O prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), que está na Espanha, usou o Twitter durante toda a manhã de ontem para se defender da Operação Nosotros, deflagrada contra sua administração nessa quinta-feira, 10, para apurar suposta fraude envolvendo o processo de licitação para construção do sistema de transporte BRT na capital, no valor aproximado de R$ 260 milhões. Amastha garantiu "nada dever" e que sente "vergonha". "Nada devo, nada temo. Sinto vergonha", postou o prefeito.
Ele disse que nunca na vida imaginou "presenciar tamanho monte de barbaridades". "Basicamente me acusam de cobrar dos grandes para favorecer o Gaguim. Pensa?", atacou, em referência ao deputado federal Carlos Gaguim (PTN), empresário do setor imobiliário.
Gaguim acusou Amastha de querer "desviar o foco". "Ele nunca fez nada por mim, nunca pedi nada a ele, nunca tratei de negócios com ele. O prefeito vai ter que responder à Justiça, não para mim. E não pode me envolver com ele porque o próprio Amastha sempre disse que não pertence à velha política, por que agora quer me envolver nos negócios dele?", ironizou o parlamentar, sobre a insistência do prefeito em dizer que não faz parte da "velha política" do Estado.
O deputado aproveitou para voltar a defender que os recursos do BRT sejam aplicados na construção de casas populares. "O Ministério Público Federal tem dito que o BRT está todo cheio de ilegalidades", afirmou.
Resta colaborar
O prefeito ainda disse no Twitter que, diante da operação, lhe "resta colaborar". "Parece denúncia montada dos proprietários das grandes áreas. Esperemos detalhes", postou no início da manhã, antes da divulgação dos detalhes da operação.
Ainda na rede social, Amastha garantiu que "não vão encontrar um erro proposital nas licitações da prefeitura". "Ninguém interfere. Muito menos o prefeito. Respeitamos", afirmou.
Por fim, o prefeito explicou que não postaria nenhuma outra mensagem a pedido do advogado "para não atrapalhar a investigação". Contudo, fez novas três postagens nas quais insiste em que é inocente. "Juro solenemente, pela vida dos meus seres queridos, que nunca procurei nenhum beneficio pessoal nas desapropriações e cobrança de IPTU. Nunca", garantiu.
Amastha lembrou que logo após as eleições de 2012 decidiu não participar de nenhum negócio na cidade. "Nem comprar um terreno, mesmo querendo e podendo pagar", reforçou. "Se encontrarem qualquer evidência contrária às minhas afirmações, não tomarei posse para o segundo mandato. Não entrei na política para roubar."
Entenda
Conforme a PF, estão sendo cumprido 22 mandados judiciais, sendo 10 de condução coercitiva e 12 de buscas e apreensão nos Estados de Tocantins, Paraná e Santa Catarina. Entre as pessoas conduzidas estão o secretário municipal de Finanças, Cláudio Schuller, e o procurador-geral do Município, Públio Borges, além de donos de imobiliárias e donos de terras. Carlos Amastha que sofreu mandato de condução coercitiva não foi conduzido porque está em viagem na Espanha, Diversos servidores públicos também serão intimados a prestar esclarecimentos.
A PF diz ter identificado o repasse de informações privilegiadas da prefeitura a empresas que participaram da concorrência. Em conluio com grandes imobiliárias da região, segundo a corporação, agentes públicos também pressionavam proprietários para que cedessem, a título gratuito, parte de suas terras para pessoas ligadas ao suposto esquema criminoso. Uma das formas de coação, de acordo com a PF, era através da cobrança de altos valores de IPTU desses proprietários.
Na Espanha
Amastha e mais seis prefeitos brasileiros ligados à Federação Nacional de Prefeitos (FNP) viajaram a Barcelona, na Espanha, para participar do Smart City Expo & World Congress, evento internacional que acontece entre os dias 15 e 17 e promove discussões sobre cidades inteligentes, sustentabilidade e tecnologia.
Além de Amastha, compõem a comitiva os prefeitos de Aparecida de Goiânia (GO), Maguito Vilela, vice-presidente da FNP; de Porto Alegre (RS), José Fortunati, vice-presidente de Relações Institucionais; do Rio de Janeiro (RJ), Eduardo Paes, vice-presidente de Relações com o Congresso Nacional; de Divinópolis (MG), Vladimir Azevedo, vice-presidente de Gestão Pública; de Três Rios (RJ), Vinicius Farah, vice-presidente de Desenvolvimento Econômico Local; e de Manaus (AM), Arthur Virgílio.
Os custos da viagem são financiados pelo convênio da FNP com Smart City Expo & World Congress.
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