(BRASÍLIA-DF) - Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL/AP), Pedro Simon (PMDB/RS) e Pedro Taques (PDT/MT) e os deputados Rubens Bueno (PPS/PR) e Ônix Lorenzoni (DEM/RS) entregaram na quarta-feira, 22, ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, uma representação solicitando que haja continuidade das investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira – que investiga indícios de crimes nas relações de Carlos Augusto Ramos (Carlinhos Cachoeira) com agentes públicos e privados.
A representação, conforme a Procuradoria, é uma “reação” dos parlamentares ao relatório divulgado pelo deputado Odair Cunha (PT) nesta semana. No documento entregue ao Ministério Público Federal (MPF), os deputados e senadores citados requerem que o MPF - “com base nas provas e indícios, frutos do trabalho desenvolvido pela CPMI e constantes da presente representação” - requisite a abertura de inquérito para aprofundar as investigações, “promovendo os indiciamentos que julgar necessários, em relação às condutas”, dentre outros, do governador Siqueira Campos (PSDB), do secretário de Relações Institucionais, Eduardo Siqueira Campos (PSDB), do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT) e da deputada estadual, Solange Duailibe (PT).

Confira abaixo as considerações finais da representação ingressada
Sobre Siqueira Campos, os parlamentares querem que seja investigado por suposto cometimento dos crimes de corrupção passiva, prevaricação, condescendência criminosa, formação de quadrilha, emprego irregular de verbas ou rendas públicas, assim como fraude em licitação, atos de improbidade e outros delitos nos âmbitos penal, administrativo e eleitoral. Já com relação a Eduardo Siqueira, a representação pede que seja investigado o suposto cometimento dos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha, fraude em licitações, atos de improbidade e outros delitos.
A Raul Filho, por sua vez, os deputados querem investigação do suposto cometimento de crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha, prevaricação, condescendência criminosa, emprego irregular de verbas ou rendas públicas, irregularidade em dispensa de licitação, atos de improbidade entre outros. Por fim, sobre Solange Duailibe, os parlamentares pedem que seja investigado o suposto cometimento dos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha, prevaricação, condescendência criminosa, e de atos de improbidade referentes a prejuízos ao erário, entre outros.
Na representação, à frente do nome de cada um dos políticos que tiveram pedido de investigação pelos parlamentares está presente um texto com o que seriam, conforme a representação, as razões para justificar o pedido. Segue o que a representação aponta sobre cada um dos tocantinenses:
José Wilson Siqueira Campos, governador do Estado de Tocantins, teria recebido R$ 3.000.000,00 como doação de campanha de Rossine Aires Guimarães, proprietário da Construtora Rio Tocantins – CRT, e apontado pela Polícia Federal como sócio de Carlos Cachoeira. Desde o início do mandato de Siqueira Campos, a CRT recebeu aproximadamente R$ 89.000.000,00. O governo de Tocantins também firmou, com a Delta, contrato no valor de R$ 14.695.596,17, sem licitação, para a manutenção de rodovias. Deve ser investigado pelo suposto cometimento dos crimes de corrupção passiva, prevaricação, condescendência criminosa, formação de quadrilha, emprego irregular de verbas ou rendas públicas, assim como do crime tipificado no art. 90 da Lei nº 8.666, de 1993, e de atos de improbidade previstos no art. 10 da Lei n° 8.429 de 1992, e outros delitos nos âmbitos penal, administrativo e eleitoral.
Eduardo Siqueira Campos, secretário de Relações Institucionais do Governo do Estado de Tocantins. Filho do governador do Estado, é apontado nas gravações em poder da CPMI como o elo entre a Delta Centro-Oeste e o governo do Estado de Tocantins. Teria recebido dinheiro e favores de Cláudio Abreu para, em troca, facilitar a contratação da Delta em obras públicas. Também merece atenção a existência de contratos do governo do Estado com a agência Ginga Rara, que tinha funcionamento na casa do filho do governador e recebeu, às vésperas da eleição, a quantia de R$ 245.000,00 de Cláudio Abreu. Deve ser investigado o suposto cometimento dos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha, fraude em licitações tipificado no art. 90 da Lei nº 8.666, de 1993, assim como de atos de improbidade previstos no art. 10 da Lei n° 8.429 de 1992, e outros delitos nos âmbitos penal, administrativo e eleitoral.
Raul de Jesus Lustosa Filho, prefeito de Palmas – TO, aparece em vídeos durante o período de sua campanha para a prefeitura de Palmas, pedindo contribuição financeira a Carlos Cachoeira, sugerindo que, uma vez eleito, poderia auxiliar em contratos nas áreas de interesse do grupo de Cachoeira e da Delta, como transporte e limpeza urbana. Ainda em seu primeiro mandato, contratou a Delta para realizar a limpeza urbana sem licitação. Foram detectados depósitos efetuados por empresas “laranjas” ligadas a Carlos Cachoeira no valor total de R$ 220.000,00 na conta de uma assessora de sua esposa, a deputada Solange Duailibe. Deve ser investigado o suposto cometimento de crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha, prevaricação, condescendência criminosa, emprego irregular de verbas ou rendas públicas, assim como do crime tipificado no art. 89 da Lei nº 8.666, de 1993, e de atos de improbidade previstos no art. 10 da Lei n° 8.429 de 1992, e outros delitos nos âmbitos penal, administrativo e eleitoral.
Solange Duailibe, deputada estadual pelo PT de Tocantins e esposa do prefeito de Palmas, teve uma de suas assessoras mencionada nas investigações por receber R$ 220.000,00 de empresas ligadas a Carlos Ramos Cachoeira. Deve ser investigado o suposto cometimento dos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha, prevaricação, condescendência criminosa, e de atos de improbidade previstos no art. 10 da Lei n° 8.429 de 1992, e outros delitos nos âmbitos penal, administrativo e eleitoral.