Hemerson Pinto

Não houve conflitos, mas foi demorado e trabalhoso. Coordenada pela Delegacia Regional de Segurança de Tocantinópolis e apoiada pela Polícia Militar, a operação, que envolveu dezenas de policiais civis e militares, além do Poder Judiciário, encerrou às 13h45 de ontem o processo que garantiu a reintegração à Fazenda Caracol, no município de Cachoeirinha-TO.
Pouco antes das 7h30, viaturas da Polícia Civil, Polícia Militar Ambiental, além das forças especiais da Polícia Militar do Tocantins, como a Força Tática e o Comando de Operações Especiais, chegaram na pequena cidade distante cerca de 103 km de Imperatriz. A movimentação causou espanto entre os moradores, que das portas de janelas das casinhas simples acompanhavam o comboio seguir em direção à sede da fazenda.
A chegada no local foi tranquila. Porém, do grupo de aproximadamente 110 pessoas que invadiram a propriedade no dia 09 de janeiro, menos de 50 permanecia no local. Eram homens e mulheres, nenhuma criança. Eles ocuparam a casa da sede e os imóveis localizados aos arredores que pertencem à propriedade e eram ocupados por funcionários que deixaram as casas e local de trabalho sob ameaças.
O oficial de justiça que apresentou a Ação de Reintegração de Posse, com decisão assinada pelo juiz José Eustáquio de Melo Júnior, da Comarca de Ananás, conversou durante quase uma hora com os ocupantes da área, que invadiram a propriedade afirmando que a fazenda era improdutiva, enquanto a área possui uma área extensa de plantio de eucalipto, além da atividade de criação de gado.
Ele informou que o grupo tem prazo de cinco dias, a partir de 15 de janeiro, para deixar o local, sob pena de sofrer punições como o pagamento de multas diárias que vão de mil a cinquenta mil reais. Após a leitura da decisão e a eliminação de dúvidas, os ocupantes tiveram as bagagens vistoriadas pela polícia que para entrar em algumas das residências invadidas ou em alguns cômodos precisaram arrebentar portas, já que os ocupantes não apresentaram as chaves.
Nas buscas o representante do proprietário da fazenda e um advogado reclamaram a falta de alguns pertences que podem ter sido subtraídos do quarto do proprietário. Em um dos cômodos, a Polícia Civil encontrou um rifle calibre 44 com sete munições. Os ocupantes não souberam responder sobre a procedência da arma, que também não era da fazenda.
Ao final, quatro homens foram conduzidos até a Delegacia da Polícia Civil de Cachoeirinha, onde prestaram depoimentos e foram liberados. A ação da polícia para garantir a reintegração de posse foi encerrada com uma conversa do Subchefe do Estado Maior, Coronel Queiroz Neto, e do delegado regional Tiago Daniel, com os ocupantes.
As polícias Civil e Militar não acreditam que o grupo faça parte do Movimento Sem Terra – MST e investiga quem poderia estar por trás ou o que poderia ter motivado a invasão. Com os invasores, vários veículos de passeio com placas do estado do Pará, além de motocicletas e caminhonetes, entre elas uma Hillux, o que gerou desconfiança da polícia.