A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (25) a operação 'Carotenóides' para desarticular uma organização criminosa responsável pela lavagem e ocultação do dinheiro fruto da corrupção no Governo do Tocantins na gestão passada de Marcelo Miranda. A quadrilha utilizava-se de laranjas para registro de bens móveis e imóveis.
Aproximadamente 12 policiais cumprem dois mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária, todos expedidos pela 4ª Vara Federal de Palmas, nas cidades de Natividade (TO) e Imperatriz (MA).
Foram presos o ex-secretário e ex-chefe de gabinete de Marcelo Miranda, Elmar Batista Borges, conhecido como Cenourão, e a mulher dele Tatiane Felix Arcanjo.
A investigação teve início com o desdobramento da operação 'Reis do Gado', deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2016 para investigar fraudes em licitações no Governo do Tocantins.
Segundo a PF, esta nova operação visa aprofundar as investigações, tendo como foco o escalão intermediário da organização criminosa composto pelos investigados que figuraram como laranjas nos registros de veículos, assim como procuradores e intermediadores na negociação de fazendas, participando ativamente no processo de lavagem do dinheiro ilícito.
O nome da operação faz referência aos apelidos utilizados pelos laranjas.
ENTENDA
A Operação Reis do Gado foi deflagrada em novembro de 2016 para desarticular um esquema de fraudes em licitações e lavagem de dinheiro por meio da dissimulação e ocultação dos lucros ilícitos no patrimônio de membros da família do então governador do Estado, Marcelo Miranda.
Na época, a PF indiciou 17 pessoas, entre elas o pai do então governador Marcelo Miranda, Brito Miranda, o irmão José Edmar de Brito Miranda Júnior.
O delegado regional de combate ao crime organizado, Cleyber Malta, da Polícia Federal, afirmou que R$ 200 milhões em patrimônio financeiro e de bens da família do ex-governador do Tocantins estiveram em nome de terceiros, entre 2005 e 2012. Segundo o delegado, ao final deste período, parte dos valores teria voltado para a família, "saindo do nome dos laranjas".
A ocultação do dinheiro desviado era feita por meio de transações imobiliárias fraudulentas, contratos de gaveta e manobras fiscais ilegais dentre os quais a compra de fazendas e de grandes quantidades de gado.
"Para se ter uma ideia em relação à lavagem, uma das fazendas foi registrada por R$ 20 mil quando na verdade, na época, estima-se que ela já valia R$ 40 milhões", relatou o delegado.
Segundo a PF, a investigação apontou um esquema de fraudes em contratos de licitações públicas com empresas de familiares e pessoas de confiança do então governador, que teria gerado enorme prejuízo aos cofres públicos.
Em um dos casos foi identificado um contrato de compra de gado cujo volume, segundo a perícia realizada, não caberia sequer dentro da propriedade onde pretensamente deveria estar o rebanho. Essa técnica foi apelidada pelos investigadores como "Gados de Papel".
Em outro caso, um contrato de prestação de serviços entre o governo e uma empresa de transportes aéreos alcançou valores tão exorbitantes que, sendo dimensionadas em horas de voo, obrigariam os aviões a serem abastecidos no ar para que se pudesse suprir o valor integral do contrato.
Comentários