Com incorporação do PPL pelo PCdoB, as cúpulas regionais das duas legendas agora terão que se entender no Tocantins. O Partido da Pátria Livre é presidido no Estado pelo economista Abraão Lima e os comunistas, pelo médico Nésio Fernandes. Os dois participaram dos congressos das siglas nesse final de semana, em São Paulo, que decidiram pela união.
Lima avalia que a fusão PPL e PCdoB, que acontece depois de as duas legendas não conseguirem superar a cláusula de barreira nas eleições de outubro, vai garantir a sobrevivência de ambos. Sem atingir a votação mínima exigida pela legislação, os dois partidos ficariam sem tempo de rádio e TV e fundos partidário e eleitoral. Para o presidente do PPL, historicamente, os dois partidos têm sua importância, pois “lutaram pela democracia e liberdade dos trabalhadores”.
O presidente do PPL afirmou que a nova lei eleitoral, “de forma autoritária e egoísta”, “sufocou as correntes históricas da luta popular”, ao exigir a também chamada cláusula de desempenho eleitoral, “quando as condições de financiamento das campanhas foram desiguais”. “Os grandes partidos colocaram na lei os recursos do fundo de campanha, somente para as bancadas já eleitas com dinheiro privado e de caixa dois”, reclamou Lima. “Portanto, vamos buscar a sobrevivência no cenário político atual, para continuar a luta libertária. Mas mantemos o movimento Pátria Livre, agora junto com o PCdoB”, avisou o presidente do partido, fundado em abril de 2009.
Contudo, Lima disse que o grupo do PPL não está se tornando comunista. Ele explicou que “não é exigência estatutária ser comunista para se filiar ao PCdoB. “Uma coisa é ser comunista, outra é ser filiado ao PCdoB. Continuamos nacionalista”, garantiu.

Em almoço
A primeira conversa entre PPL e PCdoB do Tocantins já ocorreu durante o congresso dos dois partidos. Lima e o presidente comunista do Estado, Nésio Fernandes, almoçaram nesse sábado, 1º, com o dirigente nacional do PPL Uldurico Alves Pinto, que foi deputado constituinte e tem uma história com o Tocantins.
Médico como Nésio, Uldurico, que foi um dos articuladores da unificação de PPL e PCdoB, atuou em Almas, Dianópolis e Natividade nos anos 1970 e 1980. Ele integrou o Bloco Popular do MDB junto com os militantes do PCdoB, na clandestinidade. O dirigente é ainda pai do deputado federal Uldurico Júnior (PPL-BA).
Sobre o almoço, o comunista Nésio contou que foi “um encontro de convergências nacionais e regionais”. “Inicia-se uma transição no processo de incorporação que se consolidará em março, no congresso de unificação”, afirmou o presidente do PCdoB tocantinense.
Segundo ele, o processo no Tocantins deve seguir em sintonia com o nacional, “sempre respeitando as opiniões e liberdades de cada quadro”.
Nésio contou também que já tem com o economista Abraão Lima “uma amizade e respeito de alguns anos”. “Com o deputado Ivory [de Lira, eleito pelo PPL para a Assembleia em outubro], sempre tivemos uma relação de apreço e respeito”, afirmou. “Vamos construir juntos novas direções municipais e uma nova direção estadual no processo do congresso extraordinário até março. O partido está aberto e sem nenhum tipo de resistência ao processo de incorporação”, garantiu.
Para ele, o PCdoB no Tocantins “passa a ser um instrumento mais forte para defender a democracia e capaz de buscar saídas para a crise e o desenvolvimento do Estado e de nossas cidades”. “Queremos criar pontes de diálogos e de convergências amplas no Tocantins”, projetou o presidente comunista.