(Itumbiara-GO) - O empresário José Edmar de Brito Miranda Júnior, irmão do candidato a governador da coligação “A Experiência Faz a Mudança”, Marcelo Miranda (PMDB), pagou a conta do empresário Douglas Marcelo Alencar Shimtt, de 39 anos, no Athenas Plaza Hotel, em Goiânia. Foi onde Douglas ficou hospedado antes de ser preso em Piracanjuba (GO) no dia 18, com outras três pessoas, quando embarcava num avião particular. O recebido da conta do hotel e o comprovante de pagamento em nome de Júnior Miranda já circulam nas redes sociais. Nessa quarta-feira, 24, vazou também imagem do circuito interno do hotel em que Júnior Miranda e Douglas aparecem juntos na recepção do estabelecimento.
Conforme o recibo, Júnior Miranda pagou seis diárias, dos dias 12 a 17, num valor total de R$ 931,25. O irmão de Marcelo Miranda quitou às 21h29 do dia 17 - véspera das prisões - o débito do homem acusado pela Polícia de ser o líder do grupo preso com mais de R$ 500 mil em dinheiro e 5 quilos de panfletos da campanha do peemedebista.
O proprietário do hotel, Roberto Custódio Batista, já até teria confirmado à imprensa que realmente foi mesmo Júnior Miranda quem pagou a conta de Douglas.
Júnior Miranda sempre rondou o governo do irmão. Mesmo não tendo cargo na gestão de Marcelo, era tido como “homem forte” da administração, de presença marcante e decisiva em várias secretarias, como na Comunicação.
Em fevereiro, a revista Época divulgou que Júnior Miranda está sendo acusado de ter se apropriado do patrimônio do fazendeiro Alexandre Jardim, conhecido como Mamão. A ação tramita na 5ª Vara Cível de Palmas desde o dia 11 de dezembro. De acordo com a revista, Mamão afirma que, em 2004, tinha terras e vacas que valiam R$ 8 milhões. Associou-se a Júnior Miranda, “e o negócio cresceu”. “Juntos, chegaram a ter quatro fazendas e 20 mil reses, avaliadas em R$ 60 milhões”, afirma o jornalista. Mamão diz que, em 2012, vendeu tudo a Júnior Miranda, que lhe deu o calote. Agora o fazendeiro cobra os R$ 8 milhões que tinha antes da sociedade e ainda R$ 2 milhões por danos morais.
Versão enfraquecida
A informação de Júnior Miranda pagou a conta de Douglas enfraquece o discurso de armação que tem sido usado pela campanha de Marcelo Miranda para combater a acusação de utilização de caixa 2. Douglas, Lucas Marinho Araujo, de 22 anos [considerado pela Polícia como o “laranja” que recebeu mais de R$ 1,5 milhão em sua conta poupança da Caixa Econômica Federal, em Piracanjuba]; o motorista Marco Antônio Jayme Roriz, 46 anos, e o piloto Roberto Carlos Maya Barbosa, 48 anos, foram presos no dia 18 pelo Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc), de Itumbiara (GO).
À Polícia, o motorista contou que a caminhonete Hillux usada para transportar o grupo foi alugada pelo PMDB e que ele seria funcionário do partido, o que foi negado pela presidente da comissão interventora no diretório regional, senadora Kátia Abreu.
Lucas, apontado como “laranja”, disse à Polícia ter recebido em sua conta R$ 1.505.900 e que, a pedido de Douglas, transferiu R$ 400 mil para Triple, empresa do acusado de ser o líder do grupo; R$ 288 mil para um tal “Schineder”; e R$ 310 mil para a namorada de Douglas, identificada como “Laís”. Foram sacados os R$ 507 mil apreendidos na mochila de Douglas e R$ 900 ficaram na conta de Lucas.
Depois de dizerem, logo que presos, conforme a Polícia, que o dinheiro era para movimentar a campanha de Marcelo Miranda, os acusados mudaram a versão, após terem tido acesso a advogados, segundo disse o delegado responsável pelo caso, Ricardo Chueire, de Itumbiara.
Assim, Douglas passou a dizer que o dinheiro era resultado de um empréstimo que teria feito junto a uma factoring em Brasília. Ele contou ter recebido da empresa “aproximadamente dez cheques de R$ 100 mil e de aproximadamente dois cheques de R$ 200 mil”, que foram depositados na conta poupança de Lucas Marinho Araújo, na Caixa Econômica Federal.
O delegado de Itumbiara (GO), Ricardo Chueire, afirmou, contudo, na terça-feira, 23, que considera essa versão do empréstimo “fantasiosa” e pediu a quebra do sigilo bancário de todos os envolvidos. “Papel aceita tudo, podem montar um contrato de empréstimo”, disse o delegado, que ainda explicou: “O dinheiro frequentou o sistema bancário, que é o motivo da encrenca. O sistema bancário tem sigilo. Eu preciso de uma quebra judicial para o juiz notificar o sistema bancário. É o único meio hábil”, explicou.
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