Lançado oficialmente na manhã dessa quinta-feira, 27, o movimento "Tchau, Marcelo: Impeachment Já" - que visa afastar Marcelo Miranda (PMDB) do cargo de governador - superou as expectativas dos organizadores. É o que afirmou a imprensa o presidente do Sisepe e coautor do pedido, Cleiton Pinheiro. Ele disse que o pedido de impeachment do governador deve ser protocolado na Assembleia ainda na primeira quinzena de dezembro. O texto alega que o peemedebista cometeu crimes de responsabilidade e se utilizou das chamadas "pedaladas fiscais", umas da acusações que levaram ao afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) este ano.
Era previsto o comparecimento de 150 pessoas no evento de lançamento, que ocorreu no auditório do Hotel 10, na Teotônio Segurado, mas o local registrou 250 manifestantes, é o que alega Cleiton Pinheiro. "Nós fizemos o anúncio e deixamos à vontade. A presença foi espontânea e nossa expectativa foi superada", comentou o coautor do pedido de impeachment, que é sindicalista, mas alega enxergar que o movimento já ganhou a adesão de todos os setores da sociedade.

União da sociedade

Na visão de Cleiton Pinheiro, já existia uma série de setores insatisfeitos com a administração do governador, além do funcionalismo público. Ele afirma que esta união começa a acontecer com a criação do movimento "Tchau, Marcelo: Impeachment Já". "A população em si já estava indignada com a gestão. Mas com essa nossa postura de dar esta identidade, fizemos com que a sociedade realmente se manifestar, se posicionar", disse. Com esta constatação, o sindicalista defendeu que o objetivo de atingir grupos fora do funcionalismo foi atingido.
A intenção de ingressar com o pedido de impeachment somente em dezembro deve-se ao fato de o grupo querer angariar apoio de maior parte da população. "Queremos demonstrar é que não é apenas um cidadão que está indignado com as práticas de irresponsabilidade do governador. Nós vamos fundamentar o pedido, mas além disso, dessa demonstração do desrespeito às leis de responsabilidade, queremos mostrar para a Assembleia Legislativa esse este clamor popular, o respaldo da sociedade", comenta.

Argumentação

Cleiton Pinheiro elencou oito motivos para ingressar com o pedido de impeachment, mas destaca-se os atos que o movimento considera serem uma espécie de pedalada fiscal - atraso de repasses de verba com a intenção de aliviar a situação fiscal. Este tipo de movimentação financeira foi uma das razões que levaram o Congresso Nacional afastar a então presidente da República Dilma Rousseff em agosto deste ano.
Entre os pontos que fundamentam o pedido de impeachment de Marcelo estão: a apropriação indevida dos valores consignados no contracheque dos servidores, referentes aos empréstimos consignados, Brasilcard, Plansaúde e mensalidades das entidades classistas; e o atraso constante nos repasses das contribuições ao Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev). De acordo com Cleiton Pinheiro, estes atos podem ser considerados pedaladas fiscais porque o Executivo, apesar de descontar os valores e consequentemente ter os recursos em caixa, não faz o repasse às devidas instituições, postergando uma dívida e maquiando as contas públicas.

"Crimes de responsabilidade"

Completam a lista de argumentação do impeachment a aplicação inadequada dos recursos do Fundo da Educação Básica (Fundeb) e constante atraso nos repasses para o fundo estadual e para os municípios; o desrespeito à Lei Orçamentária Anual (LOA); o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), desrespeitando aos Planos de Carreiras; e ainda o que chamam de caos na segurança pública (falta de efetivo, de combustível, sucateamento das viaturas, péssimo estado das delegacias) e na saúde (falta de todo tipo de suprimento nos hospitais, sejam remédios, gases, luvas e até alimentação).
"Tudo isso é motivo para trazer o impeachment do governador, são crimes de responsabilidade", resume Cleiton Pinheiro, coautor do pedido ao lado do servidor Gustavo Menezes. "Estamos confiantes. Nossa indignação vem desta prática de ilegalidades. A gente pede a união da sociedade em torno do pedido, conseguirmos o máximo de assinaturas, para que a gente possa mostrar para a Assembleia que este pedido tem o respaldo da população", concluiu.
O secretário de Estado da Comunicação, Rogério Silva, que adiantou que o governo ainda não vai se manifestar sobre o movimento que pede o impeachment de Marcelo Miranda. O gestor ainda lembrou que o processo ainda não foi instaurado na Assembleia Legislativa.