Pacientes e acompanhantes do Hospital Geral de Palmas (HGP) bloquearam a entrada do centro cirúrgico na manhã de segunda-feira, 29, revoltados com a situação crítica da unidade, de falta de alimentação, materiais, insumos e demora das cirurgias. “Ninguém entra e ninguém sai”, informou uma servidora à reportagem.
Os pacientes reivindicam melhores condições de atendimento, que para eles, com a greve geral dos servidores estudais, ficou ainda mais comprometida. “Eles reivindicam comida, condições, porque ficam todos jogados ali dentro. E não é só no HGP, são em todos os hospitais, a falta de cuidado, a falta de material”, ressaltou a profissional.
Relatos de pacientes e acompanhantes refletem a situação crítica da unidade. O paciente Ailton Alves está há 18 dias no hospital aguardando um procedimento no braço direito que se encontra quebrado. “Nem material para trocar não está tendo”, denunciou.
“Sou pai de família, tenho dois filhos, então os outros estão cuidando porque não me liberaram para ir embora. Falta comida para gente, para os acompanhantes, para as enfermeiras que está medicando a gente. Tem enfermeira que chega até querer desmaiar próximo da gente porque estão passando necessidade”, contou Alves.
Assim como Ailton, outros manifestantes pedem agilidade nas cirurgias e melhores condições, pois alguns pacientes estão há mais de dois meses internados no hospital. “Não sei o que está acontecendo. O hospital não tem remédio, não tem luva, não tem nada, não tem copo descartável. Todo mundo está passando necessidade aqui, de tudo”, contestou uma acompanhante.
Os manifestantes relataram ainda que a partir desta terça-feira, 30, os funcionários da empresa Litucera, que fornece serviço de limpeza, alimentação e rouparia na unidade, entrarão em greve. “Como é que nós vamos ficar sem lençol e sem limpeza?”, questionou um paciente.
Seguranças e a direção do HGP acompanharam a manifestação.
Panelas vazias
No dia 23 deste mês, ficou constatado que mais uma vez pacientes do HGP ficaram sem refeição. O motivo seria o acúmulo de dívidas do governo do Estado com a empresa Litucera Limpeza e Engenharia. No mesmo dia o Ministério Público Estadual (MPE) fez uma vistoria no local e com a situação de “flagrante delito”, os responsabilizados foram encaminhados 1ª Delegacia de Polícia Civil de Palmas.
A Litucera alega ter para receber mais de R$ 70 milhões do Estado, que não reconhece o total dessa pendência. Em razão do atraso nos pagamentos, a empresa ficou inadimplente com os fornecedores em mais de R$ 14 milhões. Por conta do débito acumulado, os fornecedores decidiram parar de abastecer os hospitais com os insumos para produção das refeições.
A alimentação só foi retomada após servidores e acompanhantes e membros das comunidades terem iniciado movimento pedindo doações para as unidades de Saúde. Sensibilizados, alguns empresários e particulares forneceram alguns produtos para que pelo menos os pacientes não ficassem sem comida.
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