(PALMAS-TO) - O anúncio do governador Siqueira Campos (PSDB) de abdicar do reajuste automático do seu salário, feito à Assembleia Legislativa nessa terça-feira, 13, causou reação dos sindicatos de várias categorias de servidores.
Com o argumento de estar “constrangido” em ser o quinto governador mais bem remunerado do país, com salário de R$ 24.117,00, enquanto a maioria da população vive com baixos indicadores sociais, Siqueira acaba congelando, junto o seu salário, o de todos os servidores públicos estaduais, cujos vencimentos são indexados ao do chefe do Poder Executivo.
De imediato, a medida afeta categorias que já ganham igual ou bem próximo do salário do govenador. Carreiras como as dos médicos, auditores fiscais, procuradores do Estado e delegados de polícia.
Para o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Estaduais (Sisepe), Cleiton Pinheiro, a ação do governador seria, na prática, para não precisar conceder reajustes salariais aos servidores nos próximos anos. “Congelar o salário para poder dizer que não tem dinheiro não é uma boa estratégia. O governo tem que dizer que vai crescer, industrializar o estado, gerar renda”, afirmou.

Médicos
Segundo a presidente do Sindicato dos Médicos do Tocantins (Simed), Janice Painkow, o congelamento do salário do governador prejudica os profissionais que não têm mais como progredir em seus vencimentos e poderá “inviabilizar o atendimento médico no estado”. “Inviabiliza a carga horária trabalhada pelos médicos. Eles não vão querer trabalhar mais 60 horas, se com 40 horas eles ganham o teto. Eles não trabalhar para devolver dinheiro”, disparou a presidente.
De acordo com a presidente do Simed, entre 100 e 150 médicos de carreira seriam diretamente afetados, caso a Assembleia Legislativa acate o pedido do governador sobre o fim do reajuste automático. “O estado ficará com dificuldade em encontrar profissionais”, afirmou, completando que a maioria dos médicos que podem ser afetados pelo congelamento de salários trabalha nas urgências e emergências dos hospitais estaduais.

Delegados
Outra categoria potencialmente prejudicada pela proposta do governador Siqueira Campos, os delegados da Polícia Civil também não veem com bons olhos o congelamento dos salários. Segundo o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Tocantins (Sindepol), Deusiano Amorim, a categoria está preocupada.
“Discordamos desse pedido, que vem nos prejudicar. Já somos uma categoria que está desvaloriza em detrimento de outras e isso é mais uma preocupação para a gente. Vamos acompanhar o trâmite dessa matéria na Assembleia e buscar as medidas para sanar qualquer irregularidade contra a nossa categoria”, advertiu o presidente.