Eduardo Siqueira Campos afirmou em nota, quando o caso foi revelado, que "cabe somente ao delator esclarecer e nominar o que ele mesmo diz"

A Polícia Federal deflagrou nessa quarta-feira a 12ª fase da Operação Acrônimo. Os policias cumpriram mandados no Tocantins e no Distrito Federal. O foco dessa fase, que é um desdobramento das investigações iniciais, são licitações no Detran do Tocantins. Deflagrada em 2015, a operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais envolvendo gráficas e agências de comunicação. A assessoria de imprensa confirmou que o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (DEM), um dos alvos dessa fase, foi levado para depoimento na sede da PF em Palmas.
Foram quatro mandados de condução coercitiva e outros cinco de busca e apreensão. Essa nova fase foi determinada pelo Tribunal de Justiça do Tocantins e é também resultado da delação do empresário Benedito Oliveira Neto, o Bené, apontado pela Polícia Federal como o operador financeiro do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
Bené disse à PF que teria pago propina no valor de R$ 600 mil para o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos em 2012, quando o pai dele, Siqueira Campos, era governador do Tocantins e o democrata secretário de Relações Institucionais da gestão. Além do parlamentar, ainda foi citado o ex-diretor do Detran em 2012, coronel Júlio Cesar Mamede, que também foi conduzido coercitivamente à PF.
Em um trecho da delação, Bené afirma que a propina foi referente a um contrato para confeccionar cartilha para educação de trânsito. "Depois das eleições de 2011, foi apresentado um projeto que tramitava no Departamento de Trânsito do Tocantins (Detran) desde 2009, que envolvia o fornecimento de cartilha de educação de trânsito para o ensino fundamental para um projeto de governo. Foi elaborado projeto básico para distribuição desse material em 2012 e 2013", disse. O dinheiro teria sido entregue a dois funcionários do governo.
Na época, Eduardo Siqueira Campos afirmou em nota através de sua assessoria de imprensa que "cabe somente ao delator esclarecer e nominar o que ele mesmo diz sobre ter pago no ano de 2012, a quem pagou". "Até para que os supostos recebedores possam esclarecer sobre a afirmação e assim descobrirmos se alguém recebeu indevidamente qualquer vantagem e a que título", disse o parlamentar na nota.
Eduardo garantiu que "jamais autorizou qualquer funcionário ou servidor a falar ou tratar sobre qualquer assunto em seu nome, o que restará provado de forma taxativa pela via judicial".

Nota

Após prestar esclarecimentos na superintendência da Polícia Federal em Palmas, nesta quarta-feira, 30, o deputado Eduardo Siqueira Campos (DEM) reafirmou que não foi acusado de ter recebido diretamente qualquer vantagem indevida e que também não crê que qualquer pessoa que tenha com ele trabalhado como agente publico o tenha feito. O parlamentar acredita que a acusação às pessoas citadas são infundadas e que as investigações provarão isso. O deputado disse também que não existem acusações diretas a ele. 
Eduardo Siqueira afirmou também que, enquanto homem público, entende ter a obrigação de prestar esclarecimentos sempre que for solicitado. O deputado  disse que dispensou o acompanhamento de advogado durante o depoimento e que não utilizou o direito de permanecer em silêncio, respondendo prontamente a todos os questionamentos.
O parlamentar disse que o fato não o incomoda e que concedeu acesso irrestrito à sua residência, inclusive fornecendo senhas de seu computador e de seu aparelho celular, para que os policiais pudessem realizar seu trabalho. Os agentes também tiveram acesso a todos os documentos mantidos em sua residência.