transferência de tecnologia na produção de energia elétrica como o vice-presidente executivo Yoichi kobaiashi, também prestigiaram a inauguração. A usina de Pedro Afonso está instalada em área de 94 hectares da fazenda Santa Fé ao lado do km 20 da TO-010, que liga o município a Tocantínia, e é a primeira unidade greenfield da empresa, ou seja, é projetada e construída a partir de uma área livre com base na tripla sustentabilidade que abrange os fatores social, ambiental e econômico. O empreendimento tem como característica a geração de energia elétrica, utilizando o bagaço da cana como fonte de transformação. Até 2012 como primeira fase de processo, tem como meta a produção voltada exclusivamente para o álcool combustível e em uma segunda fase, também produzirá açúcar para exportação e energia elétrica para o mercado nacional. Em 2015 a empresa promete rever os planos de produção. A tecnologia empregada possibilita ainda a utilização de coleta seletiva e aproveitamento dos resíduos de produção como a vinhaça e o bagaço, sendo que o bagaço será transformado em energia elétrica e a vinhaça utilizada como fertilizante nas plantações de cana que a usina possui em seus arredores.
Resultados
“Os resultados do empreendimento são melhores que o imaginado” ressaltou o governador. A empresa que já vinha ocupando um lugar de destaque na economia regional de Pedro Afonso com reflexos em todo o Tocantins, e gerou, com a implantação da usina, 1.500 empregos diretos, outros 3.000 indiretos, com investimentos de 50 milhões na implantação da usina. Dos 1.500 empregos diretos, 1.200 foram destinados à utilização de mão de obra local. O diretor geral da Bunge no Brasil, Pedro Parente, assegurou que a empresa tem uma política de sempre aproveitar de forma mais abrangente a mão de obra nas regiões onde implanta suas unidades de produção.
Prodecer
Desde a implantação do projeto Prodecer III, na segunda metade da década de 90, por iniciativa do então governador Siqueira Campos, o município de Pedro Afonso se tornou uma nova fronteira agrícola com a produção de soja, arroz, café, feijão e milho, com a soja ocupando lugar de destaque. Na cidade, nem a crise por que passou o programa Prodecer, que é um programa de cooperação Nipo-Brasileiro para o desenvolvimento do Cerrado, no início do século, diminuiu o ânimo dos produtores rurais da região. Eles recuperaram a autoestima, formaram uma cooperativa forte, a Coapa - Cooperativa Agroindustrial do Tocantins, que passou a comandar uma verdadeira explosão de crescimento e que, apesar de estar se dedicando à atividade de produção e exportação de grãos, está atenta aos novos rumos de mercado.
Tanto que o gerente de unidade de Grãos, Nelzivan Carvalho Neves, afirmou que a cooperativa movimentou este ano, 73 mil toneladas só de soja em 10 silos com capacidade para movimentar até 60 mil toneladas em espaços programados de armazenamento. O número ultrapassou o Record da cooperativa nos 13 anos de sua existência A cooperativa mantém um contrato de fornecimento de soja para a Bunge, e não teme o avanço da cana-de-açúcar na produção local. As duas culturas, podem coexistir pacíficamente sem causar danos à terra, enfatiza o gerente.
Economia
O município de Pedro Afonso está sentindo os reflexos do crescimento econômico. O valor dos imóveis triplicou, de acordo com o empresário do ramo imobiliário Francisco Leite. Ele lembrou que durante a construção da usina, muita gente veio de todos os estados do Brasil, fazendo o que considera uma verdadeira revolução, consumindo muito no comércio local e elevando preços de alugueis. A construção da usina também acelerou a construção de novos hotéis que passaram a cobrar preços mais elevados.
A também empresária Romilda Lemos afirmou que o fluxo de turistas diminuiu desde 2010 e, terminada a fase de construção, diminuiu a frequência de clientes no comércio. Ela acredita que haverá uma fase de adequação para que os funcionários da usina de açúcar e bioenergia da Bunge voltem a comprar e a movimentar o comércio local. Ela, como vários outros empresários, espera que novos investimentos possam chegar à cidade em breve. Também de olhos na Bunge, há empresários se preparando para investir em lojas especializadas em material de reposição industrial e peças para manutenção de máquinas agrícolas que são utilizadas pela empresa. (Roberto Oliveira em Comunicação)
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