Uma policial militar da reserva foi presa em casa por tráfico de drogas durante a Operação Rosetta deflagrada pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (24). Outras 10 mulheres e 2 homens também foram presos. A policial cujo nome não foi revelado, encontra-se recolhida na sede do 1º Batalhão. A Corregedoria investiga o caso. A ação foi desenvolvida nas cidades de Palmas, Araguaína, Aliança do Tocantins, Miracema, Pium e Pedro Afonso.
Segundo informações, os agentes tinham ido até a residência da militar cumprir um mandado de busca e apreensão contra o filho dela, mas acabaram encontrando a policial com drogas na residência. A operação da Polícia Civil teve o objetivo de desarticular a participação de mulheres nos altos cargos administrativos de uma facção de renome nacional responsável por atuação no tráfico de drogas no Tocantins.
Participaram da operação 14 equipes de policiais civis, como a Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado - DRACCO e das Divisão Especializada em Investigações Criminais - DEIC de Palmas, Araguaína e Paraíso, com o apoio da Divisão de Repressão a Narcóticos - DENARC de Palmas e Araguaína, Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa - DHPP de Gurupi, DRACCO, DEIC Palmas, Araguaína e Paraíso, DENARC Palmas e Araguaína, DHPP de Gurupi, Delegacia de Pedro Afonso, em parceria com o Grupo de Operações Táticas Especiais - GOTE.
O nome da operação é referência a Rosetta Cutolo, irmã de Rafaelle Cutolo, chefe da Nuova camorra Organizatta, uma facção criminosa de atuação na Itália.
Rosetta teria orquestrado, em 1978, a fuga de seu irmão de uma unidade hospitalar psiquiátrica com requintes de ficção cinematográfica. Até aquele momento, não se tinha registros da participação feminina em altos cargos de decisão e gerenciamento de organizações criminosas.
Segundo a Polícia Civil, a analogia à operação foi realizada uma vez que as mulheres possuem, todas elas, 'cargos' importantes dentro da facção, gerenciando, ordenando e executando tarefas de relevância.
Elas, assim como Rosetta, são mulheres com características violentas e de mentalidade voltada ao crime, como se realizassem com prazer, suas ações criminosas.
Núcleo Feminino
O delegado Eduardo de Menezes, responsável pela ação, afirmou que o núcleo feminino na organização foi descoberto no ano passado e pregava independência e possuía vários níveis de comando em todo o Tocantins. Segundo o delegado, a ala das mulheres foi identificada no ano passado durante investigações que revelaram um organograma de cargos específicos semelhantes aos geridos por homens, empoderamento feminino, não dependência de homens na gestão de bocas de fumo e distribuição de drogas. Além da comercialização, exclusão e punição de membros, inclusive, o planejamento para a execução de mulheres na facção rival, o que não se consolidou porque elas já haviam sido presas.
Eduardo de Menezes chamou a atenção para o poderio bélico em poder das mulheres do tráfico. "Elas comandavam não só toda a logística de comercialização de drogas, mas também a aquisição de armamento utilizado para ações criminosas e de proteção dos pontos de comercialização",
Hierarquia
Segundo o delegado este é detalhamento do grau hierárquico de cada integrante da facção.
Geral do Estado: Quem dita as ordens no setor feminino, convocando reuniões, decidindo em conjunto com a representação nacional a inclusão e exclusão de novos faccionados. Ela também dá direcionamentos e preside julgamentos de faccionadas ou não, quando infringem algumas das regras.
Salveira do Estado: É quem capta todas as informações em decorrência de fatos relacionados à facção, tais como brigas, inserção ou exclusão de faccionados, relatórios, ordens emanadas e recebidas.
Geral do Cadastro: responsável por uma espécie de setor de RH, com atribuição de gerir o cadastro de todos os seus membros. Cadastro esse que contém, dentre outros dados, a "matrícula" e função exercida pelo integrante da organização. Qualquer alteração em tais dados deve ser informada ao citado setor de recursos humanos.
Geral de Palmas e Araguaína: Responsáveis por repassar as atuações dos demais membros da facção naquelas cidades à alta cúpula da organização.
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