Em Portugal o destino mais comum dado pela indústria de celulose à casca de eucalipto tem sido a sua utilização na queima como biomassa para produzir energia. Mas pesquisadores da Universidade de Aveiro anunciaram um novo processo simples e eficaz que extrai compostos bioquímicos destes resíduos e reutiliza para uso farmacêutico e alimentar.
Com este processo de extração de compostos, patenteado pela universidade, passa a ser possível extrair em cada 100 quilos de biomassa cerca de um quilo de extrato bioativo, quantidade que pode alcançar valores entre as centenas e os milhares de euros, consoante a pureza.
A descoberta deste novo processo é fruto de pesquisas que iniciaram há 12 anos, com a descoberta por uma equipe do departamento de química, de que a casca do eucalipto é rica em ácidos triterpénicos usados pelas indústrias farmacêutica e alimentar. “A casca de eucalipto é um resíduo vegetal abundante, que contém este conjunto de compostos de elevado valor acrescentado, e cuja exploração pode ser realizada de forma integrada com o processo industrial de produção de pasta de papel”, comenta um dos responsáveis do projeto, Carlos Manuel Silva.
O método de extração e purificação dos ácidos triterpénicos da casca de eucalipto, já patenteado pela universidade, se baseia em processos de separação típicos e bem conhecidos da engenharia química e não requer solventes nem condições de operação especiais ou estranhos à realidade industrial.
Quanto às aplicações dos ácidos triterpénicos, o coautor do estudo Armando Silvestre, refere a cosmética, a nutrição humana e animal e a indústria farmacêutica. Ao nível farmacológico, vários estudos publicados na literatura mostram que os ácidos triterpénicos existentes na casca do eucalipto possuem importantes propriedades bioativas. É o caso dos ácidos ursólico, oleanólico e betulínico.