Gerou revolta nos policiais militares do Tocantins a operação no 8º Batalhão da Polícia Militar de Paraíso, que resultou na prisão de dois militares, na tarde dessa terça-feira, 18, pela Polícia Civil da cidade, acompanhada de um promotor de Justiça. Eles cumpriram na corporação local mandados de busca e apreensão. Os dois PMs tiveram prisão preventiva determinada pela Justiça de Paraíso. A operação da PC e Ministério Público Estadual levou o nome de operação "Fructus Putres", do latim Frutos Podres.
Conforme a Secretaria de Segurança Pública (SSP), foram cumpridos mandados de busca e apreensão também nas residências dos investigados. A SSP informou que foram localizadas e apreendidas substâncias entorpecentes, bem como outros materiais. Ainda segundo a nota, as buscas foram acompanhadas por membros do Comando-Geral e da Corregedoria da Polícia Militar, informação que a comando-geral negou.
De acordo com a SSP, as investigações continuam em grau de sigilo, motivo pelo qual não serão divulgadas maiores informações. Após a conclusão dos trabalhos policiais, será emitida nota com o resultado das investigações.
Revolta e indignação
"O clima na corporação é de total revolta, de total indignação", afirmou um militar, que preferiu não ser identificado.
Segundo ele, o 8º Batalhão ficou com os portões fechados por quatro horas, sem que ninguém pudesse entrar ou sair. A sala da P2 foi toda revistada, bem como viaturas. "Foi uma agressão à instituição Polícia Militar", avaliou a fonte.
A questão aí, conforme militares ouvidos, não foi o cumprimento da ordem judicial, mas a forma de execução, sem qualquer comunicação ao comando e nem o acompanhamento dele. É isso que diz também nota interna do comandante-geral da PM, coronel Glauber de Oliveira Santos, aos policiais militares. "Em primeiro lugar, não discutiremos o mérito das ações, até por que a Polícia Militar tem interesse em apurar quaisquer suspeitas referentes ao seu efetivo e sempre colaborará nesse sentido. Contudo, não concordamos e nunca concordaremos com a forma que o cumprimento dos mandados foi realizado", ressaltou o comandante.
Conforme o coronel, "diferente do que foi divulgado, não foi oportunizado o acompanhamento adequado da ação desde o início".
O comandante diz que já está tomando "providências no sentido de não permitir que ações como essas de afrontamento direto a nossa instituição voltem a ocorrer". "Determino e conclamo a todos que não baixem suas cabeças diante do ocorrido e que continuemos como sempre, prestando um trabalho de excelência em defesa da sociedade tocantinense", conclui o coronel.
Confira a íntegra da nota interna
do comandante-geral da PM:
"Policiais Militares Tocantinenses,
A respeito do cumprimento de mandados na sede do 8º Batalhão em Paraíso, ocorrido na tarde de terça-feira, 18:
Em primeiro lugar, não discutiremos o mérito das ações, até por que a Polícia Militar tem interesse em apurar quaisquer suspeitas referentes ao seu efetivo e sempre colaborará nesse sentido.
Contudo, não concordamos e nunca concordaremos com a forma que o cumprimento dos mandados foi realizado.
Diferente do que foi divulgado, não foi oportunizado o acompanhamento adequado da ação desde o início.
A Polícia Militar do Estado do Tocantins é reconhecida pelo seu respeito com as pessoas e instituições sempre buscando salvaguardar o direito de todos. Em todos esses anos, nenhuma instituição foi afrontada por essa valorosa corporação. Dessa forma, exige que seja tratada com o mesmo respeito.
Informamos ainda que já estamos tomando providências no sentido de não permitir que ações como essas de afrontamento direto a nossa Instituição voltem a ocorrer.
Determino e conclamo a todos que não baixem suas cabeças diante do ocorrido e que continuemos como sempre, prestando um trabalho de excelência em defesa da sociedade tocantinense.
Glauber de Oliveira Santos - CEL QOPM
Comandante Geral da PMTO"
Confira a íntegra da nota da SSP sobre a operação:
"A Secretaria da Segurança Pública informa que a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual deflagraram, na tarde da última terça-feira, 18, em Paraíso do Tocantins, a operação "Fructus Putres", do latim Frutos Podres, ocasião em que foi dado cumprimento a dois mandados de prisão preventiva expedidos em desfavor de Policiais Militares.
Além disso, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas residências dos investigados e também em setores do Batalhão da Polícia Militar em Paraíso do Tocantins, onde foram localizadas e apreendidas substâncias entorpecentes, bem como outros materiais.
As buscas foram acompanhadas por membros do Comando Geral e da Corregedoria da Polícia Militar.
As investigações continuam em grau de sigilo, motivo pelo qual não serão divulgadas mais informações.
Após a conclusão dos trabalhos policiais, será emitida nota com o resultado das investigações".
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