(Tocantinópolis-TO) - A equipe do Projeto Memória, Verdade e Justiça no Tocantins visitou as aldeias São José e Serrinha, da etnia Apinajé, o Fórum de Tocantinópolis e entrevistou moradores do município de segunda, 11 a quarta-feira,14, em busca de informações sobre a época do regime militar (1964-1985). Segundo a assessoria do Projeto Memória, Verdade e Justiça no Tocantins (MVJ-TO), durante a visita ao Fórum, eles encontraram documentos do período da ditadura, relatando conflitos agrários com camponeses e processos de demarcação da terra indígena Apinajé.
Além da coordenadora do projeto, Patrícia Barba Malves, estiveram em Tocantinópolis a doutora em Antropologia e especialista em Educação Indígena, Lídia Soraya Liberato Barroso, a professora e doutora em História, Patrícia Mechi, os estagiários Bruno Mendes e Lídio Cabral, e a voluntária Maria Francisca Gomes, os três são estudantes do curso de História na Universidade Federal do Tocantins (UFT).
De acordo com a assessoria, em relação aos documentos encontrados no Fórum, Patrícia Barba explicou que havia informações sobre confrontos entre indígenas e policiais e que os processos mais antigos são de 1982, relatando os momentos finais da ditadura. Ela detalhou que a maioria dos processos não trazem informações de uma ação direta da ditadura, mas fatos que justificam a conduta ruim dos posseiros, comparando-os com Francisco Julião, um dos líderes das Ligas Camponesas.
Conforme a coordenadora do projeto, Patrícia Barba Malves, um dos entrevistados relatou que assim com outras pessoas, ele também foi torturado naquela época. Outro personagem detalhou como era o dia-a-dia da cidade durante o regime e expôs casos de camponeses presos. Os dois entrevistados contaram situações de conflito agrário e lembraram da atuação do padre Josimo Tavares (assassinado em 10 de maio de 1986, em Imperatriz), que se opunha ao latifúndio e a expulsão dos camponeses de suas terras. A assessoria disse ainda, que naquela época, ações contra a expansão de latifúndios e ajuda a resistência camponesa era considera ato revolucionário e até terrorista. No período da ditadura, qualquer forma de organização política que questionasse o Estado era vista como uma ação criminosa.
A equipe já visitou os municípios de Xambioá, Araguaína, Porto Nacional, Paraíso do Tocantins, Pedro Afonso, Guaraí, Natividade e Dianópolis em busca de informações que esclarecessem os episódios de violação de direitos humanos ocorridos no Tocantins durante o Regime Militar.
Projeto
De acordo com a assessoria, o projeto é uma realização do Centro de Direitos Humanos de Palmas (CDHP) em parceria com o curso de História da UFT e apoiado pelo Ministério da Justiça – Comissão de Anistia, através do edital Marcas da Memória. O CDHP é um dos articuladores e membro do Comitê por Memória, Verdade e Justiça do Tocantins, desde 2011, com o objetivo de auxiliar a Comissão Nacional da Verdade a divulgar os crimes cometidos pelo Estado contra a população, no período da ditadura. Segundo eles, a meta do projeto é tornar público documentos relativos à ditadura militar no Tocantins, além de resgatar a memória de pessoas que sofreram o impacto da repressão na época.
Comentários