PALMAS - Os sindicatos de servidores do Estado vão se reunir hoje para discutir a decisão do governador Marcelo Miranda (PMDB) de pagar a categoria em quatro parcelas. "Não vamos admitir parcelamento de salários", avisou o presidente do Sindicatos do Servidores do Estado (Sisepe), Cleiton Pinheiro, que ainda avaliou: "O governo começou muito mal; começou, na verdade, com o pé esquerdo".
Para Pinheiro, o governo deveria ter se sentado com os sindicatos para discutir. "Os sindicatos são entidades técnico-consultivas e a decisão foi unilateral", defendeu. Ainda conforme o sindicalista, o Estatuto do Servidor prevê que o salário da categoria deve ser pago em parcela única. "Se o governador mantiver essa decisão, estará descumprindo o Estatuto do Servidor e incorrendo em improbidade administrativa", disse o presidente do Sisepe.  Ele afirmou ter verificado nesse sábado, 3, que o governo tem R$ 360 milhões na conta do Banco do Brasil. "Então, como fala que não tem dinheiro?", questionou. Pinheiro ainda perguntou sobre o dinheiro bloqueado por decisões judiciais em dezembro. "Para onde foi esse dinheiro? O que fizeram com ele? Nós queremos saber", afirmou.
O presidente do Sisepe disse que o novo governo "está mexendo com pais de família". "Temos nossos compromissos, o servidor está endividado, ainda que dentro de seu limite, então, não tem cabimento querer dividir o pagamento em quatro parcelas. Os sindicatos estão indignados", avisou.
Ele ainda criticou uma declaração que atribuiu ao secretário da Fazenda, Paulo Afonso, de que os salários seriam pagos com as parcelas do Fundo de Participação dos Estados (FPE). "O secretário não sabe o que está dizendo porque categorias como saúde e educação têm verba específica para pagamento dos salários, além disso o Estado recebeu R$ 61 milhões de FPE em dezembro. O que foi feito com esse dinheiro?", perguntou.
Pinheiro ainda afirmou querer ver se o governo terá "a coragem" de repassar os R$ 3 mil de auxílio-moradia para os deputados estaduais. "Será que terá coragem de pagar esse benefício aprovado na calada da noite, enquanto parcela nossos salários?", questionou.

Saldo negativo
Já o secretário de Comunicação, Rogério Silva, afirmou que o novo governo recebeu o Estado com saldo negativo em conta. "O dinheiro que está lá é de verba carimbada, não podemos mexer nele, é para projetos e pagamentos previamente definidos", afirmou.
Segundo ele, o governo trabalha para recuperar o Estado atuando em duas frentes: aumento de arrecadação e corte de despesas. Inclusive, reforçou que o Estado vai exonerar todos os comissionados. "E haverá um corte linear de, no mínimo, 20%, e dos que ficarem outros 20% estarão contingenciados, ou seja, haverá a vaga, mas não será possível a contratação neste momento", explicou.
Todos os contratos de servidores também serão revistos e poderá haver cancelamento em definitivo deles, com exceção dos setores que o governo está considerando estratégico: educação, saúde e segurança.
Rogério Silva observou que a folha de dezembro chegou a R$ 261 milhões com uma folha complementar de mais R$ 7 milhões. O secretário ressaltou que nesse valor não estão inclusos os benefícios concedidos pelo governo Sandoval Cardoso (SD). "Que vai gerar um forte impacto financeiro para o Estado", avaliou Silva.
Em outra frente, para aumentar a arrecadação, o secretário avisou que o Estado vai intensificar a fiscalização para coibir a sonegação fiscal.
O secretário de Comunicação Social ressalta ainda que o dinheiro bloqueado pela Justiça foi usado por Sandoval Cardoso para fazer os repasses constitucionais exigidos e que mesmo assim não foi liquidado na sua totalidade. "Sandoval é quem deveria explicar-vos o que ele fez com o repasse do FPE no fim da sua gestão, porque as contas estão zeradas, pior, com saldo devedor".