Os suspeitos de assassinarem o jornalista de 46 anos Francisco Mateus da Silva Júnior, conhecido por Mateus Júnior, no início do mês, já teriam cometido outros homicídios mas estavam em liberdade. A informação foi confirmada pela titular da Delegacia de Investigações Criminais de Palmas (Deic), Liliane Albuquerque e o delegado adjunto Vinícius de Oliveira Mendes em entrevista coletiva à imprensa, nesta quarta-feira, 21. “São acostumados a matar”, afirmou a delegada.
Cinco pessoas estão envolvidas no assassinato. Braulio Breendon Gonçalves Alencar, 24 anos, Thiago Cruz Alencar, 24 anos e Jackelyne Cleia Araújo Dutra, 19 anos, que foram detidos no dia 7, e deverão continuar presos até o julgamento. Já Ronie Von Pereira da Silva, 20 anos, segue foragido. A namorada de Braulio, Jackeline Ferreira, também é suspeita de ter participado da ação; pois estava na casa da vítima no dia do crime, mas ainda não está detida.
A Polícia Civil não chegou a esclarecer qual dos suspeitos executou o crime, porém, Vinicius Mendes informou que todos envolvidos serão indiciados pelo mesmo delito. “Todos eles que foram implicados e tiveram alguma participação no crime vão receber o mesmo tratamento penal. Nós temos provas robustas sobre a participação deles no crime. Não resta dúvidas”, assegurou o delegado adjunto da Deic.
Os envolvidos no crime, caracterizado pela Polícia como latrocínio (roubo seguido de morte), já possuíam passagens policiais por posse de drogas, furto, receptação e assaltos a residências. Segundo informações apuradas pelo CT, Braulio já havia sido preso no dia 20 de abril por receptação, 17 de junho por posse de drogas e 14 de julho por porte ilegal de arma, mas nesse último pagou fiança e foi solto. Já Ronie Von estava foragido da Casa de Prisão Provisória de Porto Nacional desde o dia 8 de agosto, por assalto a residência. Braulio e Ronie Von teriam atuados juntos nesse crime em Porto e em outros delitos.
Causa da morte
Durante a entrevista coletiva, a equipe de peritos da Polícia Científica que trabalhou no caso da morte do jornalista Mateus Júnior apresentou resultados completos, em três laudos, com os detalhes detalhes das perícias realizadas na residência da vítima, no local onde o corpo do jornalista foi deixado, bem como, a necropsia realizada.
O resultado do laudo médico desmentiu a versão dos envolvidos de que Mateus Júnior teria morrido por asfixia decorrente de problemas respiratórios, após eles o amordaçaram. Na verdade, o Instituto Médico Legal de Palmas (IML) constatou que o jornalista morreu por enforcamento ou estrangulamento com lesão no pescoço, possivelmente com um “tecido torcido parcialmente”.
A família de Mateus contou à Polícia Civil que o jornalista sofria de uma obstrução nasal que dificultava a respiração, mas o médico responsável pela necropsia do corpo, Hélio Rovelson Soares, reforçou que o problema respiratório não teria causado sua morte.
“A questão de eles terem mentido no depoimento, falando que ele teria morrido sozinho, sem a interferência deles, só vai deixar de beneficiá-los”, informou o delegado adjunto Vinicius de Oliveira Mendes.
A Polícia vai analisar a possibilidade de colher novas declarações dos suspeitos para confrontar com os laudos apresentados. Mas, a princípio, a delegada Liliane afirmou que não vê necessidade porque, conforme ela, a prova técnica “fala por si só”.
Resultados da perícia
Segundo o laudo do Laboratório de Análises Forenses não foi constatado vestígios de sangue na casa de Mateus. O parecer técnico da equipe de Crime Contra Patrimônios revelou que os criminosos levaram da casa de Mateus Júnior uma televisão, gêneros alimentícios, roupas e o cartão bancário da vítima, que não chegou a ser movimentado.
Já o laudo da equipe de Crimes Contra a Vida não confirmou que houve luta corporal entre os envolvidos e a vítima e nem tortura, apesar da casa ter sido encontrada em desordem. Porém, a constatação de sulcos no pescoço, lesões nas cordas vocais e uma fratura no lado direita do osso hioide (que também fica localizado na região cervical), relatada pelo médico legista, indica a brutalidade com que o jornalista foi assassinado.
A perícia médica verificou ainda que fios da antena da televisão foram cortados e utilizados para amarrar os pés da vítima, um lençol também foi utilizado para reforçar a imobilização.
Conforme o médico legista, a boca do jornalista estava amordaçada com uma camiseta e havia um hematoma pequeno na sua coxa, mas não haviam marcas nos pulsos. Na interpretação do profissional, isso revela que a vítima não teve as mãos imobilizadas. “Ele não teve nenhum outro sinal característico de que foi agredido com outro objeto”, acrescentou.
Questionado sobre a presença de substâncias tóxicas no local do crime e no corpo da vítima, o superintendente da Polícia Científica, Gilvan Nolêto, informou que como o corpo já estava em avançado estado de decomposição não foi possível coletar materiais para verificar se ele havia consumido drogas ou bebida alcoólica. Já as análises na casa, segundo ele, apresentaram resultados negativos.
Nolêto destacou que a motivação do crime não foi homofobia. “Não foi crime homofóbico, foi crime de latrocínio. Eles estavam em busca de objetos de valor, tanto que eles levaram o cartão de crédito”, ressaltou o superintendente. “Isso ficou bem claro nas investigações, que eles estavam lá para roubar. Eles queriam dinheiro, coisas de valor”, confirmou a delegada Liliane Albuquerque.
Para o superintendente da Polícia Científica, Gilvan Noleto, a integração das equipes foi fundamental para solucionar o caso e “derrubar” os falsos álibis dos suspeitos. “Eles dizerem que foi problema respiratório dele. Definitivamente, não foi. Foi homicídio, com participação múltipla”, ressaltou.
Além das equipes da Deic, e da Polícia Científica, o delegado adjunto Jéter Aires Rodrigues, da 1ª Delegacia de Polícia da Capital colaborou com as investigações.
Participaram da coletiva, os delegados da Deic, o superintende da Polícia Científica, o médico legista, o perito criminal, Cleudson de Araújo Correia, a perita da sessão de Crimes Contra o Patrimônio, Renata Leitão Gomes de Sá e o perito do Laboratório de Análises Forenses, Paulo Henrique W. Teixeira. Os laudos foram entregues à Deic, que ainda nesta semana serão juntados ao processo e encaminhados ao Judiciário.
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