(PALMAS-TO) - Depois de meses de muitas articulações, brigas entre políticos e disputas internas nos partidos, o quadro eleitoral do Tocantins está definido. Depois de um confronto entre apenas dois candidatos em 2010 - Siqueira Campos (PSDB) e Carlos Gaguim (PMDB) -, o Estado terá cinco candidatos a governador nestas eleições. Pelo Palácio Araguaia, os 18 partidos aliados confirmaram na convenção dessa segunda-feira, 30, a candidatura à reeleição do governador Sandoval Cardoso (SD). Pela oposição estão confirmados o ex-governador Marcelo Miranda (PMDB), o senador Ataídes Oliveira (Pros), o professor universitário Élvio Quirino (Psol) e o bancário Carlos Potengi (PCB).
Os principais candidatos tiveram que enfrentar vários obstáculos para viabilizarem seus nomes. Sobre o governador Sandoval, por exemplo, sempre pairou a dúvida se ele realmente seria a opção do grupo palaciano. Isso por conta da renúncia do ex-governador Siqueira Campos (PSDB) em abril, que teria como objetivo garantir o direito de seu filho, o ex-secretário de Relações Institucionais Eduardo Siqueira Campos (PTB), de disputar a sucessão. Eduardo Siqueira acabou abrindo mão do governo e surpreendeu ao anunciar que disputaria vaga na Assembleia Legislativa.
Sandoval tem a missão de superar o desgaste do siqueirismo. O ex-governador deixou o Palácio Araguaia sob muitas críticas. Contudo, desde a posse, seu sucessor vem conquistando popularidade por causa da nova dinâmica que deu à gestão do Estado.
Nesse período, Sandoval conseguiu adesão em massa de prefeitos, vereadores e partidos políticos do Estado. O candidato a vice-governador Ângelo Agnolin (PDT) estimou em seu discurso no encerramento da convenção dos aliados governistas, na noite dessa segunda-feira, que 90% dos prefeitos e dos vereadores do Tocantins estão na campanha de reeleição do governador.
Outra vantagem competitiva apontada pelos aliados do Palácio é que, com os 18 partidos da coalização, a estimativa é de que Sandoval terá cerca de 13 ou 14 minutos de programa eleitoral de rádio e TV à sua disposição.
CANDIDATURAS QUESTIONADAS
O ex-governador Marcelo Miranda tem liderado as pesquisas de intenção de voto e goza de muita popularidade. São os dois pontos que seus aliados apostam que poderão levá-lo à vitória em outubro. Marcelo também conta com grande aceitação entre os servidores do Estado.
Contudo, provavelmente terá sua candidatura questionada na Justiça, uma vez que foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando governava o Estado, e teve as contas de 2009 rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e pela Assembleia Legislativa.
O ex-governador tem defendido desde o início que não está inelegível por conta desses problemas. Segundo ele e seus advogados, a inelegibilidade por causa da cassação pelo TSE vencerá no dia 1º de outubro, e, como a eleição é no dia 5, estará livre para disputar. Sobre a rejeição das contas pelo TCE, o ex-governador defende que não houve dolo, por isso, também não ficará inelegível.
O candidato a vice-governador da chapa do PMDB, Marcelo Lelis (PV), fez uma grande pré-campanha pelo Estado para viabilizar sua candidatura a governador, mas o projeto foi suspenso com a decisão do PT nacional de "indicar" - um nome mais light para "tratoraço" - que o partido se aliasse à candidatura de Miranda. Nessa pré-campanha, o nome de Lelis cresceu e o tornou uma excelente opção de vice.
Porém, ele também enfrenta problemas judiciais, com a manutenção, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), da decisão da Justiça de Palmas de condená-lo a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder econômico, devido a gasto excessivo com cabos eleitorais e distribuição de gasolina nas eleições de 2012, quando concorreu à Prefeitura da Capital.
SEM CRESCIMENTO
O senador Ataídes Oliveira assumiu a vaga no Congresso em dezembro com a morte do titular, senador João Ribeiro, e desde então tenta consolidar sua candidatura a governador. Conforme as últimas pesquisas, não houve crescimento de seu nome na preferência do eleitorado e Ataídes conseguiu poucos partidos aliados - apenas os nanicos PPL, PTN, PMN e PSDC. Apesar das pressões para se aliar ao PMDB, Ataídes resistiu e decidiu encarar a disputa.
Porém, sua candidatura também poderá enfrentar questionamentos judiciais. Quem já avisou foi o próprio procurador-geral eleitoral Álvaro Manzano. Segundo ele, caso não consiga reverter a condenação da Construtora Araguaia no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ataídes não poderá registrar candidatura para as eleições de outubro.
CONSTRUTORA ARAGUAIA
A Construtora Araguaia foi condenada em primeira instância pela zona eleitoral de Palmas e, em segunda instância, pelo Pleno do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-TO) por doação ilegal para a campanha do ex-governador Siqueira Campos (PSDB), nas eleições de 2010. A empresa dirigida pelo senador Ataídes Oliveira fez doações acima do limite permitido para a campanha de Siqueira. "Se ele [Ataídes Oliveira] não conseguir reverter a condenação no TSE até a data do registro de candidatura, continua a inelegibilidade", garantiu o procurador eleitoral.
Já a assessoria jurídica do senador assegurou que ele tem todas as condições de disputar as eleições. Segundo os advogados, o TRE "cassou a sentença na parte em que lhe impunha a sanção de inelegibilidade" e o que ocorreu foi uma irregularidade do PSDB, que recebeu as doações de Ataídes.
DESCONHECIDOS
Já os dois candidatos menores terão que enfrentar um eleitorado que os desconhecem. Assim, o primeiro desafio deles será se fazerem conhecidos da população tocantinense.
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